Estamos todos juntos nisto. Juntos, mas o mais afastados possível, diga-se. Encontrámos, esta manhã, numa das redes sociais desta sociedade, agora pandémica graças ao coronavírus, alguém que afirmava que “O amor é sempre a resposta, especialmente agora. Só temos é de nos amar a um metro de distância”.
É irónico que numa altura em que nos devemos manter o mais unidos possível, seja altamente recomendável que asseguremos uma certa distância de segurança, que tanta estranheza nos causa. Se há coisa que este vírus nos veio ensinar é que o distanciamento social não significa desconexão emocional, bem pelo contrário.
Mas há quem tenha dúvidas em relação a esta premissa. Daí a necessidade demasiado óbvia para este artigo. Sem julgamento ou crítica destrutiva implícita, a verdade é que muito se tem visto na comunicação social exemplos de quem desrespeite em larga escala a necessidade urgente de evitar aglomerados.
O que também é verdade, é que circula muita desinformação por aí. O que aliada às chamadas fake news torna difícil ao olho humano detetar o que é realidade ou fantasia – apocalíptica ou de facilitismo extremo. Daí a importância de recorrer sempre a fontes fidedignas de informação e a instituições, nacionais ou internacionais, que nos ofereçam diretrizes úteis e adaptadas à realidade vigente.
Mas afinal porque é que é tão crucial para todos cumprirmos a recomendação – ou obrigatoriedade para alguns – de distanciamento social? Em primeiro lugar é necessário perceber do que estamos a falar. Acompanhe.
A contenção social refere-se a todas as medidas que visam minimizar o contacto entre indivíduos, saudáveis ou infetados.
Principais formas de contenção social
• O distanciamento social. Preservar-se de aglomerados populacionais, ao evitar por tudo o contacto com outras pessoas. Manter pelo menos um metro de distância (3 passos) entre o próprio e alguém, especialmente se apresentar sintomas como tosse e espirros;
• O isolamento. No caso de doentes ou suspeitos com a infeção, esta separação ou confinamento pode ocorrer em unidade hospitalar, no domicílio ou outro. Tudo depende da fase da pandemia e do agravamento do quadro clínico. Para os restantes, recomenda-se, no momento, que se resguardem em casa o máximo que consigam e lhes seja permitido;
• A quarentena. Indicada para quem esteve em contacto próximo com casos de Covid-19, mas que se mantenha assintomático. Deverá, pois, respeitar os 14 dias (o período de incubação desta doença infecciosa) de isolamento, a contar a partir deste último contacto;
• O encerramento de estabelecimentos/serviços, públicos ou privados. Como escolas e universidades, restaurantes e bares, superfícies comerciais, ginásios, cabeleireiros, cinemas, praias, parques, etc.;
• O cancelamento de eventos em massa. Como concertos de música, jogos de futebol, peças de teatro, desfiles de moda, festas, palestras, casamentos, funerais, entre outros.
A importância do distanciamento social
No fundo, todas as medidas referidas acima se interligam, pelo que as suas definições são permeáveis umas às outras. E por que é que as mesmas importam tanto? Duas grandes razões. Em primeiro lugar pela idiossincrasia do próprio vírus, numa ode ao afastamento das possibilidades de contágio, e em segundo lugar para não sobrecarregar instituições de saúde. Senão veja.
Já deve ter ouvido falar – mas queremos contemplar todas as hipóteses – de que a Covid-19 é uma doença infecciosa causada pelo recém-descoberto coronavírus. Um serótipo novo de uma família de vírus, que apareceu na China, no final do ano passado.
A sua facilidade de contágio é do que mais tem preocupado os organismos internacionais e foi o que possibilitou a sua disseminação em larga escala, um pouco por todo o mundo. Já que vivemos interligados naquela que é chamada de aldeia global, este era o cenário mais temido. Tornado agora realidade.
A transmissão entre pessoas ocorre através da inspiração de microgotículas emitidas pelos doentes infetados, por tosse e espirros, por exemplo. Estas gotículas aterram também em superfícies ou objetos em redor da pessoa – permanecendo aí durante horas ou até dias, dependendo de condições como o tipo de material, a temperatura ou a humidade.
Quem está saudável, ao tocar aqui e levar as mãos à boca, nariz e olhos corre o sério risco de ficar infetado. Tem-se então também a problemática das mãos contaminadas. Já imaginou o perigo? Daí a importância de todas as medidas protecionistas como uma higienização regular, a etiqueta respiratória e, ora bem, o distanciamento social.
Mas há outra razão que se prende com as instituições de saúde. Sem as medidas de proteção devidas, o número de pessoas a necessitar de cuidados médicos excederia a capacidade do sistema de saúde (curva acentuada), ao passo que com a contenção devida o mesmo não aconteceria (curva achatada). Desta forma, pretende-se o achatar da curva. Como pode se pode verificar pelo gráfico que lhe mostramos.
O que aconteceria, numa situação extrema, perto do que Itália está a viver, é que os cuidados de saúde não chegariam para todos, ao nível de recursos humanos e físicos como por exemplo os ventiladores de que todos falam.
Ter-se-ia de optar por quem receberia ajuda médica, o que por si só já é um cenário aterrador o suficiente. Assim, em vez de estarmos a proteger os grupos de risco como os idosos e pessoas com doenças preexistentes, estaríamos em tudo a colocá-los em risco. São os nossos avós, pais, tios, familiares afastados, vizinhos, mas também rostos desconhecidos que merecem em tudo o nosso zelo. Só assim a união faz realmente a força.
Deste modo, não fique consternada por estar a faltar ao aniversário da sua melhor amiga, ao nascimento do seu sobrinho ou a perder mais um dia de sol. Estará, efetivamente, a salvar vidas. Para além do mais, há muitas formas de nos conectarmos, especialmente graças à tecnologia, pelo que melhor altura do que esta para exponenciar ao máximo o seu nível de criatividade?
A Saber Viver já lhe havia indicado, não só, formas de se manter ocupada em casa, mas também como pode ser solidária, nesta época de crise. O principal é, sem dúvida, não propagar informação falaciosa, estar atenta a todos os sinais – do corpo e do mundo – e, claro, manter o distanciamento social, resguardando-se o mais possível em casa. Não se esqueça que há quem não se possa dar a esse luxo.
Protegendo-se a si e ao próximo, que no fundo somos todos nós. Tudo isto, obviamente, sem entrar em pânico. E já sabe, esteja atenta a organismos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Direção-Geral da Saúde (DGS), e recorra à linha Saúde 24 se sentir essa necessidade, tendo sempre o cuidado de não sobrecarregar nada nem ninguém, sem a devida urgência. Por fim, acompanhe em direto o quadro real da pandemia aqui. Estamos juntos.