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Editorial de outubro: Regresso ao passado

Editorial de outubro: Regresso ao passado

As palavras da diretora da Saber Viver na edição de outubro da revista.

Por Set. 28. 2023

Papel, vinil, polaroid, vintage, retro, artesanato, tradição… Não, não comprou uma edição antiga da Saber Viver, muito pelo contrário! Apesar de ter usado palavras que nos remetem de imediato para memórias passadas, a verdade é que elas estão cada vez mais presentes nos nossos dias.

E desengane-se se pensa que fazem parte apenas do vocabulário de quem tem mais de 40 anos. Na verdade, sem que isso signifique “voltar as costas” ao mundo digital, não param de surgir movimentos contracorrente que conseguem tornar trendy hábitos antigos.

Há um interesse crescente no regresso aos clássicos, ao que é palpável, ao físico, ao toque, e uma certa vontade de matarmos saudades daquilo que mais marcou a nossa infância e adolescência e que, sabemos, está relacionado com
momentos em que mais se desfrutava das coisas simples da vida. Isto faz sentido para si?

Nem os millennials ou a geração Z escapam a esta febre de regresso ao passado, aliás eles estão entre os grandes consumidores de vinil, das peças de decoração vintage ou da moda retro
Tânia Alexandre, diretora Saber Viver

Parece sentir-se uma espécie de nostalgia e valorização do antigo, do usado, do ‘velho’, do ‘cru’ e do ‘sem filtros’, como o prazer de ouvir um disco em vinil com aquele ruído de fundo e sentir uma certa tensão ao mover a agulha para tentar acertar na faixa seguinte; o imortalizar em fotografia dos momentos mais especiais das nossas vidas, deixando-as assim ‘despidas’, sem a tentação de colocar filtros, editar ou repetir vezes sem fim até que fique perfeita; o prazer de nos sentarmos numa livraria a ler ou folhear uma revista sem pressa, enquanto se sente o cheiro e o toque do papel; o voltar a vibrar com sonoridades de bandas antigas; ou até mesmo o tornar a usar acessórios e roupas de inspiração vintage que tão boas memórias nos trazem…

Revê-se nesta saudade? Acredite que não é a única! E, calma, não está a ficar “velha”, apenas saudosista.

Na verdade, nem os millennials ou a geração Z escapam a esta febre de regresso ao passado, aliás eles estão entre os grandes consumidores de vinil, das peças de decoração vintage ou da moda retro.

Além disso, o amor renovado pelos livros em papel já é algo cool e até tendência viral do TikTok! Outro reflexo disso, é o revivalismo das séries clássicas que não têm apenas como audiência as pessoas com mais de 40 anos.

A minha filha e as amigas, por exemplo, tornaram-se as maiores fãs de Friends, e nem sequer eram nascidas na altura em que a série surgiu.

O que pode encontrar nas páginas da Saber Viver de outubro (nas bancas)

Assim como os millennials e a geração Z, também as marcas estão atentas a esta nostalgia: daí que, da moda ao lifestyle, seja notório este retorno, tornando tudo o que é vintage uma das maiores inspirações.

Agora, serão estes sinais reflexo da necessidade de o ser humano precisar do toque, de sentir texturas, de contacto presencial, de humanização, numa sociedade cada vez mais mergulhada no digital? Será este regresso dos clássicos muito mais do que a renovação dos hábitos ou um matar de saudades?

Terão estes sinais de valorização do antigo influência na forma como a sociedade encara o envelhecimento e a passagem do tempo? Será tudo isto uma forma de trazer mais profundidade e sentido ao presente?

Foram estas e outras questões que serviram de mote para o tema principal desta edição: Velho é o novo jovem, que pode ler na página 48. Boas leituras!

A edição de outubro da Saber Viver já está nas bancas, num local perto de si.