Kelly Bailey: “No dia a dia, sou essa tela em branco, descomplicada, que se satisfaz com as coisas mais simples da vida”
Kelly Bailey não esconde que o seu equilíbrio está em viver o presente, saborear os prazeres da vida, ter tempo para conhecer o mundo e desfrutar da família e do amor, e, em simultâneo, desejar e ansiar por tudo o que está para vir: o mistério e a imprevisibilidade dos dias e do futuro. Kelly: a mulher, a atriz, a it girl e a cool mom. Vamos conhecê-la com mais detalhe…
As Carpintarias de São Lázaro, um espaço de artes e cultura, em Lisboa, foram o cenário escolhido para dar palco a Kelly Bailey. Tal como a metamorfose de uma obra de arte, também a atriz aceitou o desafio e foi assumindo várias peles, personagens, ideias e emoções…
Neste shooting, mais uma vez nos deslumbraste com este teu lado camaleónico, de facilidade com que vestes num ápice várias personagens e emoções. Do lado mais dramático ao fun, do romântico ao irreverente, da fragilidade à ousadia. Tantas Kelly(s) numa só! Mas quem é a Kelly quando ninguém está a ver?
É precisamente isto que eu amo no meu trabalho, poder em segundos vestir várias personagens. Mudar alguns acessórios e dar tudo de mim para interpretar várias Kelly(s). Acho que, no dia a dia, sou essa tela em branco, descomplicada, e que se satisfaz com as coisas mais simples da vida. Gosto de viver de forma leve e tento mesmo aplicar esse mood em todas as áreas da minha vida.
Quais foram as lições mais valiosas que a tua carreira te tem proporcionado?
Não me canso de dizer, a experiência de poder contracenar com vários atores e ser dirigida por equipas tão diferentes é de uma riqueza enorme. Aprendo imenso com todos, não só em termos profissionais e na construção das minhas personagens, mas para a minha vida. Ter acesso a tantas realidades faz-me ter sempre os pés na terra.
No teu trabalho, o que é que verdadeiramente te apaixona?
A transformação. Poder transformar-me noutra pessoa, viver uma vida de uma forma completamente diferente, sentir e interpretar temas como se fosse outra pessoa. A câmera liga e eu sou outra coisa. É fascinante!
Como é que defines a tua forma de ver, sentir e usar roupa. Segues as tendências ou vestes o que te apetece?
Não posso dizer que não sigo tendências, até porque gosto muito de moda e de estar atualizada. Mas sinto que é também um estado de espírito e que depende muito do dia e do acontecimento. Adoro “brincar” com roupa e acessórios!
Nesta edição de maio, entre outros temas, falamos dos desafios da maternidade, dos receios, da descoberta do que é ser mãe, das inseguranças com o nosso corpo, etc. E, claro, também referenciamos a importância e necessidade de se falar mais destes temas. Concordas que ainda existe um certo tabu em falar de alguns temas da maternidade?
Concordo que é importante ajudar a desmistificar, esclarecer dúvidas e falar de todas as experiências, normalizar todas elas. As boas e as más. Porque também acredito que quando é bom devemos partilhar e não sentir que estamos a passar uma imagem de família perfeita. Ou seja, claro que existem desafios, basta pensar que temos a responsabilidade de educar uma pessoa que está inteiramente à nossa responsabilidade. Mas, além dos desafios, e no final do dia, é o realizar de um sonho partilhado com o Lourenço, daí sentirmo-nos tão privilegiados.
Ser mãe mudou a tua perspetiva sobre o amor?
Não acho que ser mãe tenha mudado a minha perspetiva sobre o amor, acho que lhe acrescentou significado. A vida muda, mas o que não me tinham dito é que muda para muito melhor. Ainda estou no processo de descoberta e o que sinto nem dá para descrever perfeitamente. É tão avassalador. Cresce diariamente e, à medida que o tempo passa, parece que não vou aguentar tanto amor.
O que tem sido o melhor e o menos bom da maternidade?
Eu e o Lourenço fazemos questão de trazer o Vicente nas nossas viagens e a experiência tem sido maravilhosa. Sentimos que estamos a dar-lhe mundo e que, mesmo sendo ainda muito bebé, já está a construir as memórias a três. E menos bom, acho que é o tempo ser tão escasso – devemos partilhar este sentimento com tantos pais e tantas famílias.
Conciliar o trabalho com a gestão familiar é um grande desafio. Sentimos que podemos falhar de alguma forma e em algum dos lados. Se é verdade que não tenho um trabalho das 9h as 17h, quando estou a gravar, os horários são muito exigentes e imprevisíveis, o que impacta no tempo que estou presente no dia a dia do meu filho. Isto ainda é mais exigente por partilhar a profissão com o Lourenço e, por isso, partilhar também a imprevisibilidade de horários. Como todos os desafios, acredito que é importante tentar arranjar alternativas para os contornar ou tornar mais leves, e, neste caso, a nossa rede de apoio tem sido fundamental.
Transmites uma atitude muito positiva, um misto de leveza e rebeldia? És mesmo assim? É esse o teu segredo para Saber Viver?
É mesmo assim que tento viver, e fico feliz que quem está à minha volta perceba isso. É sinal de que estou a conseguir viver o pleno de conciliar o que se passa cá dentro com o que transmito.
Entrevista: Tânia Alexandre
Produção: Joyce Doret
Fotografia: Ricardo Santos
Masquilhagem: Inês Aguiar
Cabelos: Rui Rocha