O que é o wishcycling e porque não o devemos fazer

A reciclagem doméstica é, hoje em dia, uma das ações mais simples e indispensáveis que todos os cidadãos com acesso a ecopontos podem fazer para ajudar na luta contra a crise climática. Mesmo assim, há alguns fatores a ter em conta para fazer tudo de forma correta e realmente eficaz.

Talvez nunca tenha ouvido falar na palavra wishcycling, mas é possível que seja algo que já fez – eu, admito, já o fiz algumas vezes. O wishcycling acontece quando colocamos um objeto no ecoponto com o desejo (wish) de que este seja reciclado, sem realmente termos a certeza da sua reciclabilidade.

A verdade é que nem todos os objetos que, à primeira vista, parecem recicláveis, realmente o são. Em alguns casos, se estes objetos forem colocados em ecopontos, os sistemas de triagem podem ser dificultados e, noutros casos, podem mesmo ser inviabilizados.

É, por isto, muito importante tentarmos perceber melhor os erros comuns de wishcycling, de forma a podermos evitá-los e contribuir de forma eficiente para a reciclagem.

Erros de wishcycling

• Papel sujo, molhado ou muito engordurado pode contaminar o papel em redor, inviabilizando a reciclagem;
• O mesmo acontece com copos, loiças ou vidros de janelas partidas. O vidro é diferente do das embalagens e, se tudo for misturado, a reciclagem torna-se difícil ou impossível;
• As luvas descartáveis e as escovas de plástico não são recicláveis no ecoponto. Se lá forem colocadas, a triagem pode ser dificultada;
• Papel com cobertura de outro material, como caixas de takeaway com cobertura de plástico, ou papel encerado, não pode ser reciclado no ecoponto;
• Brinquedos e eletrodomésticos, mesmo que maioritariamente constituídos por plástico, não devem ser colocados no ecoponto amarelo – existem locais próprios para proceder ao seu descarte.

“Ouvi dizer…”

Adicionalmente, há também algumas crenças que é necessário desmistificar, de forma a maximizar o potencial da reciclagem.

• As embalagens de plástico ou metal não precisam de ser lavadas antes de serem colocadas no ecoponto. Basta escorrer e espalmar;
• A esferovite pode ser reciclada através do ecoponto amarelo;
• Se não for possível separar o plástico do papel dos envelopes, estes devem ser colocados no ecoponto azul, uma vez que o papel está em maior quantidade;
• O lixo dos ecopontos não é misturado nos camiões: estes têm vários compartimentos no interior que mantêm a separação.

Reciclagem de outros materiais

Em caso de dúvida, o ideal será procurar informação sobre a reciclagem do material em questão, que pode não ser através do ecoponto, mas ser viável também. Para isso, existem duas ferramentas que podem ajudar:

• Na aplicação WasteApp, da Quercus, é possível pesquisar o material que queremos reciclar e encontrar rapidamente para onde o encaminhar;
• A Sociedade Ponto Verde disponibiliza um número de telefone do “Gervásio” que pode ser contactado por WhatsApp para esclarecer dúvidas: 914 619 286.

A reciclagem é uma ferramenta importante para reduzir a quantidade de lixo que enviamos para aterro e garantir que é necessária uma menor extração de materiais para produzir novos objetos.

A produção de materiais reciclados é também geralmente mais eficiente do que a produção de materiais virgens. Apesar disso, é fundamental não esquecermos que, em primeiro lugar, devemos começar por recusar tudo aquilo de que não precisamos, reduzir as quantidades do que temos e adquirimos, ajustando-as às nossas necessidades, e reutilizar o que já existe, remendando ou “re-propositando” os objetos.

A reciclagem deverá ser um último recurso, aplicado apenas àquilo que já não poderá ter mais utilidade.

Rita Tapadinhas formou-se em Gestão. Em 2019 criou o Plant a Choice, um projeto que pretende mostrar, de forma prática, como podemos tornar os nossos hábitos diários mais ecológicos e sustentáveis. Atualmente, o @plant.a.choice conta também com um podcast e dois e-books.