De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente estima-se que, até ao momento, cerca de sete mil milhões de toneladas de plástico foram produzidas, sendo que apenas 10% desse material foi reciclado.
Tal é um problema comportamental, mas também um problema estrutural nos sistemas de fabrico e reciclagem, uma vez que nem todos os produtos feitos com plástico são recicláveis.
Mesmo assim, independentemente da reciclabilidade de um objeto feito com plástico, este irá, muito provavelmente, libertar micropartículas (por exemplo microplásticos ou nanoplásticos) ao longo da sua vida, micropartículas essas que constituem uma ameaça para os ecossistemas e, possivelmente (ainda em estudo), para a saúde humana.
Torna-se, deste modo, importante saber em que circunstâncias estamos a utilizar plástico, se tal é mesmo necessário, se os objetos são recicláveis e que alternativas existem.
Neste artigo, apresento-lhe sete objetos cuja presença de plástico nem sempre é do conhecimento geral.
7 objetos que podem conter plástico
Pastilhas elásticas
As pastilhas elásticas remontam pelo menos ao tempo dos Maias, sendo que nessa altura eram feitas a partir da resina extraída de uma árvore chamada Sapotizeiro.
Noutros locais do mundo, utilizavam-se também outras substâncias naturais, como por exemplo a mástique, uma resina obtida a partir da árvore Pistacia lentiscus.
Com a difusão da pastilha elástica pelo mundo, materiais alternativos, à base de plásticos, começaram a ser a norma.
Atualmente, existem algumas empresas que estão a trazer de volta os materiais naturais no fabrico de pastilhas.
Saquetas de chá
As saquetas individuais de chá podem conter plástico em diferentes quantidades, dependendo da estrutura e constituição da saqueta.
Um estudo de 2019 registou a libertação de milhares de milhões de micro partículas de plástico, quando saquetas feitas com o material foram colocadas em água quente.
Uma alternativa poderá ser comprar as folhas de chá ou infusões soltas, e colocar em infusores reutilizáveis (existem opções em metal e tecido).
Glitter
Apesar de começarem a surgir novas versões com materiais naturais e biodegradáveis, o glitter tem, muitas vezes, plástico na sua composição.
Pelo seu tamanho e capacidade de se dispersar, o glitter é um material que pode facilmente viajar desde o local onde é utilizado até cursos de água ou outros meios naturais.
Copos de cartão
Para se tornarem impermeáveis, os copos de cartão têm de conter algum material que os proteja do contacto com líquidos (sendo esse material, muitas vezes, plástico). Devido a esta junção de elementos, a sua reciclagem fica comprometida.
Uma alternativa simples poderá ser, quando possível, pedir as bebidas em copos de cerâmica, em vez dos descartáveis, ou trazer copos reutilizáveis (pode ser um copo lá de casa, ou uma opção colapsável, própria para levar na mala).
Descartáveis menstruais
Os descartáveis menstruais podem conter plástico, não só nas suas embalagens (que muitas vezes são duplas – embalagens exteriores mais saquetas individuais), como também na sua própria constituição.
Atualmente, já existem várias opções reutilizáveis, como os copos menstruais, os pensos reutilizáveis, ou as cuecas menstruais.
Neste vídeo, falei mais sobre o assunto.
Pensos rápidos
Outro tipo de objeto descartável com um tempo de vida útil muito curto são os pensos rápidos, que contêm, tradicionalmente, plástico. Apesar disso, já existem versões feitas com outros materiais, como bambu.
Papel de embrulho
Tal como os copos de papel, o papel de embrulho também tem, várias vezes, uma camada de plástico que ajuda na sua impermeabilização e brilho.
Para um descartável com uma utilidade e tempo de vida tão curtos, faz sentido optar por materiais reutilizados para embrulhar presentes, como papel de revistas ou jornais.
Na maioria dos casos, estes objetos não são recicláveis através do sistema tradicional, uma vez que o ecoponto amarelo está destinado a embalagens.
No entanto, vão surgindo projetos novos de reciclagem de materiais menos comuns, e, na dúvida, a WasteApp e o site ondereciclar.pt têm informações.
Rita Tapadinhas formou-se em Gestão, e foi quando começou a trabalhar que se tornou cada vez mais alerta para os problemas ambientais. Em 2019 criou o Plant a Choice, um projeto que pretende alertar para os problemas ambientais e mostrar, de forma prática, como podemos tornar os nossos hábitos diários mais ecológicos e sustentáveis. Atualmente, o @plant.a.choice (no Instagram) conta também com um podcast e dois e-books.