Em 2016, foi anunciado ao mundo que o filho mais novo da princesa Diana e do agora rei Carlos III de Inglaterra já não estava solteiro. Dois anos mais tarde, e depois de muito bullying e julgamento, o príncipe Harry casou com a ex-atriz Meghan Markle, numa cerimónia vista por milhões, na Capela de São Jorge no Castelo de Windsor.
E mal se sabia que este seria apenas o início de mais uma fase de complicações e conflitos dentro da família real inglesa, arriscamos a dizer um dos mais falados desde o penoso matrimónio de Lady Di e rei Carlos III.
O início do fim
Depois de apenas dois anos como duques de Sussex, príncipe Harry e Meghan Markle decidiram abandonar os seus “deveres” como membros da realeza, anunciando a sua decisão em janeiro de 2020.
Em poucos meses, o casal mudou-se para o estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América, com o filho mais velho, Archie. Aqui, construíram uma vida mais privada e livre de drama. Ou assim pensavam.
Em março de 2021, foi anunciada uma entrevista à estrela televisiva Oprah. Com os olhos postos no casal, as afirmações reveladas durante esta conversa chocaram o mundo.
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Foram reveladas acusações contra a ex-atriz, que afirmou que “dentro da família real existiam preocupações sobre quão escura iria ser a pele do Archie”. Meghan Markle confessou ainda ser silenciada durante o seu tempo em Inglaterra e que “ninguém estava disposto a dizer a verdade para me proteger a mim e ao meu marido”.
Estas palavras não só colocaram uma nova luz de suspeitas sobre a família real, como posicionaram o público do lado dos duques de Sussex.
Mas esta seria apenas a ponta do iceberg pois, nos anos seguintes, príncipe Harry recusou esconder a sua verdade sobre a vida como membro da família real.
Regresso a solo britânico
Em junho de 2022, Inglaterra festejou o Jubileu de Platina da rainha Isabel II, e o casal decidiu deslocar-se ao País para as celebrações.
No entanto, foram ignorados (pelo menos publicamente), tanto pelo rei Carlos II, como pelo príncipe e princesa de Gales, William e Kate Middleton, o que deixou o mundo a especular sobre o que realmente se passava em privado.
Após a morte da rainha, poucos meses depois de a monarca celebrar 70 anos no poder, os duques de Sussex regressaram de novo a Inglaterra.
Porém, e para demonstrar a união da família num momento difícil, desta vez foram acompanhados por William e Kate Middleton para cumprimentar a multidão que se encontrava junto do Castelo de Windsor, num dos eventos fúnebres.
Mas a controvérsia não ficou por aqui, visto que, em dezembro de 2022, Harry e Meghan colaboraram com a Netflix numa série que, novamente, colocou a família real nas bocas do mundo.
Harry e Meghan, o documentário
Os seis episódios da série foram dos mais esperados de 2022, já que esta foi a primeira vez desde a polémica entrevista da BBC à princesa Diana, em 1995, que o público teria acesso ao lado mais privado e emocional de um membro da família real britânica.
O casal decidiu, então, documentar o seu relacionamento, para mostrar o seu lado mais humano, desde como se conheceram e como lidam com os paparazzi, já que, nas palavras da ex-atriz, “não importava o que eu fizesse… eles arranjavam maneira de me destruir”.
Príncipe Harry conta ainda a história de como foi obrigado a esconder as suas emoções depois da morte da mãe, princesa Diana, em 1997, e partilhou o seu desagrado pela intrusão dos media em assuntos familiares e privados.
Aproveitou ainda para revelar que, visto que Lady Di também tinha sido perseguida repetidamente pelos meios de comunicação, que tinha receio “que a história se repetisse” com Meghan Markle.
Apesar de ter sido bem recebido pelo público, o documentário revelou mais do que o mundo estava à espera, o que sem dúvida incomodou o resto da família real.
Na Sombra, o livro
Publicado em janeiro de 2023, o livro do príncipe Harry foi, mais uma vez, um choque para o público. Originalmente intitulada Spare (suplente, em português), a obra inclui relatos íntimos do duque de Sussex, que apenas poupa acusações à mãe, princesa Diana, e ao avô paterno, o duque de Edimburgo.
Para além de mencionar a não aceitação de Meghan Markle por parte da população inglesa, o príncipe revela ainda que, depois do funeral do avô, teve um confronto físico com o irmão, William.
“Willy pousou o copo, chamou-me mais um nome e, a seguir, começou a crescer para mim. Foi tudo muito rápido. Muito rápido mesmo. Agarrou-me pelo colarinho, arrancando o fio que trazia ao pescoço, e derrubou-me. Caí para cima da tigela dos cães, que rachou com o impacto, e os pedaços cravaram-se-me nas costas. Ali fiquei por instantes, atordoado, a seguir levantei-me e pedi-lhe que saísse”, conta.
O livro pinta, então, o retrato da vida de Harry como “herdeiro suplente”, o trauma da perda da mãe e o pai emocionalmente ausente.
Os ataques ao irmão e à cunhada, Kate Middleton, são constantes, bem como as acusações à rainha consorte do Reino Unido e madrasta, Camila, que o duque de Sussex acredita ter sido por várias vezes a fonte de informação dos media.
Ao longo das quase 500 páginas a questão mantém-se: a raiva do príncipe será para com a família ou para com a imprensa?
Príncipe Harry e Tom Bradby, a entrevista
Ao longo dos 90 minutos de conversa, Harry afirmou que vê a sua família como algo tóxico e disfuncional, onde vários membros eram cúmplices do escrutínio da imprensa para com os duques de Sussex.
O príncipe falou ainda da sua relação com o irmão William e a cunhada Kate, e expressou que estes nunca deram uma oportunidade a Meghan, o que abalou bastante a união dos três, antes vistos como inseparáveis.
Esta entrevista foi seguida por uma conversa mais curta no programa 60 Minutes com o jornalista Anderson Cooper. Aqui, príncipe Harry continuou a revelar factos desconhecidos para o público. Por exemplo, partilhou que não foi convidado para visitar a avô, rainha Isabel II, no dia em que esta faleceu.
“Algumas horas depois, todos os membros da família que moram na área de Windsor e Ascot estavam num avião juntos. Eu não fui convidado”, conta.
Revelou ainda que, até aos 23 anos, acreditava que a mãe estava viva, apenas fingiu a sua própria morte para fugir aos media. Explicou que viajou até Paris para passar pelo túnel Pont de l’Alma, onde o acidente que matou Lady Di ocorreu, para tentar perceber o que realmente se passou.
Depois de comentar novamente a sua relação com o irmão mais velho, príncipe Harry termina por admitir que “o perdão é 100% uma possibilidade porque eu gostaria de ter o meu pai de volta. Gostaria de ter o meu irmão de volta. Neste momento, não os reconheço, tanto quanto eles provavelmente não me reconhecem a mim”.