É triste saber que ainda enfrentamos muitos mais anos de uma celebração que já não deveria fazer sentido. O Dia da Mulher celebra-se hoje, 8 de março, e pelos mais variados motivos temos de o continuar a assinalar, não continuassem as mulheres tão longe de atingir os mesmos direitos e respeito que os homens.
Há muito, mesmo muito, por fazer. Podemos começar com os dados que tão bem mostram a realidade em que vivemos no nosso País, e no mundo:
• Em 2020, foram assassinadas 30 mulheres em contexto de violência doméstica;
• No Dia Nacional da Igualdade Salarial, celebrado a 10 de novembro, chegou-se à conclusão que a diferença remuneratória entre homens e mulheres em Portugal corresponde a 52 dias de trabalho;
• Segundo a Organização das Nações Unidas, uma em cada três mulheres já sofreu algum tipo de violência física ou sexual;
• 12 milhões de raparigas são forçadas a casar-se antes dos 18 anos;
• Todos os dias, 8 mil jovens mulheres estão em risco de sofrer mutilação genital.
E podíamos continuar, mas este não é um artigo sobre as estatísticas que são reveladas todos os anos e que, na verdade, não se alteram.
Lançámos um desafio às leitoras da Saber Viver: colocámos uma caixa de respostas no nosso Instagram e pedimos que partilhassem connosco uma história/experiência em que sofreram algum tipo de descriminação por serem mulheres. O que cabe numa pequena caixa de texto? Cabe muito, na verdade. Cabe assédio sexual, desigualdade salarial, casamento precoce, bullying e machismo.
Seja apenas num parágrafo ou em várias respostas sucessivas, mostram-nos que às vezes basta olharmos para o lado para termos uma história igual à nossa. E não vale a pena irmos longe. No nosso núcleo de amigas, na família ou no local de trabalho, há sempre pelo menos uma história de quem já sofreu por simplesmente ser mulher. Na Saber Viver já nos perguntámos várias vezes: até quando?
A sororidade feminina é um conceito bonito e que gostamos de promover. Agradecemos a todas as nossas leitoras que tiveram a coragem de partilhar connosco apenas uma parte da sua história (porque acreditamos que há sempre mais para contar).
Esperamos que, a cada ano que passe, estas histórias sejam cada vez mais escassas. E se isso não acontecer, que continuemos juntas pelo menos. O passo para o fim da desigualdade, acreditamos nós, é a união.