Sociedade

Saber Viver é... Respeitar o planeta

Já muito descobrimos, errámos, aprendemos, desaprendemos. Os clichés são verdade; a grande jornada da vida escreve-se certa por linhas tortas e, nestes 20 anos de existência, muito temos discorrido no papel (e online) sobre a forma como escolhemos viver a vida.

Untitled-7 Untitled-7 Untitled-7
Saber Viver é... Respeitar o planeta Saber Viver é... Respeitar o planeta
© GRAFISMO: SARA MARQUES/ © imaxtree
Escrito por
Out. 20, 2022

Comecemos pelas más – mas não assim tão surpreendentes – notícias: quando a Saber Viver comemorar os seus próximos 20 anos, é bem provável que estejamos no pico de uma crise climática. Esta é, afinal, a mais recente e alarmante previsão da ONU para o planeta, considerando os efeitos do aquecimento global.

Nos últimos 20 anos, é possível afirmar que vivemos todos o nosso momento Al Gorea palavra sustentabilidade tornou-se mainstream (em 2000, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea tinha apenas uma única entrada para sustentável – “que é suscetível de se manter, defender; que se pode sustentar”) e o ceticismo associado aos movimentos verdes foi-se quebrando aos poucos, fazendo com que as grandes empresas se sintam hoje em dia obrigadas a adotar medidas e a serem transparentes com as suas políticas ambientais e de responsabilidade social.

Com consumidores cada vez mais informados, exigentes e com mais perguntas na ponta da língua, o preço deixou de ser a condição principal para a compra. Nove em cada dez portugueses preferem produtos, empresas e marcas sustentáveis que se esforcem para fazer deste um mundo melhor.

Em 2030, estima-se que o nível total de resíduos de vestuário possa chegar aos 148 milhões de toneladas

Conseguimos mudar alguma coisa?

Ninguém É Pequeno Demais Para Fazer a Diferença é o nome do livro da menina que com 15 anos começou a sentar-se à porta do parlamento sueco fazendo greve todas as sextas-feiras pela mudança climática. Hoje o seu nome é, segundo a Forbes, o de uma das 100 mulheres mais poderosas do mundo.

Se há coisa que o ‘efeito Greta Thunberg’ nos ensinou é de que a mudança será mais eficaz nuns dias do que os outros, mas “não podemos continuar a viver como se não houvesse amanhã, porque há um amanhã”.

Dos sectores dos transportes e energias às indústrias da beleza e moda, todos têm um longo caminho a percorrer mas, por exemplo, essa t-shirt que traz vestida – sabia que para a produzir são necessários 2700 litros de água, a mesma que é suficiente para uma pessoa consumir durante 2,5 anos?

Em 2030, estima-se que o nível total de resíduos de vestuário possa chegar aos 148 milhões de toneladas. Se sustentabilidade é sobre suprir as necessidades do presente sem afetar as gerações futuras, então podemos começar por (não) vestir a camisola ou pelo menos fazê-lo com a consciência tranquila.

Se, antes, a moda sustentável podia ser sinónimo de peças aborrecidas e sapatos de cortiça, hoje, percorremos um longo e (felizmente) estiloso caminho no que toca a guarda-roupa amigo do ambiente.

Preocupação ambiental ou green washing?

Stella McCartney começou a falar de sustentabilidade muito antes de ser cool e hoje em dia grandes grupos de fast fashion já estão a fazer esforços para reduzir o seu impacto.

Na verdade, não é bem uma opção de escolha: segundo autoridades na matéria como a Vogue Business, as tendências da indústria focam-se muito mais na circularidade e sustentabilidade do que no grunge ou nos bombers jackets.

Marques’Almeida e Alexandra Moura são exemplos de marcas nacionais que enveredaram por um caminho mais sustentável

Mas com tantas marcas eco e coleções sustentáveis a surgir ao minuto, torna-se ainda mais importante perceber quem está a arregaçar as mangas e quem está puramente a querer entrar no hype verde.

Na hora de fazer uma limpeza à sua lista de compras, os especialistas aconselham a um scanner de três fatores primordiais:

1. Comece por ter em conta os materiais presentes nas etiquetas: de forma leiga, quanto mais simples e naturais, melhor, embora haja marcas que vão um passo além e estão a criar pele feita de cogumelos, ténis de garrafas de plástico recolhidas do oceano ou até peças de roupa da mesma planta da canábis;

2. Investigue e faça perguntas para perceber se esta nova ‘coleção super hiper amiga do ambiente’ é uma bff ou uma frenemy, isto é, se os valores da marca sempre se pautaram por preocupações ambientais ou se é um one shot (alerta greenwhashing);

3. Nós sabemos, a estrada da sustentabilidade é um caminho longo, demorado e nem sempre é possível atingir um resultado 100% ecofriendly.

Uma política de transparência e proximidade por parte das marcas é sempre um bom princípio para desenvolver uma relação de confiança com o consumidor e, em última instância, não acabarem canceladas no @diet_prada.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 268, outubro de 2022.

Últimos