Saber Viver é… Respeitar o planeta
Já muito descobrimos, errámos, aprendemos, desaprendemos. Os clichés são verdade; a grande jornada da vida escreve-se certa por linhas tortas e, nestes 20 anos de existência, muito temos discorrido no papel (e online) sobre a forma como escolhemos viver a vida.
Comecemos pelas más – mas não assim tão surpreendentes – notícias: quando a Saber Viver comemorar os seus próximos 20 anos, é bem provável que estejamos no pico de uma crise climática. Esta é, afinal, a mais recente e alarmante previsão da ONU para o planeta, considerando os efeitos do aquecimento global.
Nos últimos 20 anos, é possível afirmar que vivemos todos o nosso momento Al Gore – a palavra sustentabilidade tornou-se mainstream (em 2000, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea tinha apenas uma única entrada para sustentável – “que é suscetível de se manter, defender; que se pode sustentar”) e o ceticismo associado aos movimentos verdes foi-se quebrando aos poucos, fazendo com que as grandes empresas se sintam hoje em dia obrigadas a adotar medidas e a serem transparentes com as suas políticas ambientais e de responsabilidade social.
Com consumidores cada vez mais informados, exigentes e com mais perguntas na ponta da língua, o preço deixou de ser a condição principal para a compra. Nove em cada dez portugueses preferem produtos, empresas e marcas sustentáveis que se esforcem para fazer deste um mundo melhor.
Em 2030, estima-se que o nível total de resíduos de vestuário possa chegar aos 148 milhões de toneladas
Conseguimos mudar alguma coisa?
Ninguém É Pequeno Demais Para Fazer a Diferença é o nome do livro da menina que com 15 anos começou a sentar-se à porta do parlamento sueco fazendo greve todas as sextas-feiras pela mudança climática. Hoje o seu nome é, segundo a Forbes, o de uma das 100 mulheres mais poderosas do mundo.
Se há coisa que o ‘efeito Greta Thunberg’ nos ensinou é de que a mudança será mais eficaz nuns dias do que os outros, mas “não podemos continuar a viver como se não houvesse amanhã, porque há um amanhã”.
Dos sectores dos transportes e energias às indústrias da beleza e moda, todos têm um longo caminho a percorrer mas, por exemplo, essa t-shirt que traz vestida – sabia que para a produzir são necessários 2700 litros de água, a mesma que é suficiente para uma pessoa consumir durante 2,5 anos?
Em 2030, estima-se que o nível total de resíduos de vestuário possa chegar aos 148 milhões de toneladas. Se sustentabilidade é sobre suprir as necessidades do presente sem afetar as gerações futuras, então podemos começar por (não) vestir a camisola ou pelo menos fazê-lo com a consciência tranquila.
Se, antes, a moda sustentável podia ser sinónimo de peças aborrecidas e sapatos de cortiça, hoje, percorremos um longo e (felizmente) estiloso caminho no que toca a guarda-roupa amigo do ambiente.
Preocupação ambiental ou green washing?
Stella McCartney começou a falar de sustentabilidade muito antes de ser cool e hoje em dia grandes grupos de fast fashion já estão a fazer esforços para reduzir o seu impacto.
Na verdade, não é bem uma opção de escolha: segundo autoridades na matéria como a Vogue Business, as tendências da indústria focam-se muito mais na circularidade e sustentabilidade do que no grunge ou nos bombers jackets.
Marques’Almeida e Alexandra Moura são exemplos de marcas nacionais que enveredaram por um caminho mais sustentável
Mas com tantas marcas eco e coleções sustentáveis a surgir ao minuto, torna-se ainda mais importante perceber quem está a arregaçar as mangas e quem está puramente a querer entrar no hype verde.
Na hora de fazer uma limpeza à sua lista de compras, os especialistas aconselham a um scanner de três fatores primordiais:
1. Comece por ter em conta os materiais presentes nas etiquetas: de forma leiga, quanto mais simples e naturais, melhor, embora haja marcas que vão um passo além e estão a criar pele feita de cogumelos, ténis de garrafas de plástico recolhidas do oceano ou até peças de roupa da mesma planta da canábis;
2. Investigue e faça perguntas para perceber se esta nova ‘coleção super hiper amiga do ambiente’ é uma bff ou uma frenemy, isto é, se os valores da marca sempre se pautaram por preocupações ambientais ou se é um one shot (alerta greenwhashing);
3. Nós sabemos, a estrada da sustentabilidade é um caminho longo, demorado e nem sempre é possível atingir um resultado 100% ecofriendly.
Uma política de transparência e proximidade por parte das marcas é sempre um bom princípio para desenvolver uma relação de confiança com o consumidor e, em última instância, não acabarem canceladas no @diet_prada.