Quase 40 mil pessoas já “entraram” no quarto de Bernardo Almeida. Lá, onde tudo cheira a tecnologia, conheceram (e continuam a conhecer) as características dos mais variados telemóveis, computadores e colunas, por exemplo.
Com 22 anos, o estudante do quinto ano de engenharia mecânica usa essa parte da casa para fazer vídeos com conteúdos baseados em tecnologia. Neles, trata sempre os seus seguidores como “meus amigos” e, com uma voz simpática e apelativa, explica com pormenor o produto que está a apresentar.
Aos vinte anos, Bernardo Almeida decidiu ser youtuber e criou o seu canal. No entanto, há quem comece mais cedo, muito mais. É o caso de um amigo de Beatriz Serra que, aos oito anos, contou na sala de aula que já era youtuber.
Ao contrário de Bernardo, não mostra a cara (os pais não o permitem). No seu canal relata vários jogos de computador à sua maneira, com a voz de criança que, obviamente o caracteriza. Os colegas, da mesma idade, acham “um máximo”, veem e reveem os vídeos e já olham para o amigo como uma estrela da Internet.
Criado em fevereiro de 2005 nos Estado Unidos da América, o YouTube permite aos usuários carregarem vídeos de forma simples, que são vistos por milhares de milhões de pessoas, como o próprio site indica.
Quando os usuários – que “podemos considerar youtubers a partir do momento em que se mete o primeiro vídeo online“, considera Bernardo -, começam a ser conhecidos e seguidos, o público é exigente: “Recebo comentários negativos todos os dias. Isso é a Internet. Quanto maior é o público, maior é a probabilidade de encontrares mais pessoas que não gostam de ti, o que é normal”, continua.
Nestes casos, para o bem e para o mal, sobressaem-se aqueles que têm mais criatividade e à vontade nas várias áreas. Vale tudo: da tecnologia aos tutoriais de maquilhagem e aos vídeos de humor.
As crianças podem ser youtubers?
Se os maiores de 18 anos já são responsáveis pelas suas ações, pelos conteúdos que publicam e conseguem defender-se melhor, o mesmo não acontece com os menores de idade, cujo acesso ao YouTube é feito da mesma forma. Uma criança de dez anos, por exemplo, se tiver acesso a uma câmara, a um microfone e a um computador pode mentir na idade e criar o seu próprio canal. Nestes casos, tem que haver uma vigilância permanente dos pais, para o caso da criança omitir o que está a fazer.
Estes, ao permitirem que o filho continue com “o projeto”, devem sempre ter vários pontos em consideração: não permitir que o filho exponha e dê dados sobre a sua vida privada, proibir que a criança apareça nos vídeos e controlar, várias vezes por semana, os conteúdos que são carregados no canal.
Como maior de idade, o youtuber Bernardo Almeida alerta: “Como diversão que é, os miúdos têm que perceber que a escola é sempre mais importante!”.
O próprio YouTube tem uma página de recurso para os pais. Lá, diz que um utilizador “para criar uma conta no YouTube, terá de confirmar que tem mais de 13 anos. Se um vídeo for denunciado e concluirmos que o remetente indicou uma idade incorreta no processo de criação de conta, a conta será encerrada.”
Depois deste aviso, seguem-se vários conselhos essenciais, como “peça aos seus filhos para criarem listas de reprodução dos seus vídeos favoritos e crie uma também. Depois, sentem-se e assistam aos vídeos em conjunto. Pode constatar o que os seus filhos têm estado a ver e eles podem aprender mais sobre si.”
Ainda nessa página, os pais ficam a saber o que podem fazer se os seus filhos forem assediados por algum utilizador do YouTube e como podem moderar tanto comentários como canais”.
E uma mãe que tem um filho youtuber, o que acha?
Isabel Costa é a fã número um de Bernardo e sua mãe. Quando o filho lhe disse que era youtuber não teve medo que ele se expusesse demais. Isto porque “ele já tinha vinte anos e como é uma pessoa muito responsável achei que saberia até onde ir e onde parar”, conta.
Por outro lado, deixa um alerta às mães que têm filhos menores: “O meu conselho é que os apoiem porque o que começa por ser uma brincadeira pode ser muito bom para o futuro deles a nível de aprendizagem, de contactos e de desenvolvimento pessoal. No entanto, sendo eles menores, os pais devem acompanhar de perto o canal e devem estar atentos aos convites que possam aparecer.”
Os fatores diversão e comunicação devem ser os a ter mais em conta. Afinal, “ser youtuber é uma forma de comunicar com o mundo, estando num único lugar”, conclui Isabel Costa.
Em 2015, a revista Forbes publicou um artigo onde comprova o dinheiro que se pode ganhar como youtuber. Para criar o top dos youtubers mais ricos, a revista americana contactou a Nilsen, uma empresa que analisa as audiências online do YouTube.
O sueco PewDiePie ocupa o primeiro lugar desta análise. Com quase 45 milhões de seguidores, ganhou em 2015 quase 10,5 milhões de euros com o canal. Já em segundo lugar ficou a dupla de comediantes Smosh, com trinta milhões de fãs e uma faturação de 7,5 milhões de euros.
Mas, afinal, de onde vem esse dinheiro? Vem de marcas e ou/empresas que contactam os youtubers para lhes apresentarem os seus produtos e para que estes falem deles nos seus canais. Ganha-se dinheiro com patrocinadores e publicidades que os canais com sucesso têm.
Embora estes números sejam apelativos, há que ter noção que acontece a poucos casos no meio de milhares. Para conseguir alcançar o sucesso, um youtuber deve “criar algo diferente, pessoal, único e com qualidade. Com a saturação que já existe hoje em dia no YouTube, se o canal não tiver algo de especial, vai ser mais complicado!”, termina Bernardo.
O seu filho é ou quer ser youtuber? Costuma falar-lhe nisso? Conte-nos a sua história.