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Experimentei a terapia da flutuação e este foi o resultado

Experimentei a terapia da flutuação e este foi o resultado

Prometia ajudar a dormir melhor e a restaurar horas de sono perdidas, a eliminar o stresse, a melhorar o humor e a estimular o cérebro… Nem precisava de ler o resto. Claro que não hesitei em experimentar a terapia da flutuação.

Por Out. 25. 2018

Estas primeiras linhas do e-mail soaram como uma sirene ensurdecedora na minha mente de mãe de criança de três anos a tentar chegar a todo o lado. Como podia não experimentar? O convite para fazer uma sessão de flutuação chegou da Float in e marquei logo data e hora.

A pequena sala estava às escuras mas as luzes azuis fortes deixavam antever uma enorme cápsula que parecia vir do espaço. Intimidou-me um pouco, não posso mentir.

Do meu lado direito, um poliban e um pequeno banco com duas toalhas e alguns acessórios: tampões para os ouvidos, gel de banho e chinelos. Passo-me por água antes de me entregar à flutuação. “Será que aguento a sessão de cápsula fechada?”, lembro-me de pensar.

 

Antes e depois da sessão de flutuação, deve-se tomar um duche.

De tampões fluorescentes nos ouvidos, subo para o flutuário (o nome oficial da cápsula) e analiso tudo: temperatura da água, luzes, botões para abrir/fechar a porta, música e o meu batimento cardíaco. Todos os meus sentidos estão em alerta, precisamente o contrário do que esta terapia promove.

Mas antes de avançar na estória (spoiler: tem um final feliz, mas há peripécias pelo meio), um pouco de história.

O que é a terapia de flutuação?

A Flutuação é uma terapia que decorre em ambiente de privação sensorial, que tem como objetivo privar o organismo de qualquer som ou contato visual e de tato, existindo apenas a flutuação na água. Os benefícios são vastos, tanto físicos como mentais.

Conhece aquela boa sensação de quando estamos no mar e tiramos os pés da areia, abrimos os braços e flutuamos, com o som do mar a ecoar na mente? A sensação é essa, mas em vez de durar um minuto, dura 50, sem nunca irmos ao fundo.

Como nasceu?

A Flutuação não é uma novidade. Na verdade, foi descoberta na década de 50 por um neuropsiquiatra que procurava a melhor forma de estudar as reações à privação de sentidos no organismo.

Nos anos 60, a NASA incluía nos seus treinos a utilização de cápsulas de flutuação. Na década seguinte, os seus efeitos terapêuticos passaram a ser estudados para fins científicos.

Depois de se espalhar pelos EUA, em 2008 chega a Portugal pela cadeia de spa Float In.

O pior foi quando a água me entrou pelo nariz…

Ao todo foram 50 minutos. Quase uma hora a flutuar em 30 cm de água à temperatura do meu corpo, numa ausência total de gravidade.

Conhece aquela boa sensação de quando estamos no mar e tiramos os pés da areia, abrimos os braços e flutuamos, com o som do mar a ecoar na mente? A sensação é essa, mas em vez de durar um minuto, dura 50, sem nunca irmos ao fundo.

É que esta água contém 300 quilos de sal Epsom, conferindo-lhe a densidade necessária para flutuarmos sem qualquer esforço. Esqueça também a pele enrugada, típica de um longo banho. Aqui não há disso, aliás, a pele fica bastante mais suave.

Não sofro de claustrofobia, mas há alguma ansiedade no ar. Carrego no botão e vejo a porta fechar-se muito devagar.

Antes de entrar na cápsula, a terapeuta que me acompanha explica que existem três botões: um para abrir e fechar a tampa, outro para ligar/desligar a música e outro para a luz. Para a experiência da privação sensorial ser completa, aconselha-se a fechar e desligar tudo (mas é possível fazer a sessão de tampa aberta). Se consegui? Sim, mas não sem incidentes.

Se, como eu, tem ouvidos sensíveis, não dispense o uso de tampões durante a sessão.

Demoro-me a instalar. Primeiro sento-me (mas não consigo tocar no fundo, porque fico a boiar), testo todos os botões várias vezes para perceber como funcionam. Quero retirar o máximo dos benefícios desta sessão.

Deito-me já com os tampões fluorescentes nos ouvidos, ainda de porta aberta. O coração está um pouco mais acelerado e tento acalmar-me. Não sofro de claustrofobia, mas há alguma ansiedade no ar. Carrego no botão e vejo a porta fechar-se muito devagar. Um pequeno som final oco dá o sinal de que está bem selada. A música relaxante ainda está a tocar e a luz azul faz-me fechar os olhos.

Respiro fundo e penso nas recomendações da terapeuta: “tente relaxar e desfrutar da sensação de gravidade zero”. Decido apagar a luz e deixo a música a tocar mais um pouco.

Alguns minutos mais tarde deixei de sentir o corpo. Literalmente. Ouvia o coração a bater e parecia estar fora do meu corpo.

Alguns minutos depois – quantos foram, afinal? Não tenho a certeza… – levanto o braço e coço o nariz. Sinto um ardor enorme e fico aflita. Inspiro pelo nariz e o ardor piora, caindo para a garganta. Ligo a luz, abro a tampa da cápsula e sento-me.

Logo ali à porta, está um banco com um spray de água doce e uma toalha. Uso-os e a sensação acaba por passar. Volto à posição, fecho a tampa e agora desligo também a luz. Concentro-me na respiração e tento aplicar alguns dos meus conhecimentos básicos de meditação.

Vários minutos mais tarde – quantos foram agora? – deixei de sentir o corpo. Literalmente. Ouvia o coração a bater e parecia estar fora do meu corpo.

O tempo total em que relaxei completamente, ao ponto de ‘desligar’, foram cerca de 25 minutos (de um total de 50 da sessão). Pelo menos foi o que me pareceu. Perdi mesmo a noção da realidade física e a mente esteve algures num limbo. Estranho, mas bom.

Se não se sentir bem em ambientes fechados, também é possível fazer a sessão com a cápsula aberta.

Já no caminho de regresso à redação (e ao mundo), senti-me com mais energia do que o habitual. Fiquei surpreendida. Pensei que iria ficar com o corpo amolecido e a mente pouco desperta, mas senti o contrário: mais concentração, energia e revigorada.

Para potenciar os benefícios da, flutuação aconselha-se a fazer pelo menos três sessões, e depois repetir regularmente. Isto porque, de sessão para sessão, vamos conseguindo aproveitar melhor o tempo total de relaxamento.

10 principais benefícios da flutuação

1. Reduz o stresse, o problema de saúde deste milénio, através do descanso total, privação sensorial, ausência de pressão de gravidade e do contato do corpo com a água e sal à temperatura do corpo;

2. Ajuda a por o sono em dia, já que uma sessão, equivale a 4/6 horas de sono. Promove ainda um reset ao relógio biológico, reduzindo efeitos de jet lag;

3. Aumenta a qualidade do nosso sono, sendo indicada também a quem sofre de insónias;

4. Melhora o humor e ajuda a reduzir o índice de depressão, fazendo-nos sentir mais positivos;

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5. Combate as dores de cabeça crónicas, como as enxaquecas;

6. Promove o relaxamento muscular, sendo ótimo para quem pratica muito desporto;

7. Estimula as capacidades cognitivas. Ao reduzir a tensão, o stresse e a fadiga, o nível de memória e concentração é estimulado, potenciando também a criatividade;

8. As propriedades do sal Epsom, composto por magnésio, melhora o aspeto da pele. Esta fica mais suave, tonificada e desintoxicada;

9. Reduz inflamações nos ossos e articulações;

10. É um tratamento muito aconselhado para grávidas, já que não apresenta riscos e estimula a circulação. A sensação de leveza diminui alguns dos desconfortos associados sobretudo ao final da gravidez.

 

Float In Picoas
Rua Pedro Nunes 14A, Lisboa
Sessão de flutuação: 50min – 50€ / 1h30 – 70€
2ª a sábado, das 10h às 21h
Reservas: 213 880 193 / 915 785 821 / e-mail


 

 

Já alguma vez experimentou uma sessão de flutuação? 

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