Vamos falar de autoestima? Desenvolva o seu amor-próprio (e o dos seus filhos)
A autoestima é uma das principais bases para nos sentirmos felizes. O que está a fazer pela sua? Descubra as estratégias que desenvolvem o amor-próprio e a importância deste para as crianças.
Na Clínica da Auto Estima em Lisboa, os “sofás terapêuticos” são cada vez mais procurados por mulheres. Este é um espaço que a sua fundadora – a psicóloga Débora Água-Doce – define como “o único em Portugal onde se cuida e monitoriza a capacidade que cada um tem de gerar amor-próprio”.
A autoestima, “uma relação a dois entre mim e mim própria, constrói-se ainda na infância a partir da relação com os pais, familiares e pares”, refere à Saber Viver.
É nesta altura, nos primeiros anos de vida, que a figura maternal assume um papel de destaque. “Sabemos hoje que a autoestima da mãe, a forma como se comporta, como cuida e trata de si, influencia imenso a autoestima das crianças, sobretudo das meninas”, revela Magda Dias, autora do blogue Mum’s The Boss e do site Parentalidade Positiva.
“É por isso que nós, pais, devemos em primeiro lugar trabalhar a nossa autoestima e em segundo aceitar a natureza da criança”.
Tem trabalhado a sua ou sente falta de autoestima? No final deste artigo, faça o quiz e descubra.
Como trabalhar a autoestima
Porque é que é tão difícil “consertar” o nosso amor-próprio? “Vivemos na era da selfie e da imagem. Existem cada vez mais pessoas a sofrer em silêncio por não sentirem que estão à altura e por não se acharem bonitas o suficiente de acordo com o estereótipo da perfeição que nos é imposto”, conta a fundadora da Clínica da Autoestima.
“Somos constantemente exigidos a desempenhar vários papéis sociais e somos muito exigentes connosco no desempenho dos mesmos. Muitas mulheres dão uma importância excessiva ao aspecto físico ao auto-avaliarem-se”.
“Até aos 40 despendi imensa energia, dinheiro e tempo em dietas e atividades desportivas que odiava porque não me sentia bem comigo própria”, confidencia à Saber Viver Marisa, 47 anos, professora primária.
“Sentia que tinha de provar, constantemente, que era muito bem-sucedida profissional e pessoalmente. Era uma pressão enorme que não me deixava desfrutar da vida como eu queria e como tinha imaginado. O ponto de viragem foi o meu divórcio, quando me vi totalmente sozinha. Senti-me perdida até perceber que tinha de começar do zero, que tinha de levar a sério a relação mais importante da minha vida e que a primeira pessoa de quem tinha de gostar era de mim. Comecei a experimentar coisas novas por minha conta e risco e fui-me conhecendo. Sinto-me mais segura porque aquilo que sei sobre mim, hoje, não se deve a mais ninguém senão a mim e isso nunca me poderão retirar. Tive de criar a minha própria estabilidade emocional”.
A base da felicidade e do bem-estar, assegura a psicóloga Débora Água-Doce e do bem-estar, “resume-se à capacidade que temos de olhar para nós com amor. Quando isso falha, tudo falha. Nada é suficiente para que nos sintamos felizes”.
E se queremos de facto ser felizes, só podemos começar de uma forma: sendo verdadeiramente honestas com aquilo que nos motiva. “Tento ser o mais autêntica e verdadeira possível no conteúdo que produzo”, partilha Mafalda Gomes, modelo de lingerie plus size com mais de 40 mil seguidores no Instagram.
“Não quero que me interpretem como uma impostora. Quando não estou bem, não estou bem e pronto. Aconselho verdadeiramente a curadoria das redes sociais, deixem de seguir páginas que vos façam sentir mal com vocês mesmas. Não é suposto sermos torturadas cada vez que mexemos no telemóvel. Unfollow! Fala-se muito em self-care, banhos longos e máscaras hidratantes, mas não se explica às pessoas como ser genuinamente gentis consigo mesmas”.
Como aumentar a autoestima do seu filho?
Para Ana Rodrigues, mãe da Francisca de 5 anos, bom exemplo é a melhor forma de transmitir crenças saudáveis.
“Se eu cuidar de mim, sei que ela me terá como uma referência. Vejo-a a imitar-me quando ponho cremes ou quando me maquilho, mas a independência e a responsabilidade são as duas competências que mais trabalho nela. Promovo novos desafios regularmente e encorajo-a a experimentar o que ela quer, dando-lhe margem para cometer erros e aprender a lidar com a própria frustração. Quero que cresça consciente do valor que tem e do dos outros também”, refere.
Dicas para pôr em prática com os seus filhos
Para se certificar que os seus filhos crescem num ambiente propício ao desenvolvimento do seu amor-próprio e da autoestima, ponha em prática estas dicas:
• Reserve momentos exclusivos para estar com os seus filhos;
• Corrija os erros utilizando por base o afecto;
• Promova a autonomia e atribua responsabilidades;
• Evite comparações e rótulos
• Estabeleça limites de acordo com a idade;
• Valorize o esforço e não os resultados.
6 estratégias a seguir para se tornar na sua melhor versão
Tenha esta lista sempre à mão para trabalhar a sua autoestima. Pode descarregá-la nesta versão printable e guardá-la num sítio visível: no telemóvel, computador, secretária do escritório ou na porta do guarda-roupa, para começar o dia cheia de self love.
1. Seja a sua melhor amiga
Elimine todos os sentimentos de culpa que sente em relação à forma como está a viver a sua vida. Evite criticar-se por não estar a fazer algo que deveria fazer ou por aquilo que fez e não devia ter feito. Restrinja-se ao presente.
2. Não se compare com os outros
Fuja da competitividade. Se for por aí, pode cair no erro de acreditar que o seu sucesso pessoal e profissional só será atingido quando superar o das outras pessoas. Aceite as suas características individuais únicas e utilize-as para o melhor.
Transforme aquilo que a distingue numa vantagem pessoal e certifique-se de que sabe identificar quais são as suas melhores qualidades.
3. Perdoe os seus erros
Não generalize as suas experiências nem amplifique as emoções negativas. Ao invés de ficar presa a um momento menos bom da sua vida, seja mais gentil consigo mesma e arrisque novamente.
Não se acomode, só conseguirá evoluir saindo da zona conforto onde entrou.
4. Cuide do seu corpo, mas não viva obcecada com ele
Preocupe-se em praticar atitudes benéficas que respeitem a sua saúde física e mental, mas sem sucumbir à ditadura dos padrões estéticos perfeitos. Você só será bonita aos olhos dos outros quando se sentir realmente bonita de dentro para fora.
5. Seja honesta consigo mesma
Mentir para nós próprios é um caminho sem volta. Admita as suas dificuldades e alimente os seus pontos fortes. Coloque-se em primeiro lugar, sem se transformar numa ditadora narcisista.
Ouça-se interiormente e encontre formas terapêuticas de organizar as suas emoções. Escreva um diário ocasionalmente e aproveite os momentos de pausa para reflectir sobre os seus próprios comportamentos e como se sente em relação a eles.
6. Comemore as vitórias e agradeça
Comemore os objectivos alcançados com otimismo e alegria, rodeando-se de pessoas que a respeitam e que fiquem contentes por si. Fuja dos relacionamentos abusivos e destrutivos e respeite-se em primeiro lugar. Você não está cá só para sofrer!
Como está o seu nível de autoestima? Faça o quiz e descubra por si mesma. Leia ainda como é que cinco dias dedicados ao autocuidado influenciam o nosso bem-estar.