Japão fascinante. Um roteiro de duas semanas
O país do Sol Nascente atrai anualmente milhões de visitantes em busca de paisagens, experiências e paladares distintos. Tóquio, Osaca, Quioto, Hakone e Nara figuram entre as cidades imperdíveis. Por Luis Batista Gonçalves
Embora as origens remontem a 1583, a última remodelação do castelo de Osaca iniciou-se em 1995. Ao longo desses 412 anos, o edifício foi ampliado e ocupado por diversas vezes, foi palco de incêndios, explosões e invasões. Em 1843, após anos de abandono e degradação, começou a ser alvo das intervenções que lhe deram o aspeto que exibe orgulhosamente nos dias de hoje.
O monumento é uma das principais atrações turísticas de Osaca, que, por ter ligações aéreas mais acessíveis, é a cidade recomendada para iniciar uma viagem ao Japão. Localizada estrategicamente a 43,4 quilómetros de Quioto e a 32,6 quilómetros de Nara, é o ponto de partida perfeito para um roteiro de duas semanas que permite ficar a conhecer alguns dos (muitos) atrativos do país do Sol Nascente.
A imponência do castelo (3,50€) contrasta com a tranquilidade dos jardins que o rodeiam. Embora não tenha a agitação de Tóquio, Osaca é uma cidade vibrante, que pede para ser percorrida de lés a lés durante três ou quatro dias. Dotonbori, atravessado pelo canal do mesmo nome, é um dos pontos de passagem incontornáveis. É lá que se encontram muitas das lojas, restaurantes, tabernas típicas e salas de jogos eletrónicos que turistas e locais gostam de visitar.
De dia e de noite, o ramerrame não para, mas, à medida que o sol se põe, ruas e ruelas enchem-se de luzes, tornando o ambiente ainda mais feérico.
Do mercado aos templos
Naniwa-ku é outro dos bairros de Osaca que ganha outra vida à medida que vai escurecendo. É lá que, rodeada de estabelecimentos comerciais e espaços de diversão, está situada a Torre Tsutenkaku (5,80€), um dos símbolos da cidade. O Mercado Kuromon, em Chuo Ward, é um dos melhores lugares para provar a comida de rua local, que tem nos takoyaki, bolas cremosas de massa frita com recheio de polvo, uma das iguarias típicas de maior expressão.
Os adeptos de recordações e pechinchas não devem perder Shinsaibashi, a maior rua comercial da cidade. Templos a visitar também são muitos. O mais original e surpreendente é o de Namba Yasaka (entrada livre), casa do Shishiden, um leão que aos olhos dos ocidentais mais parece um dragão com a boca escancarada. Entre os lábios da divindade, uma das mais fotografadas da região, encontra-se um dos altares do santuário.
Entre as atrações turísticas de Osaca figuram também o parque de diversões Universal Studio Japan (50,15€) e o Umeda SÈ Building (8,75€), um complexo empresarial constituído por dois edifícios de 40 andares interligados por uma passagem que dá acesso ao observatório que oferece a melhor vista panorâmica da cidade.
A agitação de Tóquio
É tempo de pegar nas malas e apanhar o Shinkansen rumo a Tóquio, a base para os próximos seis dias. A viagem no popular comboio rápido (a partir de 81€) não chega a demorar duas horas e meia. Sendo a capital do Japão a cidade mais populosa do mundo, com 37,2 milhões de habitantes, não é difícil imaginar a quantidade e a diversidade de pessoas.
Além das que se vestem como as figuras de banda desenhada que ilustram os livros de manga, há as que circulam com trajes tradicionais e as que não dispensam os fatos executivos, habitualmente pretos, que usam no dia a dia no escritório. Repleto de arranha-céus, templos, parques e letreiros luminosos, Tóquio é um mundo à parte.
A zona de Shibuya, conhecida por ter a passadeira de peões cruzada mais atravessada do mundo, é um dos pontos de passagem obrigatória. Diariamente, são mais de 2,4 milhões de passantes que a cruzam para aceder às lojas, restaurantes, salões de jogos e edifícios empresariais que a povoam.
Muitos dos transeuntes nem sequer se apercebem da estátua de Hachiko, que imortaliza Akita, o cão que o professor universitário Eizaburo Ueno adotou no início da década de 1920. Diariamente, era ali que o animal aguardava diariamente o regresso do dono. Após a morte do docente, em 1925, o canídeo continuou a esperá-lo todos os dias até morrer. Ainda hoje é considerado o cão mais leal do Japão.
Em Shinjuku, outro dos bairros mais vibrantes da cidade, é um gato a fazer as delícias dos turistas. À hora certa, o animal digital hiper-realista surge nos ecrãs gigantes colocados no topo de dois edifícios, numa animação interativa em 3D que vai tendo versões mais curtas a cada 15 minutos. Apesar de ser uma atração turística recente, criada apenas em 2021, o gato de Shinjuku já é um dos ícones mais virais da cidade, tal como a Torre de Tóquio (5,25€) e a Tokyo Skytree (20,40€).
Antever o futuro
Espalhados pela capital nipónica estão mais de quatro milhares de templos e santuários, a maioria de entrada gratuita. O Meiji Jingu, construído num parque urbano com 70 hectares, é um dos obrigatórios, a par do de Asakusa, que surge no funal de uma pitoresca artéria comercial.
Em troca de uma moeda, pode antever o futuro, lendo o papel que lhe calhou em sorte após extrair um número de um recipiente de madeira. Se não lhe agradar, pode enrolar a folha e atá-la no local indicado, para afastar as más previsões.
Para sentir o pulso à cidade, o bairro de Harajuku também deve constar do roteiro. Além de roupa e objetos de decoração vintage, encontra aqui estabelecimentos com as propostas mais pitorescas para os fãs de manga e anime e cafés e restaurantes com iguarias irresistíveis. Os apaixonados por animais podem aproveitar para desfrutar de uma bebida enquanto fazem festas a gatos, ouriços-cacheiros, lontras, corujas e até cobras.
A partir de Tóquio, também são muitos os locais que se podem explorar em percursos de um dia, como é o caso das localidades em redor do monte Fuji e de Hakone, uma cidade nas margens do lago Ashi conhecida pelo santuário homónimo com o torii vermelho (portão tradicional que se encontra normalmente na entrada de um santuário xintoísta que marca a transição do mundano para o sagrado) situado no lago e pelas termas naturais.
Uma ida à ToÈo Disneyland (54,80€) ou ao ToÈo DisneySea (49,05€), dois dos muitos parques de atrações nos arredores da cidade, são outras hipóteses a considerar.
A tranquilidade de Quioto
Mais a sul, Quioto, antiga capital do Japão, é um bálsamo para a alma. Sem a agitação de Tóquio ou Osaca, é uma cidade de templos, santuários e gueixas, ainda que poucas se deixem ver. Com entrada gratuita, o Templo de Fushimi Inari, que se estende por mais de quatro quilómetros, com o último altar a 230 metros de altura, é o mais exuberante. O acesso faz-se através de uma correnteza de pilares vermelhos.
Kinkaku-ji (2,95€), o famoso templo dourado, é outra das atrações, à semelhança do Templo de Sanjusangen-do (3,50€), do bairro típico de Gion e da floresta de bambu de Arashiyama, outro dos quarteirões a visitar.
O imponente Castelo de Nijo-jo (7,60€) é incontornável e exige uma visita guiada (7€). Ao percorrê-lo, o soalho range, como nos tempos em que o imperador era guardado pelos samurais. O interior é deslumbrante.
Estando em Quioto, é impensável não apanhar um comboio regional em direção a Nara. A principal atração da pitoresca localidade são os cervos que circulam em torno dos templos, dos santuários, dos museus e das lojas que existem em redor do parque natural da região. Vendedores ambulantes estrategicamente posicionados vendem as bolachas de cereais com que os visitantes alimentam os animais para os atrair. Os mais afoitos chegam a pôr o focinho nas mochilas dos turistas em busca de mais alimento.
O que provar
A gastronomia japonesa é, de acordo com uma análise da plataforma digital TasteAtlas, a segunda melhor do mundo:
• Apesar de ser imediatamente associada ao sushi, ao sashimi e à tempura, vai muito para além destas especialidades, como se pode confirmar nas izakayas, as pitorescas tascas nipónicas.
• Além dos takoyaki, bolas cremosas de massa frita com recheio de polvo, prove a sopa de miso, as milhentas versões de ramen e o okonomiyaki, uma panqueca habitualmente recheada com couve e carne.
• As espetadas yakitori e o unagi, fatias de peixe servidas com um molho espesso adocicado, também são muito habituais.
• À sobremesa ou entre refeições, delicie-se com os mochis, bolos gelatinosos feitos com farinha de arroz, com vários recheios, mas não deixe de experimentar os taiyakis, os dangos e os daifukus.
• Além da cerveja japonesa, prove também o saqué, que varia de região para região.
• Imperdível é também a cerimónia do chá. Os rituais mais tradicionais realizam-se em Quioto, onde também pode jantar com uma vista privilegiada no Le Grand Café Fauchon Kyoto.
• Em Tóquio, Hanasanshou, The Dining e Kazahana, que serve vinho português da AdegaMãe, são três restaurantes a experimentar. Em Osaca, The Warehouse surpreende pela gastronomia descontraída.
Onde ficar
Osaca: O Aloft Osaka Dojima é a base perfeita para explorar a cidade. Moderno e cosmopolita, é um hotel repleto de arte colorida, com um pequenoalmoço bufete que inclui especialidades locais, com quartos duplos a partir de 135 €/noite.
Tóquio: O elegante Bellustar Tokyo, com quartos duplos a partir de 370€/noite, proporciona o descanso perfeito, tal como o Mandarin Oriental Tokyo, com quartos duplos a partir de 640€/noite. O Conrad Tokyo, com habitações duplas a partir de 800€/noite, é outra escolha aspiracional. Numa gama mais acessível, o Shiba Park Hotel e o Park Hotel Tokyo, com preços a partir de 160€/noite em quarto duplo, são uma alternativa.
Quioto: O Fauchon Hotel Kyoto, a partir de 365€/noite em quarto duplo, é uma experiência imperdível. Além da decoração elegante, surpreende os hóspedes com um armário repleto de macarons e biscoitos que podem degustar na habitação ou levar como recordação gratuitamente. The Chapter Kyoto, outro dos hotéis da cidade, a partir de 215€/noite por quarto duplo, é uma opção mais acessível.