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Não pode perder também estes 4 locais quando visitar Cinque Terre

Não pode perder também estes 4 locais quando visitar Cinque Terre

Às famosas Cinque Terre, juntamos mais quatro, todas elas viradas para o mar da Ligúria e recheadas de baías paradisíacas, casarios pitorescos e paisagens encantadoras, perfeitas para usufruir do verdadeiro dolce far niente italiano.

Por Ago. 17. 2023

Esculpidas em penhascos mais ou menos acentuados entre o mar e a serra, num raio de 18 quilómetros, as Cinque Terre, cuja fama corre o mundo, ao vivo superam todas as expectativas.

Casas coloridas, igrejas antigas, ruelas floridas, baías paradisíacas com um mar azul-turquesa que, nesta altura do ano, ronda os 25°C, socalcos com vinhas, oliveiras e limoeiros, e trilhos que escondem paisagens sedutoras integram um cenário único no mundo, tudo com o selo da UNESCO.

Monterosso, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore – assim se chamam as cinco terras – são, desde 1997, Património Mundial da Humanidade e estão inseridas num parque nacional e numa área marinha protegida na costa da Ligúria, no noroeste de Itália.

Mas vamos já desvendar-lhe um segredo: uma viagem àquela região não fica completa sem uma ida a Porto Venere, San Terenzo, Lerici e Tellaro.

“Enquanto os turistas vão para as Cinque Terre, nós, os locais, vamos para as outras”, assegura-nos um habitante de La Spezia. Dicas destas são para levar a sério, dizemos-lhe nós, que visitámos todas elas.

Partida à descoberta

Como a viagem de comboio é feita através de túneis que não nos deixam ver a paisagem, começámos esta viagem pelas Cinco Terre de barco.

Parte do porto de La Spezia (Linha 2 – 25€, só ida) e passa pelas cinco localidades, parando em todas, com exceção de Corniglia, a única que fica acima do nível do mar.

O barco é a melhor forma de apreciar uma paisagem ímpar, feita de serras e falésias imponentes pinceladas pelo pitoresco casario tipicamente Ligúrio das povoações.

Mas o deslumbre começa antes, logo à saída da cidade de La Spezia, que ganha encanto vista do seu bonito golfo.

Monterosso al Mare

Duas horas depois da partida, chegámos a Monterosso al Mare, a última das vilas no sentido La Spezia-Génova.

É a maior de todas e, além da parte antiga, tem uma zona mais moderna, que tem a maior praia das Cinque Terre, por sinal, protegida por uma estátua de Neptuno. Seja na parte antiga ou na nova, vale a pena aproveitar a praia.

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A Igreja de São João Baptista, as ruínas do Palácio do Podestá, o castelo dos Fieschi e o Mosteiro dos Capuchinhos são alguns dos ex-líbris de Monterroso.

Mas obrigatório mesmo é percorrer as ruelas do borgo anticho, que têm aroma a focaccia e a farinata, especialidades ligúrias.

As primeiras podem ser simples, com queijo, cebola, anchovas, tomate e mozarela, entre muitos outros recheios; as segundas são uma espécie de panqueca feitas com farinha de grão.

Vernazza

De Monterosso a Vernazza são 3,7 km de distância pelo Sentiero Azzurro (esta parte do percurso tem um custo 7,50€, mas se tiver o Cinque Terre Card está incluído), o que equivale a uma caminhada de cerca de 2h.

Não lhe vamos mentir, o primeiro quilómetro é duro, porque é sempre a subir por uma íngreme escadaria de pedra.

Convém ter alguma preparação física e o segredo para esquecer que bastavam poucos minutos de comboio para chegar a Vernazza é concentrarmo-nos nas paisagens de cortar a respiração que só podemos ver se formos a pé.

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Com o mar sempre do lado direito, videiras, oliveiras e limoeiros plantados nos socalcos, muita vegetação mediterrânica e riachos completam o cenário.

O final do trilho traz-nos uma visão deslumbrante de Vernazza. Garantimos-lhe que até o cansaço desaparece, pois é uma das vistas mais bonitas das Cinque Terre.

Na povoação, a primeira paragem é feita na pequena praia para nos refrescarmos no mar e, já dentro deste, quando olhamos para trás e observamos Vernazza e a sua rica arquitetura, não há margem para dúvidas: cada quilómetro valeu o esforço.

A Igreja de Santa Margherita d’Antiochia e o castelo de Doria com a sua torre cilíndrica são dois dos pontos de interesse.

Uma curiosidade: Vernazza tem apenas uma rua, a via Roma, onde ‘desaguam’ várias ruelas e escadarias, que vai dar também à estação de comboios, o meio de transporte escolhido para ir até à próxima terra, Corniglia. Quem preferir pode fazer mais uma etapa do trilho Sentiero Azzurro (4,1 km).

Corniglia

É a única das cinco localidades cujo centro não tem contacto com o mar, pois está localizada num promontório rochoso a 100 metros acima do nível daquele.

Como a estação que a serve está perto do mar, um pequeno autocarro leva os visitantes até à localidade – os mais corajosos podem fazê-lo a pé pela escadaria Lardarina, são 380 degraus.

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Há algo que salta à vista assim que começamos a percorrer as ruelas de Corniglia: a arquitetura é um pouco diferente das restantes quatro localidades. Dizem os entendidos que é mais parecida com as povoações do interior da Ligúria, mas também é colorida.

Pela via Feschi chegamos ao pitoresco largo Taragio, com as suas esplanadas a pedirem uma paragem. Antes disso, nada melhor do que apreciar a vista para a imponente costa das Cinque Terre no miradouro de Santa Maria.

O monumento mais importante é a igreja gótico-genovesa de São Pedro. Apesar de estar acima do nível do mar, Corniglia também tem um lido, para apanhar sol e tomar banho. É ter pernas para descer e subir. Mais uma vez, vale a pena.

Manarola

Foi também de comboio que chegámos a Manarola e, da estação, desembocámos numa praça que tem uma espécie de varandim para a rua que dá acesso à marina, onde formações rochosas formam piscinas naturais.

Os mais afoitos escolhem as rochas para dar acrobáticos mergulhos, que, pela ousadia, valem aplausos de quem está por ali a apanhar sol ou apenas a contemplar a vista.

O monumento principal é a Igreja de São Lourenço e à distância de uma curta caminhada com o mar ao lado chega-se à Punta Bonfiglio para o melhor panorama de Manarola.

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No próximo verão, será possível voltar a percorrer o trilho mais romântico do mundo, a via Dell’Amore, que, no seu 1,1 km, tem sempre o mar como pano de fundo. Liga Manarola a Riomaggiore e foi escavado nas rochas nos anos 20 do século passado, mas devido a uma derrocada está encerrado há 12 anos.

É o trilho mais fácil das Cinco Terre e demora, em média, 25 minutos a ser percorrido. No início de julho, já depois da nossa viagem, reabriram 160 metros deste caminho, mas do lado de Riomaggiore. Para os percorrer é preciso pagar 5€ (mesmo que tenha o Cinque Terre Card), o que está a criar alguma polémica em Itália.

Riomaggiore

A última das Cinco Terre, ou a primeira para quem faz a visita ao contrário, está pintada por edifícios amarelos e rosa, com algum bordeaux à mistura, e pelo verde das suas portadas.

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A sua pequena marina é casa de barcos tradicionais usados na pesca; já no ponto mais alto de Riomaggiore está o castelo, que, juntamente com a igreja gótica de San Giovanni Battista e o Oratório de Santa Maria Assunta são os seus monumentos.

Quando o sol está quase a pôr-se, todos os caminhos vão dar ao miradouro acima da marina, do lado este com vista para oeste. É um ponto final perfeito para a visita às Cinque Terre, para descansar o corpo e deixar pairar a mente, que assimila toda a beleza vista, seja a natural ou com a mão do Homem.

Porto Venere

Também conhecido por sesta terra, Porto Venere fica situado entre La Spezia e Riomaggiore. De La Spezia chega-se facilmente por autocarro (1,50€) ou barco (é a mesma linha que vai para as Cinque Terre).

É uma vila medieval, também de casas coloridas, e integra a Lista de Património Mundial da UNESCO.

Atravessar a Porta del Borgo é como entrar noutra época. As ruas estreitas levam-nos a lojas de artesanato e de gastronomia e à igreja de São Pedro, já fora daquele núcleo.

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Situada num rochedo, tem uma vista para o mar única e os arcos que sobraram da antiga fortaleza fazem-nos viajar outra vez no tempo. Apetece ficar ali a olhar o mar de um azul-turquesa de fazer inveja a paragens bem mais longínquas.

Descemos um pouco para continuarmos a contemplar a paisagem, mas desta feita na Gruta Byron, assim conhecida porque deslumbrou o poeta inglês Lord Byron.

É o local ideal para ir a banhos, mas também para ver o pôr do sol sentada num anfiteatro esculpido para as pessoas se deleitarem com os espetáculos encenados pela Natureza.

Neste sobe e desce de Porto Venere fomos dar ao castelo Doria e, mais uma vez, é a vista que nos arrebata. À frente de Porto Venere existem três ilhas, a maior chama-se Palmaria e é a meta perfeita para fazer praia.

Costa de Lerici

Os nomes a fixar aqui são Lerici, San Terenzo e Tellaro, três povoações situadas no lado este do golfo dos Poetas, como também é conhecido o golfo de La Spezia, que apaixonou muitos artistas italianos e estrangeiros e é fácil perceber porquê: são lugares inspiradores.

De Porto Venere chega-se facilmente à primeira de barco (15€); caso o ponto de partida seja La Spezia, há autocarros para as duas primeiras (1,50€). Lerici é conhecida pela sua marina bem diferente das Cinque Terre. Aqui, os pequenos barcos de pesca dão lugar a embarcações de recreio.

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Tem ainda um lido, com acesso ao mar. Mas, para fazer praia, aconselhamos as praias de areia na marginal que liga Lerici a San Terenzo; as duas vilas são ligadas entre si e dá para fazer a marginal a pé numa caminhada de 30 minutos.

Por fim, Tellaro, a vila que o casal de poetas Percy e Mary Shelley transformou num centro cultural no século XIX, à qual chegámos de minibus a partir de Lerici (2,5€). Ainda hoje são lendários os serões culturais no Parque Shelley.

Tellaro é sinónimo de calma e encabeça os tops dos locais mais bonitos de Itália. Ingredientes mais do que suficientes para a visitarmos sem pressa e entrarmos na sua biblioteca.

Mas se, durante o dia, é bonito, ao pôr do sol, torna-se mágico. A luz quente ilumina o borgo enquanto o sol se põe entre a ilha de Palmaria e a do Tino. No ar fica a certeza de que a felicidade pode ser isto.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº278, agosto de 2023.
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