Viagens e lazer

Quinta da Comporta, o destino que prima pela autenticidade

Um sonho antigo do arquiteto Miguel Câncio Martins deu origem à Quinta da Comporta, um resort ímpar onde reina a tranquilidade que esta zona de Portugal, que anda nas bocas do mundo, transmite. O objetivo é porporcionar experiências autênticas a quem por aqui passa e contribuir para o seu bem-estar sem artíficios…

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Quinta da Comporta, o destino que prima pela autenticidade Quinta da Comporta, o destino que prima pela autenticidade
©FREDERIC DUCOUT
Rita Caetano
Escrito por
Jan. 05, 2023

Quando, em 2019, a Quinta da Comporta abriu portas, foi o concretizar de um sonho com mais de 25 anos do arquiteto e designer de interiores Miguel Câncio Martins, o proprietário e mentor deste wellness boutique resort, localizado no centro do Carvalhal e a poucos quilómetros da praia com o mesmo nome.

“Vinha para aqui de férias desde os 11 anos e tinha vontade de construir um hotel neste mesmo sítio há muito tempo. Havia aqui uns barracões e granjas meio abandonados e esta localização sempre me fascinou, porque tem toda esta abertura e o arrozal”, descreve-nos, enquanto provamos o delicioso pequeno-almoço do hotel servido no restaurante Mar d’Arrozal com vista, lá está, para esta localização ímpar que o fez apaixonar-se.

Quando finalmente comprou o terreno, “as ideias já estavam todas alinhadas, foram precisas algumas alterações, porque, entretanto, a forma de viajar tinha mudado. Dois anos depois, da obra ter começado, abrimos”, conta o arquiteto.

Há quem diga que é a nova Saint Tropez, mas não é o novo nada. A Comporta por si só já é uma marca – Miguel Câncio Martins, arquiteto e designer de interiores

Desde aí, o hotel coleciona admiradores por todo o mundo e facilmente se percebe o porquê disso.

A calma e a beleza que o cenário onde está inserido, com os arrozais como pano de fundo, transmite; a arquitetura que respeita as tradições locais e tem a sustentabilidade como pilar; o espaço que não falta seja dentro ou fora de portas; a piscina infinita, que tem a particularidade de ter uma parede de vidro; o spa com produtos próprios e a simpatia da equipa são ingredientes que não passam despercebidos, e todos juntos compõem uma receita de sucesso.

Há hóspedes que voltam todos os anos e outros várias vezes por ano, facto que muito agrada a Miguel Câncio Martins. “Cria-se uma ligação muito interessante entre nós e os hóspedes, que demonstram até alguma nostalgia quando se vão embora”, realça.

©FREDERIC DUCOUT

Independência e autenticidade são duas palavras que regem a Quinta da Comporta. “Quando viajo, o que mais vejo são coisas iguais em todo o lado por pertencerem a grandes grupos e gostava que a Comporta vendesse a sua autenticidade. Acho que as pessoas vêm para aqui por ser diferente e para terem a experiência da Comporta. Há quem diga que é a nova Saint Tropez, mas não é o novo nada. A Comporta por si só já é uma marca; não precisa de estar associada a mais nenhuma, mas sim reforçar a sua própria marca e criar outras”.

Foi com esse espírito que criou o resort e é com ele que está sempre a pensar no que aqui pode fazer mais, como fez com a marca própria do spa, a Oriza Lab.

“Gosto muito da aventura da criatividade”, sublinha. Quando pensou no projeto, “o objetivo foi tentar ficar o mais próximo da imagem da Comporta para os passantes, portugueses e estrangeiros, e tentar reproduzir ao máximo as casas e reproduzir isso num hotel”, conta. Quando lhe pedimos para descrever o que este projeto tão pessoal lhe transmite a si e a quem aqui vem, o arquiteto não tem dúvidas:

“A capacidade de nos fazer desligar e de estarmos connosco próprios. As pessoas nem sabem bem explicar isto por palavras, mas todas sentem o mesmo. Mal chegamos, damos de caras com uma parede branca com plantas, estacionamos o carro e, quando começamos a descer em direção à horta, já desligámos”. Mas, se as pessoas importam, o ambiente também. “Sozinhos não podemos mudar o mundo, mas, se cada um fizer a sua parte, podemos ter impacto. A ecologia não é privarmo-nos de tudo, mas sim viver com qualidade face à escassez”, diz o arquiteto. O reaproveitamento de material já existente, a aposta no isolamento dos edifício, os painéis solares; a recuperação da água das chuvas, das águas cinzentas da casa de banho e da águas existente no subsolo são alguns dos princípios de sustentabilidade da Quinta da Comporta

A construção da Quinta da Comporta teve como base a reabilitação de estruturas e materiais preexistentes para ter o menor impacto possível sobre o meio

Conforto máximo

Na Quinta da Comporta, o alojamento divide-se entre quartos, suítes, townhouses e pool villas. Todas as tipologias caracterizam-se por serem espaçosas e a maior parte tem kitchenette, ou seja, são ideais para estadias longas e para famílias.

©Manolo Yllera 

A decoração privilegia os materiais tradicionais e texturas naturais.

Um encontro de bem-estar

Além dos já habituais retiros de ioga, no próximo ano, a Quinta da Comporta vai apostar em programas para a perda de peso, gestão de stresse, pós-covid e para deixar de fumar, que irão juntar desporto, nutrição e tratamentos de spa.

O Spa Oryza Lab tem 800 m2, seis salas de tratamento, uma piscina interior/exterior aquecida, hammam, sauna e um ginásio, que, num futuro próximo, irá ter um espaço próprio.

Rituais com rizoterapia

Não há como entrar no Oryza Spa e não nos lembrarmos dos chalets de estâncias de esqui pela sua arquitetura. Lá dentro impera o silêncio, só quebrado pelo suave rumor da água quando se nada na piscina aquecida, que começa no interior e se estende pelo exterior com vista para os arrozais.

O hammam e a sauna também têm vista para o exterior. Os materiais naturais mobilam o seu interior e dentro de cada sala de tratamento terá à sua espera um tratamento personalizado, tendo em conta as necessidades da sua pele.

©Manolo Yllera 

Oiça os conselhos, faça perguntas e deixe-se nas mãos das terapeutas que vão mimar e tratar do seu tecido cutâneo com o que ele mais necessita.

No final, terá uma rotina de cuidados que deve seguir em casa. A base dos tratamentos é a rizoterapia, que associa os benefícios do arroz a protocolos de cuidados pensados ao pormenor.

A Oryza Lab é a marca própria do Oryza Spa e junta o conhecimento da cosmética francesa às propriedades do arroz da Comporta para uma experiência autêntica e relaxante

Os tratamentos faciais (a partir de 70€) são o seu ex-líbris por serem realizados com os produtos próprios, mas também há tratamentos de corpo (85€) e, claro, massagens (a partir de 60€).

O arroz é usado há séculos na beleza e é daqui, por isso, fez todo o sentido lançarmos a nossa marca, a Oryza Lab, dando mais uma vez primazia à autenticidade e à independência, diferenciando-nos também no spa, que é sempre o que pretendo fazer”, revela Miguel Câncio Martins, o proprietário da Quinta da Comporta.

©D.R.

“Começámos pelos produtos de rosto e, para o ano, teremos também de corpo”. Atualmente, a linha de produtos cosméticos 100% naturais é composta por óleos, serúns, máscaras, creme e pelling e é comercializada não só no Oryza Spa, mas também online e até no estrangeiro.

“A ambição é vender produtos Oryza Lab à base de arroz aos chineses”, garante Miguel Câncio Martins.

Arquitetura tradicional

As quatro villas com piscina são uma das imagens de marca da Quinta da Comporta.

©FREDERIC DUCOUT

Inspiradas nas casas típicas da região, têm três quartos, podendo, por isso, receber até seis pessoas, sala e cozinha.

Além da piscina, que lembra os tanques de outrora, tem uma zona de estar exterior para aproveitar a envolvência de terreno arenoso e com vegetação típica da zona.

Mergulhos

A piscina de 40 metros de comprimento localizada na eira, onde outrora o arroz era debulhado e seco, destaca-se pela sua margem de vidro e é servida por um bar; no futuro, terá também um barbecue.

©D.R.

É aquecida a energia solar. Ao fim do dia, ver o magnífico pôr do sol sobre o arrozal que lhe serve de cenário é um momento inesquecível.

A Quinta da Comporta tem uma área de 700 m2 de painéis solares que leva à geração sustentável de eletricidade para todo o resort

Atividades

Além das aulas de ioga e de Pilates e do ginásio, a Quinta da Comporta tem ao dispor dos seus hóspedes bicicletas elétricas para passear no bosque e nos arrozais, que se estendem até à orla costeira.

Como diz Miguel Câncio Martins, “são muitos os quilómetros a percorrer aqui nas redondezas”, lembrando também os vários parceiros locais, caso da Comporta Surfing e da Cavalos na Areia.

É ainda possível fazer passeios de barco em Tróia, observação de aves, degustações de vinhos regionais ou até ir a Évora para um programa mais cultural.

À mesa

“A horta e os produtores locais são a base do conceito do restaurante Mar d’Arrozal”. A frase é do chef João Sousa, que lidera a cozinha da Quinta da Comporta desde a abertura do resort.

“A sustentabilidade e a alimentação saudável são muito importantes para o nosso conceito ou não estivéssemos nós num hotel de bem-estar, por isso, evitamos ao máximo alimentos refinados e apostamos em produtos da época, alimentos integrais e em superalimentos como a matcha, a espirulina e as bagas goji”, acrescenta.

Tudo isso claro com, continua João Sousa, “um toque muito próprio do pequeno-almoço ao room service e às refeições principais. Fazemos comida de conforto com personalidade. Queremos que as pessoas se lembrem dos sabores que aqui provem e que não os consigam sentir noutros restaurantes”.

Para isso, conta com a ajuda das mais modernas técnicas de culinária. O sous-vide é uma delas, porque “deixa intactos os benefícios dos alimentos, por ser uma confeção lenta”, realça.

Salada de beterraba fumada com molho de azeite e pinhão, ceviche de corvina, arroz de acelgas da horta e pregado grelhado com a couve-flor e puré da mesma são alguns dos pratos que nos chegaram à mesa para irmos comprovando o que o chef nos vai contando, ou seja, que os alimentos locais ganham sabores e texturas que conseguem surpreender.

©FREDERIC DUCOUT

É da horta, que terá um novo espaço em breve, que chegam produtos muito variados, dependendo da época do ano, são exemplo disso as acelgas, as beterrabas, o tomate, as curgetes, as beringelas, os pepinos, as couves, as alfaces, as ervas aromáticas.

Como tal, os legumes têm muita importância no menu e são, como nos diz João Sousa, apresentados de três formas: cozinhados a baixa temperatura, bringidos (normalmente, esta é a forma escolhida para confecionar os verdes), grelhados ou assados rusticamente no forno.

Mas, se a horta é importante, o que dizer do arrozal? “O arroz é o nosso ingrediente secreto. Antes de vir para cá, quando me disseram que o hotel ficava em frente de um arrozal, fiquei fascinado por ser um dos meus ingredientes de eleição”, afirma o chef, que diz trabalhar com arroz local de diferentes bagos, de acordo com a receita em questão.

Além dos pratos da carta, que muda duas vezes por ano, mas vai tendo pequenos ajustos à medida que a sazonalidade o obriga, o menu tem sempre uma entrada, peixe ou carne e sobremesa do dia, com os produtos que existem no momento.

A espaçosa e bonita sala do Mar d’Arrozal foi construída com recurso a madeira recuperada com mais de 100 anos.

No bar

Com uma sala interior onde não falta uma lareira e com um terraço exterior na eira, no Lounge Bar Eira é possível desfrutar de uma bebida e de refeições leves.

©FREDERIC DUCOUT

É também o espaço perfeito para ficar apenas a relaxar com um livro.

A Quinta da Comporta está aberta todo o ano. Os preços começam nos 275€ por noite com pequeno-almoço.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº268,outubro de 2022.

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