A sua alimentação é muito ácida? Conheça a dieta alcalina

A sua alimentação é muito ácida? Conheça a dieta alcalina

O consumo excessivo de alimentos de origem animal, cereais e sal está a aumentar os níveis de acidez no organismo e a causar problemas de saúde mais cedo. Uma dieta alcalina pode ser o que o seu corpo precisa.

Chegam os resultados das análises clínicas e o que é que queremos ver? Os valores dentro do intervalo considerado normal. No caso do pH urinário, segundo os Laboratórios do Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, costuma estar entre 5,5 (mais ácido) e 7,5 (mais alcalino). “Quando somos jovens e os nossos rins e pulmões funcionam bem, os níveis de acidez do corpo são baixos [próximos do pH neutro, 7], porque uma parte dos ácidos que ingerimos através da dieta é expelida por esses órgãos.

À medida que envelhecemos, a função renal vai diminuindo, fazendo aumentar os valores de acidez”, esclarece Lynda Frassetto, médica nefrologista e professora catedrática da Universidade da Califórnia (pólo de São Francisco), nos Estados Unidos da América.

Assim, se antes dos 40 anos de idade, os níveis de acidez estiverem próximos do limite máximo, tanto podem indicar uma infeção urinária, como ser sinal de uma alimentação rica em ácidos. Por conseguinte, sugerir uma maior vulnerabilidade para desenvolver, precocemente, complicações de saúde associadas ao envelhecimento.

Por isto, o equilíbrio entre uma dieta alcalina e pouco ácida pode ser uma solução para quem sofre destes problemas. Conheça-a.

Em que consiste a dieta alcalina?

Reduzir a acidez no organismo passa apenas por um caminho: equilibrar a sua alimentação. No estudo The Importance of Alkaline and Acid Balance in Our Bodies, os investigadores recomendam uma mistura de 80/20 de alimentos alcalinos e ácidos, respetivamente. “O problema é que a maioria das pessoas não gosta e não come regularmente alimentos alcalinos como espinafres, brócolos e acelgas”, escrevem.

Além de ter de incluir mais legumes e frutas na alimentação, deve ainda evitar outros alimentos. Segundo a BBC, o açúcar refinado, os laticínios, a cafeína, o álcool e a comida processada deve ficar bem longe da despensa e frigorífico.

Assim, a dieta alcalina baseia-se na ingestão de proteína animal e em alimentos “verdes”, ricos em vitaminas e nutrientes.

“Há 50 anos, nos mercados da Europa, praticamente só se vendiam produtos frescos ou caseiros; agora os supermercados europeus parecem os norte-americanos”

As consequências da acidez no organismo

“A minha investigação tem mostrado que um grau elevado de acidez no organismo em pessoas relativamente saudáveis causa problemas. O seu sistema imunitário não funciona tão bem como devia [naquela fase da vida], têm variadas desregulações hormonais, são mais propensas a lesões musculares e ósseas e relatam mais dores”, informa a nefrologista.

Neste sentido, caso os exames de patologia clínica revelem níveis de acidez elevados para uma pessoa jovem adulta ou adulta, cabe ao médico investigar a origem e possivelmente alertá-la para a necessidade de uma mudança de hábitos.

Lynda Frassetto acredita que para prevenir estas consequências, e ainda conseguir retardar o declínio natural da função renal, basta fazer mais exercício físico e alterar aquilo que se come.

Os nossos (maus) hábitos

Atualmente, ingerimos quantidades muito superiores de alimentos de origem animal e de comidas processadas do que os nossos antepassados. “Há 50 anos, nos mercados da Europa, praticamente só se vendiam produtos frescos ou caseiros; agora os supermercados europeus parecem os norte-americanos”, comenta Lynda Frassetto.

O sonho americano foi ganhando popularidade do outro lado do oceano Atlântico. Gerando curiosidade pela cultura gastronómica de fast food, criada para dar resposta a um ritmo de vida cada vez mais acelerado.

A sociedade moderna é que nos levou a este extremismo.

“A sociedade moderna é que nos levou a este extremismo. Cerca de 75 por cento da dieta norte-americana é composta por derivados de cereais (pão, flocos de pequeno-almoço, massa, etc.), laticínios (queijos, natas, leite, iogurtes…), e comida processada (cheeseburgers, bolachas, donuts, bolos, guloseimas, etc.)”, critica a especialista.

Nem os povos da Ásia escaparam à tentação de incluir pratos típicos dos EUA na sua alimentação. “Até ao início do século passado, as dietas asiáticas eram pouco ácidas, porque a ingestão de proteína animal era relativamente baixa e o consumo de vegetais e frutas, elevado”.

Ácidos bons, maus e vilões

Comidas como os cereais de pequeno-almoço, os hambúrgueres e os batidos fazem parte da dieta diária de milhões de pessoas. Acontece que a comunidade científica descobriu que estes alimentos “elevam os níveis de acidez no organismo”.

Além de estarem associadas a doenças como a obesidade e a diabetes tipo 2., Lynda Frassetto explica que tal se deve ao facto de “conterem compostos como clorato, fosfato, sulfato e potássio”. Embora as frutas e vegetais também tenham “citrato e malato na sua composição, esses ácidos transformam-se em bicarbonato quando são metabolizados”.

Já os anteriores não têm essa capacidade. Ou se reduz drasticamente a ingestão de alimentos ricos neles ou se passa a “tomar comprimidos de bicarbonato de sódio”. Algo que, na opinião da nefrologista, seria desnecessário. Isto se os indivíduos simplesmente fizessem mais exercício físico e alterassem aquilo que comem – em particular.

“Outras investigações e a minha experiência dizem que é uma boa dieta, por ser rica em plantas, principalmente, para pessoas sedentárias ou com diabetes tipo 2”

Recuamos ao Paleolítico?

Lynda Frassetto trabalha como médica nefrologista há mais de três décadas. Ainda que acredite plenamente nos benefícios desta mudança dietética, confessa que não foi fácil adotá-la. “Sou de origem italiana, por isso, deitei as mãos à cabeça quando percebi que tinha de eliminar o queijo, a massa e o pão da minha alimentação. Mas fez-me bem. Não gosto de fazer recomendações que eu própria não aplico. Também não espero que as pessoas o façam 100% do tempo; se quiserem comer bolo e gelado no seu aniversário, ótimo – é nos restantes dias que se devem alterar os hábitos”.

Não gosto de fazer recomendações que eu própria não aplico. Também não espero que as pessoas o façam 100% do tempo

A dieta do Paleolítico tem sido usada em estudos científicos para ajudar a baixar os níveis de acidez no sistema com sucesso, pelo que conquistou a aceitação de grande parte da comunidade científica. “Outras investigações e a minha experiência dizem que é uma boa dieta, por ser rica em plantas, principalmente, para pessoas sedentárias ou com diabetes tipo 2, pois os seus perfis metabólicos melhoram de forma drástica”, confirma.

Porém, a especialista recusa-se a prescrever um regime alimentar sem ter o aval do médico de família do indivíduo. A razão é simples: porque “pode ter insuficiência renal ou sofrer de problemas intestinais”.

Alimentos a ingerir e a dispensar na dieta alcalina

Para baixar os níveis de acidez no organismo, é necessário reduzir a ingestão de alguns alimentos e aumentar o consumo de outros. Conheça-os.

Alimentos bons

 Vegetais
Espinafres
 Aipo
Cenoura
Curgete
• Batata
• Couve-flor
• Beringela
• Tomate
• Feijão-verde
• Frutas
• Passas
 Alperce
• Avelã
• Bebidas (sem açúcar adicionado)
• Sumo de maçã

Alimentos maus

 Cereais
• Trigo
 Arroz
Flocos de aveia
Centeio

Alimentos ‘vilões’

Proteínas animais:

• Carnes (de porco e vaca, por exemplo)
• Enchidos (salsichas, chouriço, etc.)
• Peixes (por exemplo, truta e bacalhau)
Ovos (gema)

Laticínios:

Queijos (parmesão, cheddar, gouda, fatiado)
• Natas
• Leite
Iogurtes



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