Crónica. Beber chá ou uma infusão? Eis a questão!
Mas afinal, não é tudo o mesmo? Dia 21 de Maio celebra-se o Dia Internacional do Chá e, por isso, trago um tema que sinto que é bastante oportuno para abordar hoje. A diferenciação entre o chá e uma infusão.
O termo “chá” destina-se a bebidas feitas a partir da planta Camellia sinensis – arbusto nativo da China. Desta planta derivam múltiplas variedades que conhecemos, como o chá verde, o chá preto, o chá branco e o oolong. Cada um desses tipos de chá passa por diferentes processos de oxidação e tratamento, resultando em sabores, cores e propriedades únicas.
O chá, além de ser uma bebida milenar e culturalmente rica, tem uma série de benefícios para a saúde. Os estudos referem que têm na sua composição propriedades antioxidantes como os flavonoides – compostos naturais que fornecem compostos bioativos que ajudam a neutralizar os radicais livres -, especialmente presentes no chá verde, que podem ajudar a reduzir o risco de aparecimento de doenças.
O chá preto, por sua vez, é conhecido por seu efeito positivo no sistema cardiovascular, auxiliando na redução da pressão arterial e melhorando a saúde cardíaca. Além disso, parece haver também efeitos benéficos a nível da prevenção do cancro, declínio neurológico, diabetes, na saúde óssea, imunidade e controlo do peso. É por isso, uma bebida de excelência!
Infusões
No que diz respeito às infusões, este é um universo mais amplo e diversificado. E isto porque uma infusão é qualquer bebida feita pela imersão de plantas, flores, raízes ou frutas em água quente. E, por isso existe uma vasta gama de possibilidades, desde a conhecida camomila, conhecida por suas propriedades calmantes, até outras como o hibisco, hortelã, erva-príncipe, alcaçuz, gengibre, entre outros.
As infusões, apesar de não serem tecnicamente chá, também possuem efeitos benéficos. Por exemplo, a infusão de hortelã tem ação digestiva, o hibisco, com sabor ligeiramente ácido, tem propriedades diuréticas e diminuidoras da tensão arterial, e por aí em diante. Assim, costumo referir que, nutricionalmente, tanto os chás como as infusões podem ser opções benéficas (desde que consumidos sem adição de açúcar).
Contudo, para quem procura uma opção sem teína (substância estimulante semelhante à cafeína presente no café), o melhor é mesmo optar pelas infusões. A quantidade de teína varia de acordo com os processos de oxidação (maturação) e secagem. Quanto mais escuro for o chá, maior é o seu nível de oxidação e, por sua vez, maior a presença de teína.
O ABC do chá
Chá branco
O chá branco é feito a partir de folhas e brotos da planta ainda jovem e, por isso, possui uma grande quantidade de concentração de antioxidantes. De todos os chás, o branco é o menos processado, contendo (normalmente) menos teína.
Chá verde
O chá verde já é mais encorpado e energizante do que o chá branco, e é igualmente rico em antioxidantes. Para a produção de chá verde, as folhas, depois de murchas, são esterilizadas com vapor de água, o que previne a sua oxidação após o enrolamento da folha, fazendo com que mantenham a cor verde e se obtenha um chá rico em tanino e antioxidantes.
Chá oolong ou azul
As folhas deste chá são submetidas a um particular processo de oxidação que lhes dá a sua cor preta azulada, e que também proporciona algumas das suas características organoléticas (ou seja, que impressionam os nossos sentidos) que mais se destacam. Essa oxidação obtém-se graças a um processo de areação e exposição ao sol das folhas do chá.
O tempo de ventilação e secagem para o chá de tipo oolong é muito menor do que aquele usado para oxidar o chá preto. Portanto, este chá azul oferece um sabor a meio caminho entre o chá verde e o preto. Não é tão floral como o primeiro, nem tão forte como o segundo. Por isso, é um chá igualmente interessante com propriedades antioxidades e importantes para a melhoria da saúde.
Chá preto ou vermelho
É a variedade mais comum, com maior concentração de teína e 100% de oxidação. Para obter chá preto, as folhas, depois de murcharem, são enroladas, esmagando-se parcialmente. Expostas ao ar, sofrem um lento processo natural de oxidação. Depois de oxidadas, as folhas são secas.
Apesar de haver benefícios no consumo de chás e infusões, deve haver especial atenção uma vez que podem interagir com alguns medicamentos e diminuir a absorção de determinados nutrientes como o ferro, pelo que se sugere que o seu consumo seja feito fora das principais refeições e toma de medicação.
Assim, escolher entre chá e infusão pode depender do objetivo desejado. Se procura uma bebida energizante e rica em antioxidantes, o chá pode ser a melhor opção. Se deseja algo mais neutro, sem teína, e com propriedades específicas como relaxamento ou alívio digestivo, uma infusão poderá ser mais interessante.
Por isso, da próxima vez que estiver a pensar no que deve comprar no supermercado para beber em casa e/ou na rua, já sabe as diferenças que existem e assim poderá fazer escolhas mais informadas e alinhadas com suas necessidades individuais. Seja qual for a sua preferência, tanto o chá quanto as infusões, cada um à sua maneira, podem contribuir para o nosso bem-estar (em quantidades controladas) e por isso aprovo totalmente o seu consumo.
Formada em Ciências da Nutrição, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Inês Soares possui ainda uma pós-graduação em Nutrição Pediátrica, pelo Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa. Neste momento, está a fazer formação em Microbiota, sendo que as áreas que mais estuda são a microbiota intestinal e o sistema gastrointestinal, no geral. Porém, costuma dizer que é uma apaixonada nata pela nutrição. Podem encontrá-la na clinica IaraRodrigues, onde é nutricionista e dá consultas, desde 2017.