Quando a jornalista britânica Sue Quinn lançou em Portugal o seu livro Sem Adição de Açúcar entrevistei-a para a revista Saber Viver. Na altura pensei aproveitar e deixar de comer açúcar. Foi sol de pouca dura.
Hoje, acompanhada com toda a equipa de online, volto a reler os conselhos de Sue Quinn, autora do blogue Pen & Spoon: “Dê-se ao trabalho de passar um dia inteiro a calcular a quantidade de açúcar adicionado que ingere. Tem de ler os rótulos para o conseguir. Vai surpreender-se. Os produtores colocam açúcar em tudo para que os alimentos durem mais tempo. Também evito cereais ao pequeno-almoço – pode facilmente ultrapassar a dose diária de açúcar recomendada ainda antes de sair porta fora de casa”.
Açúcar, o vilão da alimentação
Qual é a dose diária recomendada? Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) esta não deve ultrapassar 10% das calorias ingeridas diariamente. O ideal é que as corte para metade. Ou seja, reduzir o açúcar para 5% das calorias ingeridas, o equivalente a seis colheres de açúcar (25 gramas) por dia.
E depois há o açúcar escondido nos alimentos. A melhor forma de o percecionar é através das fotografias de Antonio Rodríguez Estrada no site SinAzúcar.org. A iniciativa do fotógrafo formado em nutrição divulga imagens de produtos (a maioria de marcas que se vendem em Portugal) acompanhados pela sua quantidade de açúcar, através da medida de um cubo de açúcar (4g de açúcar por cubo). Por exemplo, uma pizza individual contém 4,2 torrões de açúcar (17g) e seis peças de sushi quatro torrões (16g). Mas há mais. Vá espreitar – pela sua saúde.
Vamos deixar de comer açúcar!
Vamos levar a cabo este desafio. Somos quatro mulheres, com idades entre os 26 e os 44 anos. Estamos juntas nesta missão. E, porque a união faz a força, queremos mesmo deixar de comer açúcar. Trocámos dicas e conselhos, lemos este artigo que explica como deixar de comer açúcar, indica alguns livros e receitas, e quais os melhores substitutos do açúcar.
Começamos hoje. Vamos anotar tudo o que comemos e tentar superar o desafio. O objetivo é prolongá-lo, pelo menos, ao longo de um mês. Somos todas vencedoras apenas por tentarmos. E gostávamos que se juntasse a nós.
Ana Bernardino, jornalista online
Há pouco mais de um ano tinha a minha alimentação super controlada.
Comia de forma equilibrada, constante e consciente. Atualmente, por diversas circunstâncias da vida, está tudo virado do avesso. Além de ter ganho aversão ao exercício físico (que também praticava muito), entrei num ciclo vicioso de não pensar. Não olho para os ingredientes, cedo facilmente à tentação, à gula, à fome emocional. Isto não significa que passo os dias a comer chocolates e bolachas. Mas reflete-se em muitas horas de estômago vazio e numa enorme falta de planeamento e organização, que me fazem recorrer a refeições rápidas, constituídas por comidas pobres, compostas maioritariamente por hidratos de carbono simples e rápidos (adoro!) e em comidas processadas que só me fazem ter mais fome, mais quilos e cansaço.
Aceitar este desafio passa precisamente por inverter esta situação. E a maior dificuldade vai ser também o seu maior benefício: ser controlada, resiliente e organizada. Pôr as mãos na massa e ter paciência para planear e inovar. Recuperar o equilíbrio e sentir que consigo controlar aquilo que como. O que me vai custar mais? As noites de sexta-feira e de sábado, em que me reúno com os meus amigos para jantar fora e para ir dançar um bocadinho – com tudo aquilo a que temos direito.
Catarina Pereira, web designer
No meu dia-a-dia não faço muito controlo, porque tento sempre que a minha alimentação seja o mais saudável possível. Acho que o equilíbrio é a chave para uma alimentação saudável. O equilíbrio, para mim, é tanto físico como mental.
Sempre comi tudo o que quis. Se a meio do dia me apetecer um chocolate, como – não faço nenhum tipo de restrição que me leve a dizer que não. Claro que tento sempre compensar: se comi um chocolate a meio da tarde, à noite não volto a comer doces (só se tiver um jantar ou alguém fizer anos). Também não como muitos doces porque, por vezes, fico muito enjoada e com o coração a palpitar muito rápido.
A minha maior dificuldade vão ser as batatas fritas de pacote! Fim de semana significa batatas fritas :), que tem tudo o que é mau – é processado, tem muito muito sal e, consequentemente, muito açúcar adicionado.
Penso que também vai ser difícil combater esta sensação de “não poder comer”, porque nunca a tive. E vou ter de ter algum controlo.
Espero que com este desafio me sinta menos cansada, com mais energia, e ver realmente o que acontece ao meu corpo e à minha saúde.
Joana Brito, editora online
Sou viciada em açúcar. Confesso. Sempre fui. As sobremesas da avó Linda eram o ponto alto dos Natais da minha infância. A mousse de chocolate da mãe, nos aniversários de família continua uma constante. O pudim de café com doce de ovos da São talvez seja a sobremesa que me faz perder a cabeça. O melhor pão de ló do universo – já percebi que tenho uma adoração por doces de ovos – também. Podia continuar com as minhas inúmeras referências açucaradas. Estas últimas são intermitentes – prendem-se com festividades familiares. Menos mal.
O problema são os meus “cravings” diários – aliás, noturnos. As miúdas na cama e lá vou eu para a minha ver séries e filmes. Mas não vou sozinha – o meu fiel companheiro, o açúcar (e não o namorado), acompanha-me sob a forma de chocolates e bolachas. Quase todos os dias. Quase, porque intervalo com frutos secos, a achar que estou a portar-me bem.
A partir de hoje não mais. Vou deixar de comer açúcar. Não mais açúcar durante um mês – pelo menos. Não há mais snacks à noite. Claro que vai ser difícil. Já o é. Mas vai ainda ser mais logo à noite. Vou jantar pelas 20h00 e (tentar) não comer mais nada. Durante o dia alimento-me de forma saudável. Muitas leguminosas, vegetais, pouca carne, alguns hidratos – pão torrado – e fruta. Agora vou eliminar tudo o que é processado. Tudo o que vem do pacote de plástico. À exceção dos enlatados e dos vegetais embalados.
Mas, atenção, não abdico do meu copo de vinho tinto ao jantar. E, se calhar, quando sair à noite, talvez seja mais do que um…
Marta Chaves, jornalista online
Começo por dizer isto: quando me propuseram este artigo gostei tanto da ideia como gosto de comer brócolos ao pequeno-almoço. E eu odeio brócolos. Eu, sem açúcar? Mas porquê? Faz mal, bem sei. Mas porquê privar-me desse vício tão delicioso? Lá fui convencida pelas minhas queridas e saudáveis (q.b.) colegas e comecei uma nova vida esta segunda-feira, 16 de outubro.
No dia anterior, quando ainda não era uma pessoa saudável, fui às compras. Encontrar produtos sem açúcar é como uma demanda pela Santo Graal. Dizem que existe, mas ninguém o encontra. É mais ou menos igual com os iogurtes e com as bolachas sem açúcar. Mesmo na secção da alimentação saudável (onde nunca perdi muito tempo da minha vida) é difícil encontrar produtos que não contenham açúcar adicionado. Acabei por comprar umas bolachas de milho que parecem esferovite e uns biscoitos de maçã que até têm um ar apetitoso.
O meu maior problema é este: o que vou comer entre as refeições? E antes de ir dormir, quando me dá aquela gula que puxa por uma bolacha de chocolate? Vai custar, eu sei. Mas por isso é que enchi a fruteira de maçãs, bananas e laranjas.
Depois de me terem proposto este artigo, apercebi-me que, afinal, não consumo assim tanto açúcar quanto pensava.
Chocolates só muito de vez em quando e bolos nem vê-los. De qualquer forma, devo dizer que o que me vai custar mais nestas duas semanas (há meninas na Saber Viver que querem fazer isto durante um mês, mas eu cá não sou de loucuras) é não comer o meu iorgurte Oikos com caramelo à tarde.
Comprei iogurte sem açúcar, mas sei que é igual a comer limões à dentada.
Quanto ao sushi, espero ser corajosa o suficiente para resistir. Vamos a isto.
Aceita o nosso desafio e junta-se a nós para deixar de comer açúcar? Vamos dando novidades! Saiba ainda quais os passos que deve dar para excluir o açúcar da sua alimentação.