Atualmente já é possível combinar uma alimentação saudável com preços acessíveis e produtos de qualidade (nutricional e sensorial), quando pensamos no nosso cabaz de compras.
O considerável aumento de uma oferta de qualidade neste campo, aliado a uma cada vez maior sensibilização do consumidor quanto à necessidade de adotar hábitos alimentares saudáveis, em muito contribuiu para esta nova realidade mais consciente e sustentável.
Por isso mesmo, e sobretudo tendo em consideração os números recentes da Direção Geral de Saúde, que revelam que 13% da população portuguesa é afetada pela diabetes, 3 em cada 10 adultos sofre de hipertensão e quase 60% são obesos ou vivem em risco de obesidade (nas crianças a taxa chega aos 30%), é essencial reforçar uma maior acessibilidade e disponibilização de alimentos mais saudáveis, bem como a promoção da literacia nutricional e alimentar.
Nesse âmbito, todos têm um papel fundamental, quer seja a indústria alimentar, o retalho, o governo, os educadores e professores, familiares e até mesmo os amigos. É importante que todos trabalhem no mesmo sentido em prol de promover uma alimentação mais saudável para todos.
Já repararam que, com a correria do dia a dia e a cada vez menor disponibilidade, tempo ou vontade para cozinhar, acabamos muitas vezes por recorrer a produtos alimentares pré-preparados ou pré-cozinhados, sem darmos a devida importância à leitura atenta dos rótulos?
Para que possa fazer escolhas mais conscientes, deixo-lhe algumas dicas relativamente aos nutrientes que, quando consumidos em excesso, são um problema grave para a saúde e aos quais deve dar especial atenção no rótulo, nomeadamente:
• Sal – Opte por consumir mais vezes alimentos com baixo teor de sal (até 0,3g/100g), moderadamente os que têm um teor intermédio (de 0,3g a 1,5g/100g) e evite alimentos com elevado teor de sal (mais de 1,5g/100g).
• Açúcar – Escolha mais vezes alimentos com uma quantidade baixa em açúcar (até 5g/100g), menos vezes os que têm uma quantidade média (de 5g a 22,5g/100g) e deixe para os dias de festa os que têm teor elevado de açúcar (mais de 22,5g/100g).
• Gordura – Prefira os alimentos que têm um baixo teor de gordura (até 3g/100g), com uma menor frequência consuma os que têm uma quantidade intermédia (de 3g a 17,5g/100g) e mais raramente os que têm um teor elevado (mais de 17,5g/100g).
Caso faça compras no Continente, saiba que pode utilizar o Semáforo Nutricional, que se encontra na frente da embalagem dos produtos, sendo que deve optar pelos produtos que têm mais verdes e amarelos do que vermelhos. Os critérios que são utilizados são os que lhe disse acima e foram estabelecidos por uma autoridade inglesa, a Food Standards Agency.
Deixo ainda um alerta: leia também a lista de ingredientes, pois alguns vermelhos aparecem porque o produto tem em maior quantidade ingredientes que são naturalmente ricos nesses nutrientes, como é o caso dos sumos com 100% fruta (que têm vermelho nos açúcares, mas são apenas da fruta), do azeite e dos frutos oleaginosos, como as amêndoas, nozes e avelãs (que têm vermelho na gordura, porque estes alimentos são naturalmente ricos em “gorduras boas”).
O esforço de promover uma alimentação saudável aos portugueses não tem sido apenas no aumento da literacia nutricional e na facilitação de escolhas mais conscientes. Produtos como as bolachas Maria, os iogurtes e as sopas, têm cada vez menos açúcar e sal, sem que para isso o seu sabor seja prejudicado. Hoje em dia, fazer compras equilibradas começa a ser mais fácil!
Mas a par dos produtos processados, não podemos esquecer que o nosso carrinho de compras deve ter frutas e hortícolas em quantidade suficiente que nos permita consumir diariamente pelo menos 500g, tal como a Organização Mundial de Saúde recomenda.
Pode optar pelos frescos ou congelados (ambas as melhores opções, desde que não tenham sal, açúcar ou gordura adicionados), mas não esqueça os enlatados, que atualmente são também uma ótima opção. Sabia que já existem polpas e produtos à base de tomate sem sal adicionado?
Em suma, há que fazer compras conscientes, resistir às tentações menos equilibradas e não ignorar a informação nutricional que consta das embalagens de tudo o que pomos no nosso cesto, para que possamos ter uma alimentação cada vez mais saudável.