Como fazer uma boa gestão alimentar em casa (e poupar tempo e dinheiro)
Um dos grandes objetivos da Organização Mundial da Saúde é aumentar a literacia alimentar das famílias e isso consegue-se com pequenos gestos que aumentam a segurança alimentar, evitam o desperdício e estimulam um consumo mais consciente, tudo em prol da saúde.
Apesar de estarmos a viver um ano atípico, setembro não deixou de ser sinónimo de regresso às rotinas impostas pelo trabalho e pela escola e pensar na alimentação de toda a família é um dos aspetos fundamentais do dia a dia.
É por esse motivo que uma das lutas da Organização Mundial da Saúde (OMS) se foca no aumento da literacia alimentar a nível mundial, ou seja, fazer com que as famílias ganhem competências de segurança alimentar, tenham um consumo mais consciente, saibam ler os rótulos, tenham respeito pelos alimentos e pela preparação e confeção de refeições saudáveis.
O impacto negativo que uma dieta desequilibrada tem na saúde da população, a par da falta do exercício físico, assim o exige. Afinal, como diz a OMS, as doenças cardiovasculares, a diabetes e até alguns tipos de cancro estão associados a uma nutrição desequilibrada, e está nas mãos de cada um de nós mudarmos os hábitos alimentares, apostando em alimentos frescos e deixando de lado os produtos industriais.
Gestão da cozinha no dia a dia
O primeiro passo para uma alimentação saudável é fazer uma boa gestão alimentar em casa, apostando nos alimentos mais nutritivos e eliminando o desperdício.
Isabel Zibaia Rafael, food blogger e autora de vários livros de receitas, mostra como é fácil não desperdiçar alimentos, fazer uma preparação semanal das refeições e com tudo isto poupar dinheiro e tempo.
“Skill foods é um conceito abrangente que vai desde saber cozinhar à gestão do nosso frigorífico e despensa, sem desperdícios e é isso que queremos mostrar com dicas e receitas fáceis, pequenas ideias, para facilitar o dia a dia”, afirma.
A blogger diz ainda que fazer a preparação semanal das refeições é a melhor forma de gerir a cozinha. “Não se deixa estragar nada, opta-se por mais frescos e por uma alimentação mais equilibrada e não se compram alimentos desnecessários”, realça.
Ideias para pôr em prática neste regresso às rotinas
1. Aproveitar ao máximo
“Antes de ir novamente às compras, olhe para o seu frigorífico e dê vida aos alimentos que estão já em fim de vida e a algumas sobras. Por exemplo, se tem pedaços de vegetais que restaram de outras preparações, corte-os aos pedaços, coloque-os num tabuleiro e asse-os no forno com um fio de azeite. Vai ficar com uma mistura de legumes que pode juntar depois a um cuscuz ou a uma sopa”, ensina Isabel Zibaia Rafael.
Mas esta não é a única sugestão para aproveitar todos os vegetais que tem no frigorífico – a autora do blogue Cinco Quartos de Laranja sugere ainda ter “um saco no congelador para fazer caldos, onde vai colocando tudo o que sobra, desde um pedaço de cebola às folhas verdes do alho-francês e aos pés de cogumelos”. Esses caldos podem ser usados para fazer risotos ou cuscuz, por exemplo.
Pode fazer também “um saco para uma base de sopa, onde coloca a parte dos vegetais que não consome, como os talos dos brócolos”, acrescenta a nossa entrevistada.
2. As cascas também se comem
Quem disse que as cascas de batata são lixo? “Podemos temperá-las com pimenta-de-caiena, sal, alho em pó fumado e azeite e levá-las ao forno. Temos um snack ótimo para se comer em qualquer altura do dia”, refere Isabel Zibaia Rafael.
3. Caixas de vidro
Para a autora do blogue Cinco Quartos de Laranja, são a melhor forma de armazenar a comida no frigorífico e a explicação é simples: “Assim, vemos tudo o que está lá dentro e não nos esquecemos do que temos no frigorífico. Evitar o desperdício alimentar é dar prioridade ao que temos em casa e ao que já está feito”.
E por falar em ter comida já feita no frigorífico, Isabel Zibaia Rafael é uma adepta da programação semanal e de fazer várias preparações para se ir consumindo ao longo da semana.
“Podem até não ser as refeições completas, mas podemos ter massa, arroz ou noodles de curgete já feitos e, depois, juntar a algo que façamos na hora.”
4. Arrefecer a comida
Não deixe arrefecer a comida à temperatura ambiente, pois pode estragar-se. “Coloque o recipiente no lava-louça cheio de gelo para que arrefeça rapidamente”, ensina Isabel Zibaia Rafael, que diz que também arrefece o arroz e a massa em tabuleiros.
Quando se coloca a comida ainda quente dentro do frigorífico, a temperatura deste sofre alterações e pode afetar o que já lá estava.
Ainda em termos de segurança alimentar, a blogger lembra que não se deve misturar ingredientes cozinhados com frescos.
5. Congelar
“De uma maneira geral, podemos congelar tudo. Eu até costumo congelar cebola, gengibre, uvas, banana, tomate e restos de leite de coco”, diz Isabel Zibaia Rafael.
“Os alimentos devem ser lavados antes de congelar e alguns vegetais podem ser bringidos antes”, continua a nossa entrevistada, que dá mais um exemplo do que pode congelar: “Molho de tomate. Se tiver muito tomate em casa, faça molho para congelar e usar nos mais variados pratos, mesmo sem ser na época deste fruto”.
6. Ervas aromáticas
Isabel Zibaia Rafael armazena as ervas aromáticas num copo no frigorífico com um pouco de água. Mas quando estão quase a estragar-se, pica-as e coloca-as em cuvetes de gelo com azeite, água ou manteiga clarificada. Depois, usa-as para, por exemplo, saltear legumes.