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7 verdades sobre os alimentos que vão mudar a forma como olha para a comida

7 verdades sobre os alimentos que vão mudar a forma como olha para a comida

Para fazer escolhas inteligentes à mesa é preciso estar bem informada. E para estar bem informada pode bastar olhar para o rótulo dos alimentos. Está tudo lá.

Ago. 18. 2022
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Qual é a diferença entre “consumir até” e “consumir de preferência antes de”? Os aditivos alimentares, nomeadamente os ingredientes que começam por um “E” seguido de um número, são seguros? E os produtos embalados em plástico apresentam perigos?

Para responder a estas e outras questões dos consumidores, e ajudá-los a fazer escolhas alimentares com confiança, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), em estreita cooperação com as autoridades nacionais de segurança alimentar em toda a Europa (nomeadamente a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) em Portugal) lança, pelo segundo ano, a campanha #EUChooseSafeFood.

Ajudar-nos a tomar decisões informadas sobre as escolhas alimentares diárias é o objetivo da campanha que, em toda a União Europeia, oferece informação prática e muito útil para quando vamos ao supermercado ou preparamos as nossas refeições.

Este artigo reúne os factos alimentares que mais nos surpreenderam.

7 verdades a recordar na compra de alimentos

1. Os famosos aditivos alimentares são necessários e seguros

Os aditivos alimentares são substâncias adicionadas aos alimentos para manter ou melhorar a sua segurança, frescura, sabor, textura ou aparência. Na União Europeia, todos os aditivos, desde edulcorantes a corantes alimentares, são avaliados antes de serem autorizados para utilização em alimentos.

Os aditivos são necessários para garantir que os alimentos processados permanecem seguros e em boas condições, uma vez que viajam através da cadeia de abastecimento alimentar desde fábricas ou cozinhas industriais até armazéns e lojas e, finalmente, até aos nossos pratos.

“Todos os aditivos alimentares são avaliados para garantir que são seguros para consumo. Analisamos como os químicos interagem com os alimentos aos quais são adicionados, como podem afetar o nosso corpo quando ingeridos e quanto podemos consumir com segurança todos os dias através da nossa dieta. Uma vez permitidos, e se utilizados num produto alimentar, os aditivos alimentares devem aparecer no rótulo. Assim, os consumidores sabem o que estão a consumir e podem confiar que o seu consumo é seguro”, afirma a toxicologista da EFSA Camilla Smeraldi.

As boas práticas de bem-estar animal não só reduzem o sofrimento desnecessário como também ajudam a tornar os animais mais saudáveis

2. Se o produto alimentar contém alergénios, está descrito no rótulo

A legislação europeia, apoiada pela ciência, garante que a informação sobre os alergénios presentes nos alimentos pode ser encontrada no rótulo.

Os cientistas europeus responsáveis pelas alergias alimentares contribuíram com os seus pareceres científicos para o processo legislativo de rotulagem dos alimentos.

Atualmente, os fabricantes de alimentos vendidos na União Europeia (UE) devem rotular 14 alergénios ao abrigo da legislação da UE. Estes incluem:

  • Cereais contendo glúten;
  • Leite;
  • Ovos;
  • Frutos secos;
  • Amendoins;
  • Soja;
  • Peixe;
  • Crustáceos;
  • Moluscos;
  • Aipo;
  • Tremoço;
  • Sésamo;
  • Mostarda;
  • Sulfitos.

E a ciência dos alergénios continua a evoluir para que esta lista possa ser atualizada no futuro.

“Os requisitos de rotulagem dos ingredientes alergénicos nos produtos alimentares são cruciais para que as pessoas com alergias possam evitar ingredientes que as possam deixar doentes. Para além de darem conselhos para utilização na rotulagem, os cientistas também avaliam novos ingredientes no caso de serem potenciais alergénicos e analisam como fatores, tais como o processamento de alimentos, podem afetar o potencial alergénio”, refere Antonio Fernandez Dumont, especialista em segurança proteica da EFSA.

‘Consumir de preferência antes de’ significa que, desde que siga as instruções de conservação, os alimentos serão seguros para comer após a data de durabilidade mínima, embora possam não ter o mesmo sabor ou textura

3. Bem-estar animal é garantia de melhores alimentos

Quando os animais de criação são saudáveis e bem cuidados, não só os alimentos provenientes deles são mais seguros – como a qualidade é muitas vezes superior, garante a EFSA.

As normas de bem-estar animal na UE estão entre as mais elevadas do mundo e a UE e os seus Estados Membros estão empenhados em prevenir os maus-tratos, a dor e o sofrimento dos animais de criação.

O bem-estar dos animais produtores de alimentos depende em grande parte da forma como são geridos pelos seres humanos. Uma série de fatores pode ter impacto no seu bem-estar, desde como e do que são alimentados, condições de vida, espaço e aglomeração, condições de transporte e métodos de abate.

Os fatores de stress e o fraco bem-estar podem levar a uma maior vulnerabilidade a doenças transmissíveis entre os animais. Isto pode representar riscos para os consumidores, por exemplo através de infeções comuns de origem alimentar como a Salmonella, Campylobacter e E. coli.

As boas práticas de bem-estar animal não só reduzem o sofrimento desnecessário como também ajudam a tornar os animais mais saudáveis.

A saúde e o bem-estar dos animais consistem em suprir as necessidades físicas e mentais dos animais, assegurando que estes se encontram em segurança, têm um abrigo apropriado e são bem alimentados. Significa também assegurar a prevenção de doenças e acompanhamento veterinário, bem como maneio e abate em cumprimento com o todas as regras legalmente estabelecidas.

4. Existem dois tipos de prazo de validade: aprenda a distingui-los

A designação “consumir até” refere-se à segurança dos alimentos, enquanto que a indicação “consumir de preferência antes de” está relacionada com a qualidade dos alimentos:

“Consumir até” é uma instrução para utilizar um alimento até uma determinada data, após a qual o alimento é considerado não seguro para consumo e pode fazê-lo adoecer. Esta menção aparece em alimentos frescos, altamente perecíveis, como peixe, carne, saladas e lacticínios.

“Consumir de preferência antes de” significa que, desde que siga as instruções de conservação, os alimentos serão seguros para comer após a data de durabilidade mínima, embora possam não ter o mesmo sabor ou textura. Portanto, após esta data, não há garantia de que o alimento será tão fresco, saboroso ou estaladiço como antes, mas não ficará doente se o consumir.

“Informação clara e correta nas embalagens e uma melhor compreensão e utilização da marcação de datas nos alimentos pode ajudar a reduzir o desperdício alimentar na UE, bem como garantir a segurança alimentar”, afirma Michaela Hempen, microbiologista alimentar da EFSA.

Graças à diversidade do mundo, à nossa interação com outras culturas e à inovação, novos alimentos continuam a chegar às nossas mesas, oferecendo novas opções em termos de dietas. Com as nossas avaliações de segurança baseadas na ciência, verificamos se estes novos alimentos são segurosErmolaos Ververis, Químico alimentar da EFSA

5. Todas as embalagens têm de cumprir os requisitos da União Europeia

Não são só os alimentos que são analisados pelos cientistas da EFSA e da ASAE. Também as embalagens têm de cumprir os regulamentos da UE baseados na ciência, para garantir que a composição dos alimentos não é alterada e que o sabor e o odor dos alimentos não são afetados negativamente pela forma como são embalados.

Se, por um lado, a forma como os alimentos são embalados protege-os dos microrganismos, facilita o seu armazenamento e prolonga o seu prazo de validade, por outro, certos tipos de embalagens podem conter produtos químicos que podem ser prejudiciais se forem absorvidos pelos alimentos.

Assim, é vital que todos os materiais de embalagem (por exemplo, recipientes, equipamento de cozinha, talheres, pratos) que se destinam a entrar em contacto com os alimentos sejam verificados, pois pequenos vestígios de químicos podem migrar dos materiais para os alimentos.

Este é o caso de todas as embalagens, independentemente do material de que são fabricadas, seja de plástico, cartão, metal ou vidro.

6. Antes de entrarem no mercado, os novos alimentos são estudados

Antes de serem colocados no mercado, os novos alimentos, como com qualquer outro alimento, é preciso garantir que são seguros. Por isso, os operadores das empresas do setor alimentar que pretendam comercializar um novo alimento ou ingrediente alimentar pela primeira vez na UE, devem requerer autorização antes de iniciar a sua comercialização.

Por seu lado, os cientistas da EFSA fazem avaliações do risco sobre a segurança desses novos alimentos a pedido da Comissão Europeia.

Os alimentos são considerados novos alimentos na UE se não foram significativamente consumidos antes de maio de 1997, abrangendo também novos alimentos, alimentos provenientes de novas fontes, novas substâncias utilizadas nos alimentos, bem como novas formas e tecnologias de produção de alimentos.

Alguns dos mais recentes acréscimos à dieta europeia incluem sementes de chia ou grãos de quinoa da América do Sul. O óleo do pequeno crustáceo krill tem um perfil específico de ácidos gordos e já chegou aos alimentos e suplementos alimentares.

E, para os mais aventureiros, grilos, minhocas ou gafanhotos, que são um alimento tradicional e básico em algumas partes do mundo, podem ser consumidos como snacks ou como um ingrediente em diversos pratos. Existem também alimentos produzidos utilizando novos processamentos, tais como o leite e o pão tratados com UV.

“Graças à diversidade do mundo, à nossa interação com outras culturas e à inovação, novos alimentos continuam a chegar às nossas mesas, oferecendo novas opções em termos de dietas. Com as nossas avaliações de segurança baseadas na ciência, verificamos se estes novos alimentos são seguros”, afirma Ermolaos Ververis, químico alimentar da EFSA.

O sistema de segurança alimentar da UE é apoiado por evidência científica e, como tal, a geografia alimentar mais segura do mundo – Filipa Melo de Vasconcelos, subinspetora-Geral da ASAE

7. Suplementos alimentares: a maioria das pessoas não precisa de os tomar

Na UE, os suplementos alimentares são regulamentados como géneros alimentícios. Contudo, os suplementos alimentares não devem ser considerados um substituto de uma dieta saudável equilibrada.

Na verdade, a maioria das pessoas não precisa de suplementos alimentares, uma vez que as suas dietas lhes fornecem todos os nutrientes de que necessitam, exceto quanto à vitamina D, se a sua exposição ao sol for limitada.

Para os nossos corpos funcionarem só é necessária uma determinada quantidade de cada nutriente e quantidades mais elevadas não são necessariamente melhores. Na verdade, em doses elevadas, algumas substâncias podem ter efeitos adversos e até tornarem-se nocivas.

Então, por que razão tomamos suplementos alimentares? Alguns suplementos acrescentam nutrientes e vitaminas que podem não ser consumidos em quantidade suficiente na dieta média habitual. Outros podem contribuir para reduzir o fator de risco de uma doença.

Podem ser utilizados para manter a saúde geral, apoiar o desempenho mental e desportivo ou fortalecer o sistema imunitário. Mas os suplementos alimentares não são medicamentos e a sua utilização não se destina a tratar ou prevenir doenças.

Os suplementos estão disponíveis numa variedade de doses e em diferentes combinações. E determinados grupos populacionais, que correm maior risco de certas deficiências nutricionais, podem beneficiar dos suplementos alimentares, como por exemplo mulheres grávidas ou que podem engravidar, bebés, pessoas com exposição insuficiente ao sol, ou veganos.

A geografia alimentar mais segura do mundo é a nossa

O sistema de segurança alimentar da UE baseia-se no aconselhamento científico fornecido pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), em estreita cooperação com as autoridades nacionais de segurança alimentar em toda a Europa. 

A EFSA trabalha com cientistas de topo que analisam, avaliam e aconselham, com base nas últimas provas, quais os alimentos que são seguros e se estes representam quaisquer riscos para os consumidores.

“O sistema de segurança alimentar da UE é apoiado por evidência científica e, como tal, a geografia alimentar mais segura do mundo”, conclui Filipa Melo de Vasconcelos, subinspetora-Geral da ASAE.

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