É comum ouvir-se dizer que a compra de casa é uma decisão a dois e que, sem isso, será impossível concretizar o sonho. Mas e se não for, necessariamente, assim? E quando mulheres solteiras, a viver sozinhas, avançam para esta decisão? O que será que precisam de considerar para encontrar a sua casa metade?
Apesar de estudos recentes nos mostrarem que as mulheres entre os 18 e os 34 anos são as que apresentam maior percentagem de emancipação (mais de 60% vs. 50% no masculino), há ainda muitos mitos associados à compra de casa, e um deles é precisamente a ideia que não há créditos habitação para solteiras.
É aqui que, inevitavelmente, a solução de arrendamento se instala. Mas não tem de ser assim, mesmo porque o valor da renda mensal será tendencialmente maior do que o valor da prestação do crédito habitação. Afinal, o que precisamos de considerar na compra de casa e que nem sempre sabemos?
Questões profissionais
Ao contrário da situação de arrendamento, em que o fundamental é que tenha emprego e receba um ordenado, para comprar é fundamental a resposta a três questões:
- Está há mais de três anos no seu trabalho atual?
- Já está efetiva na empresa?
- Possui uma fonte de rendimentos estável?
Se a resposta é sim a todas as perguntas, está no bom caminho para conseguir o seu crédito habitação solteira, mas existem mais alguns pontos que deve ter em atenção. Por exemplo, é também fundamental que não tenha dívidas no Banco de Portugal.
Despesas iniciais e taxas associadas
Aqui, não existindo uma reposta certa, porque cada caso é um caso, é fácil apercebermo-nos de importantes diferenças: se no caso do arrendamento as contas são simples e os custos iniciais resumem-se geralmente às habituais duas rendas a pagar, no caso do crédito há uma entrada a avançar.
Mas, a grande diferença é que, no caso de comprar casa com recurso a crédito habitação, o valor que está a pagar é por uma propriedade que é sua, o que não acontece no arrendamento. Por isso, se tem uma situação financeira estável, então esta pode ser uma solução muito mais vantajosa, tendo, no entanto, de dispor de pelo menos 10% do valor do imóvel para dar de entrada. Se puder avançar com 20% a 30% do valor do imóvel de entrada, melhor.
Transmitirá uma mensagem de confiança à entidade financeira e permitirá que a sua prestação mensal seja mais confortável, o que resultará numa taxa de esforço menos significativa (devendo estar abaixo dos 40%, sendo que idealmente não deverá exceder os 35%).
E quando falamos de taxas: fixa, mista ou variável?
Depende daquilo que for mais importante para si. Se privilegiar a segurança, a taxa fixa é a solução ideal para si porque lhe vai garantir que paga a mesma prestação do início ao final do empréstimo.
Mas se isso não for o mais importante, e não se importar de, em alguns momentos, pagar mais de prestação e noutros pagar menos, a taxa variável pode ser uma opção a considerar. Neste tipo de taxa o seu empréstimo é associado a um indexante, que em Portugal é geralmente a Euribor, o que faz com que o valor da sua prestação vá acompanhando as flutuações desse indexante, que depende em muito do clima económico e da política do Banco Central.
Se preferir uma solução de meio termo, pode optar por uma taxa mista, que lhe permitirá conciliar um período de taxa fixa, com outro de taxa variável.
O fundamental é que entenda o que cada taxa significa e que perceba qual a mais adequada às suas prioridades e capacidade financeira.
Muito mais que spread
O spread, contrariamente ao que a maioria das pessoas pensa, é apenas um dos custos do crédito habitação. Por não perceberem isso, muitas pessoas acham que ao ter um spread mais baixo vão pagar menos pelo crédito, o que não é necessariamente verdade.
Por isso, para comparar diferentes propostas e escolher a mais vantajosa, é importante olhar para lá do spread e ter em conta indicadores que representam a totalidade dos custos do crédito habitação, como o MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor) e a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global) podem conduzir à melhor proposta.
Ao decidir arrendar ou comprar, veja para além do spread e despesas iniciais. Faça simulações, teste diferentes cenários, compare os custos que terá com cada uma das opções e preveja qual a melhor solução a longo prazo. Trace o seu perfil, com a ajuda de simuladores e outras ferramentas e, ao escolher, saiba bem com que variáveis contar.
Veja qual pode ser a melhor solução a longo prazo e ponha em cima da mesa todos os indicadores que, de facto, lhe permitem avaliar quanto vai pagar no final pelo crédito habitação vs. renda mensal.
Encontrar as condições ideias nem sempre é tarefa fácil, mas com a ajuda certa, será mais provável encontrar a sua casa metade.