Conceitos financeiros para ensinar aos mais novos

Nada melhor do que os inícios, do ano ou escolar, para ensinar alguns conceitos financeiros aos mais novos.

Por Jan. 18. 2023

Deve-se iniciar a educação financeira por volta dos 3 anos, dando pequenos exemplos do dia a dia. “Nessa altura, as crianças já falam e percebem o que lhes dizemos, portanto, é o momento certo para começar a explicar que o dinheiro não é infinito e que não podemos comprar tudo, seja um brinquedo ou no supermercado”, ensina Sara Antunes, responsável de comunicação do Doutor Finanças, site especialista em finanças pessoais e familiares.

Entrada na escola

Quando as crianças começam a fazer contas na escola, introduza o conceito do mealheiro, explique para que serve e dê-lhe uma utilidade, aconselha a nossa entrevistada.

“No Doutor Finanças, usamos muito a lógica dos três mealheiros, um para gastar, outro para poupar e outro para ajudar, ou seja, o primeiro é o dinheiro para gastar no dia a dia; o segundo é para as poupanças para comprar coisas que ambicionam ter; o terceiro é para estimular a solidariedade”, explica.

“Ensinar a poupar não tem como objetivo gerar frustração, mas sim explicar que temos de juntar dinheiro para alguns objetivos, como comprar uma bicicleta, que será assim uma conquista, mesmo que os pais tenham de contribuir com uma parte”, exemplifica.

A partir do meio do primeiro ciclo de ensino, Sara Antunes diz ser possível dar um orçamento e permitir que os mais pequenos façam as compras no supermercado.

Se uma criança lhe perguntar o que é a inflação, Sara Antunes aconselha dar o seguinte exemplo: ”O gelado que, no ano passado, custava um 1€, agora, custa 1,20€, ou seja, precisas de mais 20 cêntimos para o comprar”

Semanada ou mesada?

“Quando optamos pela semanada ou mesada, há duas coisas a ter em conta: a idade da criança e a própria criança. Dar uma mesada aos 7 anos, à partida, vai correr muito mal, porque ainda não tem maturidade para ter uma noção de mês completo. O melhor é começar com uma semanada e aproveitar para incutir boas práticas de utilização daquele dinheiro”, diz a responsável de comunicação do Doutor Finanças.

Isso passa por dizer coisas como: “Este dinheiro tem de dar para comprar o almoço e para poupar”, ilustra. “O valor deve ser ajustado à idade e aos desafios que se dão aos mais pequenos, porque é muito importante que gastem o seu dinheiro para sentirem que se esgota mais depressa do que poderiam pensar”, afirma.

A partir dos 12 anos, pode-se pensar em dar uma mesada.

Exemplo dos pais

Para Sara Antunes, “o exemplo dos pais é fundamental, quer na forma como consomem e gastam o seu dinheiro, quer em como ajudam os filhos a lidar com o dinheiro”.

“Se damos uma semanada ou mesada e a criança chega a meio da semana ou do mês sem dinheiro e lhe damos mais, não estamos a fomentar boas práticas. Se isso acontece, das duas uma, ou não estamos a passar os conhecimentos para uma vida financeira saudável ou estamos a gerir mal o dinheiro que lhe damos.

A especialista em finanças acrescenta ainda que, “se não passarmos a mensagem de que o dinheiro não é assim tão simples de conseguir e que as coisas não caem do céu, nunca o irão perceber e isso fará com que, quando já forem adultos e tiverem um salário, não o saibam gerir”.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº267, setembro de 2022.