Crédito à habitação: simule o que vai pagar e saiba quais são os custos
O crédito à habitação é quase sempre o ponto de partida para quem deseja comprar casa. Se é esse o seu caso, saiba quais são os requisitos mínimos, os custos e simule a sua prestação máxima.
Lar, doce, lar. Comprar uma casa é, sem dúvida, um marco importante, que simboliza uma grande mudança. Sair de casa dos pais, começar uma vida à dois e pedir um crédito à habitação que poderá acompanhar-nos quase metade da vida.
Este tipo de crédito é um grande aliado para muitos dos portugueses que procuram uma casa. Principalmente para as mulheres que, segundo um estudo recente da Century21, são as que mais procuram por um lar.
Saiba que, mesmo antes do pedido de crédito, há um caminho a percorrer. Convém que as suas finanças estejam organizadas e que se prepare mentalmente para o preço surreal das casas que vigora nas grandes cidades. Sabe quanto é que pode pagar de prestação?
A maior dificuldade dos portugueses é encontrar uma casa com um preço acessível, que corresponda às suas necessidades. Uma pesquisa rápida pelos sites das imobiliárias e ficamos a perceber o mercado: casas modestas a preços milionários. Sobretudo em Lisboa e no Porto.
Por isso, se vai comprar uma casa e precisa de pedir um crédito à habitação, deve estar informada e antecipar-se. Isto para que consiga fazer frente a todas as exigências que podem meter-se a meio do caminho.
Saiba quais são os requisitos mínimos, os custos e simule a prestação máxima que poderá suportar.
O que precisa saber para conseguir o seu crédito à habitação?
A crise financeira fez com que os bancos reforçassem os critérios de concessão de crédito. Atualmente, o Banco de Portugal recomenda um máximo de 90% de financiamento para os créditos para habitação própria e permanente.
Se vai comprar casa, deve estar preparada para dar uma entrada de 10% (na melhor das hipóteses) sobre o valor da casa que escolheu.
Afinal, o que é que os bancos levam em conta na hora de conceder um crédito? Saiba quais são os requisitos mínimos que deve seguir para que veja o seu crédito à habitação aprovado ou para obter um maior financiamento.
A estabilidade é a primeira regra de ouro
A estabilidade financeira e profissional é um indicador muito importante para os bancos. Ter um emprego estável, onde já tem uma posição efetiva, vai facilitar-lhe muito este processo. “Quanto maior for essa estabilidade, maior será a possibilidade de conseguir o crédito”, explica à Saber Viver Nuno Rico, economista da Deco.
Construa um bom historial de crédito
Não ter pagamentos de dívidas em atraso é um ponto a seu favor. No entanto, nunca ter contraído um crédito também não é positivo. Isto porque desta forma, o banco não tem dados para saber se é ou não pontual a pagar.
É importante ter algumas poupanças de lado
É necessário ter algum dinheiro de parte, para que possa dar uma boa entrada inicial. E também para conseguir pagar os custos iniciais do crédito. Estes últimos, “facilmente atingem os 4.000€”, diz-nos Nuno Rico.
Simule o montante máximo da sua prestação
Para prevenir situações de endividamento, no início deste ano, o Banco de Portugal atribuiu algumas restrições à concessão dos créditos à habitação. As mudanças foram algumas, mas a que mais saltou à vista foi o limite da taxa de esforço.
Com esta alteração, só poderá gastar no máximo metade do seu rendimento líquido com prestações mensais de créditos à habitação e de consumo.
Sabe quanto poderá pagar por mês? Fique a saber o valor máximo da prestação que conseguirá suportar neste simulador:
Idade máxima do agregado familiar: anos.
Rendimento mensal líquido do agregado familiar: euros.
Prestações mensais com outros créditos: euros.
Recomendação:
Empréstimo máximo: 129599 euros.
Prestação máxima: 400 euros.
Prazo máximo: 40 anos.
Um pequeno guia de taxas de juro
A taxa de juro e a duração do tempo do empréstimo são dois fatores importantes para saber quanto vai pagar mensalmente. Fique a par das taxas de juro que estarão agregadas ao seu crédito à habitação.
Euribor
As taxas Euribor baseiam-se na média das taxas de juros praticadas em empréstimos interbancários por cerca de 40 bancos europeus. É utilizada como taxa de referência para os créditos entre os bancos da Zona Euro.
Spread
O spread “é livremente definido pela instituição de crédito para cada contrato, tendo em conta, designadamente, o risco de crédito do cliente, o rácio entre o valor do empréstimo e o valor do imóvel e o seu custo de financiamento”, lê-se no site do Banco de Portugal.
É possível negociar o valor do spread como contrapartida pela aquisição de outros produtos.
Taxa de juro fixa
Com esta taxa, a prestação será sempre a mesma durante o prazo do contrato. “Um contrato de crédito à habitação com taxa de juro fixa permite ao cliente não estar exposto ao risco de variação da taxa de juro”, lê-se no mesmo site.
Taxa de juro variável
A taxa de juro variável é composta pela taxa de juro de referência (Euribor) e pelo spread. Se optar por um crédito com este tipo de taxa, em momentos de crescimento económico, os seus custos irão aumentar. Já em períodos em que a economia abranda, os seus custos têm tendência a diminuir.
Taxa de juro mista
Como o nome indica, a taxa de juro mista é uma mistura entre a taxa de juro variável e a fixa. Nesta situação, é acordado entre o cliente e o banco um período em que a taxa é fixa, seguido de um período em que a taxa é variável.
Vantagens e desvantagens de um tempo maior
“Quanto maior for o prazo, menor será a prestação”, explica Nuno Rico. Nesta situação, não se pode esquecer que terá de pagar juros durante um maior período de tempo. E que quanto maior for a taxa de juro, maior será a sua prestação.
Quanto custa pedir um crédito à habitação?
Além das taxas de juro, um crédito à habitação tem outros custos associados, como por exemplo, impostos de selo, comissões bancárias, entre outros. Fique a conhecer os principais.
Comissões bancárias
Mesmo antes de contratar o crédito, os bancos exigem pelo menos duas comissões iniciais:
• Comissão de estudo do processo;
• Comissão da avaliação do imóvel.
Juntas, estas duas comissões podem variar entre 500€ e 700€. A avaliação do imóvel é imprescindível para que se possa determinar qual será o valor máximo a ser emprestado.
Imposto de selo
O imposto de selo é aplicado em duas situações distintas: sobre a compra do imóvel e sobre o montante financiado.
No primeiro caso, a taxa a aplicar é de 0,8% sobre o valor da escritura ou do valor patrimonial tributário (o maior). Na segunda situação, esta taxa desce para 0,6% e é aplicada sobre o montante do crédito pedido.
IMT
O Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) é o imposto que tem de pagar ao Estado sobre as transmissões onerosas do direito de propriedade, ou seja, sempre que existir uma compra. O montante a pagar vai depender do valor patrimonial tributário do imóvel, sendo que as taxas variam entre 1% e 8%.
IMI
O Imposto Municipal sobre os Imóveis (IMI) é uma despesa que só terá depois de já ter comprado a casa. O montante a pagar varia de acordo com o valor tributário do imóvel. E há ainda situações em que pode estar isento de IMI.
Registo – Casa Pronta
A escritura de uma casa é o último passo da compra. Pode fazer o registo do seu imóvel nos balcões da Casa Pronta, presentes das Lojas do Cidadão, por um valor de 700€. O valor desce para 375€ para quem não tenha pedido crédito à habitação. Isto porque deixa de ser necessário registar a hipoteca do imóvel.
Comprar ou arrendar? O dilema dos jovens que não têm alternativas
“Atualmente, não existem muitas propostas de créditos à habitação para os jovens portugueses. Antes da crise, existiam alguns produtos específicos, com a possibilidade de o montante de financiamento ser superior. O banco Crédito Agrícola, no caso de o cliente ter menos de 30 anos, oferece uma bonificação de 0,1% no spread”, refere Nuno Rico.
Esta proposta do Crédito Agrícola é para jovens entre os 18 e os 30 anos, com a opção de compra, construção de raiz ou de realização de obras. O prazo de pagamento é de 40 anos, desde que no final do contrato nenhum dos titulares tenha mais de 75 anos.
“Os jovens, hoje em dia, têm uma enorme dificuldade em comprar ou arrendar uma habitação. Os preços que estão a ser praticados nas grandes cidades, acabam por ser insuportáveis para os jovens”, explica Nuno Rico.
Quando conseguem um crédito à habitação, “os jovens são penalizados com taxas de juro mais elevadas ou com exigências adicionais, como por exemplo, fiadores”, adianta.
Um estudo recente da OCDE mostra que os millennials não conseguem atingir a classe média com a facilidade da geração anterior. Empregos com condições precárias e com salários baixos vieram substituir os empregos tradicionais, onde era possível desenvolver uma carreira.
Fontes: Estudo Sob pressão – OCDE; Estudo Mercado da habitação em Portugal – Century21; Taxas de juro – Banco de Portugal; Euribor;
Novas regras do Banco de Portugal; FIN Crédito à habitação – Crédito Agrícola
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