De certeza que já reparou que, quando os acrobatas parecem saltar do céu, entre baloiços e estruturas, têm sempre uma rede de segurança por baixo de si. Está ali, pronta a amparar possíveis quedas.
O mesmo acontece com o fundo de emergência, que deve estar sempre preparado para nos salvar em casos excecionais e imprevistos, como um despedimento, a avaria do carro ou de um eletrodoméstico.
É, por isso, crucial termos um, em especial nos tempos de incerteza que enfrentamos. E não lhe devemos tocar, claro, a menos que se trate de um desses episódios fora do normal.
O que é?
Podemos chamar-lhe, de forma simplista, um “pé de meia”. Bruna Santos, economista, explica que “é um montante que está de parte, destinado, exatamente, a cobrir imprevistos e emergências”, como “um gasto mais avultado que não foi previsto”, exemplifica.
Afinal, imagine: de repente, o seu frigorífico avaria e tem de o substituir. Teria 300 ou 400 euros para desembolsar no momento e cobrir o resto das despesas do mês apenas com o salário?
Exato, são poucos os que têm disponibilidade financeira imediata para pagarem um extra com o qual não estavam a contar, se não tiverem esta quantia de lado.
Quanto deve ter neste fundo de emergência?
Bruna Santos salienta que “não existe um montante fixo nem uma regra que estipule quanto devemos ter de parte”.
Para chegar a essa quantia, que depende de pessoa para pessoa, consoante o estilo de vida de cada uma, deve ter em conta alguns pontos, explica a especialista. São eles:
- Despesas mensais básicas: “É importante calcular os gastos mensais indispensáveis, como renda, pagamento de dívidas, alimentação, contas da casa, transporte,…”;
- Fatores pessoais: Deve olhar também para “a estabilidade do emprego e a disponibilidade de outras fontes de rendimento”. “Se o emprego é estável e existe um contrato de efetividade, há maior liberdade do que, por exemplo, numa situação em que trabalha por conta própria ou num setor mais volátil”, salienta;
- Número de meses a poupar: Tendo em conta os fatores pessoais, mencionados no ponto anterior, “é importante definir um número de meses a cobrir”. Pode começar por apenas três meses, por exemplo, ou ter margem para um ano inteiro;
- Estilo de vida e circunstâncias pessoais: “Pode ser necessário ajustar o montante com base no estilo de vida individual, responsabilidades familiares ou outras circunstâncias únicas”.
Ainda assim, há quem avance que o recomendado é de seis vezes o valor das suas despesas mensais. Ou seja, se, por mês, gastar 1.000€, deve ter de lado 6.000€
Onde juntar o dinheiro
Os tempos em que se guardavam as poupanças debaixo dos colchões ou num porquinho mealheiro terminaram. E não é por acaso: dessa forma, o seu dinheiro vai desvalorizar, como consequência da inflação.
Para o contornar, opte por guardar este fundo de emergência “num instrumento financeiro de capital garantido e facilmente resgatável, como os certificados de aforro ou uma conta poupança”, aconselha Bruna Santos.
“No entanto, quando for alcançado o valor definido inicialmente, é importante diversificar e, talvez, pensar em instrumentos de poupança e investimento com um certo grau de risco associado, já que trarão mais retorno a médio/longo prazo”, completa.