Dinheiro

E se em vez de estar sempre a poupar, começar a investir? Estas são as dicas de uma especialista

Tem poupanças, mas deixa-as paradas no banco? Saiba que a cada dia que passa está a ficar mais pobre. Investir dinheiro são as palavras-chave.

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E se em vez de estar sempre a poupar, começar a investir? Estas são as dicas de uma especialista E se em vez de estar sempre a poupar, começar a investir? Estas são as dicas de uma especialista
© getty images
Rita Caetano
Escrito por
Mai. 19, 2022

Aos 22 anos, Bárbara Barroso perdeu todas as suas poupanças, depois de investimentos arriscados. Doze anos depois, tinha atingido a liberdade financeira. Como é que isto foi possível? Investigou para saber que investimentos deveria fazer e, simultaneamente, tomou como missão melhorar a literacia financeira em Portugal.

Este último, um grande desafio, se pensarmos que, como a própria nos diz, “os últimos dados do Banco Central Europeu demonstram que, na Zona Euro, em termos de literacia financeira, Portugal está em último lugar”.

A especialista em finanças pessoais e fundadora do MoneyLab, um laboratório de literacia financeira, defende acerrimamente a ideia de que “podemos pôr o dinheiro a trabalhar a nosso favor. Não basta aforrar, temos de investir para criar riqueza. Se não o fizermos, estamos a ficar mais pobres a cada dia que passa”.

E é isso que pretende transmitir no seu mais recente livro – Ponha o Seu Dinheiro a Trabalhar para Si (Planeta), no qual dá a conhecer sete passos para aprender a investir dinheiro e a atingir a liberdade financeira.

O ponto de partida “é poupar para ter dinheiro para investir e, para isso, há um conjunto de ações e comportamentos a seguir. Não é preciso ter uma grande poupança para investir, mas nunca em tempo algum investir o que não se tem”, aconselha.

Vejamos, ponto por ponto, o método da nossa entrevistada.

O tempo é o maior aliado do investidor disciplinado e isso permite que com pouco se consiga chegar a muito – Bárbara Barroso, especialista em finanças pessoais

Pensar como uma milionária

“É importante compreender a nossa identidade financeira, ter consciência do comportamento e dos sentimentos em relação ao dinheiro. São muitas as pessoas que, mesmo tendo muito dinheiro, têm mentalidade de pobre”, diz Bárbara Barroso.

E o que é isso de ter mentalidade de pobre? “Mais de metade das pessoas que ganha muito dinheiro em lotarias ou no Euromilhões volta à mesma situação ou fica pior… Porquê? Porque em vez de investir dinheiro, gasta-o a comprar passivos, ou seja, compra carros, roupa e todo um conjunto de passivos que não geram valor, apenas desvalorizam, quando deveria investir em ativos (coisas que nos dão rendimentos, como imóveis e ações)”, exemplifica a especialista em finanças pessoais.

Portanto, o primeiro passo implica “reprogramar a mente, não esperar que as coisas caiam do céu, não incorporar o medo dos outros e ultrapassar ideias que temos enraizadas que nos condicionam. Para a fundadora do MoneyLab, pensar como um milionário é criar o seu próprio caminho, pensar em grande, investir e abraçar o erro.

Da poupança ao investimento

De acordo com Bárbara Barroso, mudada a mentalidade, é altura de organizar as finanças. “Isso significa olhar para as poupanças, para onde podemos reduzir e cortar, perceber o que pesa mais nas contas”, realça.

É nesta fase que se faz um orçamento, um instrumento fundamental para se perceber para onde está a ir o dinheiro. Idealmente, dever-se-ia conseguir poupar 20% do salário, no mínimo, 10%, e não poupar o que sobra das contas. Para que isso aconteça, a especialista em finanças pessoais aconselha programar uma transferência automática mensal.

Um PPR (Plano Poupança Reforma) pode ser uma opção.

A única forma de medirmos se estamos perto ou longe dos nossos objetivos é sabermos para onde queremos ir – Bárbara Barroso, especialista em finanças pessoais

Planear as finanças

Chegou a altura de definir objetivos. Bárbara Barroso dá o exemplo do GPS: “Quando o ligamos, sabemos qual o ponto de partida e escrevemos o destino. Na nossa vida, temos de fazer o mesmo, ou seja, definir as metas que queremos atingir. A única forma de medirmos se estamos perto ou longe dos nossos objetivos é sabermos para onde queremos ir”.

A autora do livro Ponha o Seu Dinheiro a Trabalhar Para Si assegura que é necessário ser específico nos objetivos, ou seja, quer poupar para a reforma, para um fundo de emergência ou para pagar dívidas.

É também importante medir as metas, que têm de ser atingíveis, caso contrário a probabilidade de as abandonar é grande.

Compreender a linguagem dos investidores inteligentes

Fundamental também para Bárbara Barroso é olhar para “os segredos das pessoas financeiramente bem-sucedidas, para a maneira como olham para o dinheiro e quais as formas e metodologias a que recorrem. Há padrões do sucesso que devemos trazer para as nossas finanças”.

Um dos exemplos que a especialista em finanças pessoais dá no seu livro é que as pessoas com mente de rico não gastam o seu dinheiro de bolso para comprarem carros de luxo. Investem em ativos (ações, imóveis, empresas…) que geram rendimento e é este que paga os carros e outros luxos. Põem os seus ativos a pagar o seu estilo de vida e as despesas.

Definir a estratégia de investimento

Como escrevemos no início do artigo, dinheiro parado no banco equivale a dinheiro perdido, “portanto é preciso investir para o multiplicar”, sublinha a nossa entrevistada.

Mas atenção, continua, “as finanças são pessoais e personalizadas, e o que serve para uma pessoa pode não servir para outra. Não confi­e em quem lhe disser de caras onde deve investir. A sua situação financeira é diferente da de outras pessoas e há um conjunto de premissas a conhecer antes de qualquer tipo de aconselhamento. Por isso é que, quando se vai a um banco ou a uma sociedade gestora, é feito um teste de adequação de investidor para aferir o perfil de risco”.

“Com um investimento de 100€ vou a algum lado? Sim, se reinvestir em vez de ir jantar fora com o que ganhou. É preciso ter consistência e muita paciência. Como diz o investidor Warren Buffett, investir dinheiro é muito mais aborrecido do que se pensa”, explica Bárbara Barroso.

O primeiro patamar de poupança para qualquer pessoa é ter um fundo de emergência, que é o equivalente a seis meses a um ano do custo de vida mensal – Bárbara Barroso, especialista em finanças pessoais

Criar uma carteira de investimento

Existem vários tipos de investimento de acordo com o dinheiro que se tem, volatilidade e risco, mas, como refere a especialista em finanças pessoais, “o primeiro patamar de poupança para qualquer pessoa é ter um fundo de emergência, que é o equivalente a seis meses a um ano do custo de vida mensal. Alguém que tenha 1000€ de despesa deveria ter no seu fundo de emergência entre seis e 12 mil euros”.

O fundo é importante para fazer face a períodos complicados, como problemas de saúde e desemprego. E deverá esse fundo de emergência ser investido?

“Sim, mas em instrumentos que cumpram três critérios: devem ser de baixo risco, ou seja, não deve haver a possibilidade de perder dinheiro; ter elevada liquidez, o significa que podem ser transformados em dinheiro em dois ou três dias; e, por fim, devem igualar ou superar a inflação. Os certificados de aforro podem ser uma boa opção”, responde Bárbara Barroso.

Depois de assegurado o fundo de emergência, pode-se diversificar os investimentos (ações, obrigações e dinheiro, imobiliário e commodities, que são as matérias-primas negociadas na bolsa).

Gestão inteligente do investimento

O último passo, sublinha Bárbara Barroso é “a gestão do património. Há pessoas que até podem conseguir ganhar dinheiro, mas depois não o sabem gerir e perdem-no e tão importante é atingir o patamar como manter-se lá, é uma gestão a longo prazo. É importante proteger o património alcançado com seguros”.

Comece a poupar com o método SMART

  • Specific (específico) Poupar 100€ mensalmente.
  • Measurable (mensurável) Todas as semanas, pôr de parte 25€.
  • Achievable (alcançável) Basta cortar as despesas desnecessárias.
  • Relevant (relevante) Adquirir um novo hábito de poupança.
  • Timely (prazo) Fazê-lo durante um ano inteiro.
Fonte: adaptado do livro Ponha o Seu Dinheiro a Trabalhar Para Si, Bárbara Barroso (Planeta).
A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 262, abril de 2022.

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