E se em vez de estar sempre a poupar, começar a investir? Estas são as dicas de uma especialista
Tem poupanças, mas deixa-as paradas no banco? Saiba que a cada dia que passa está a ficar mais pobre. Investir dinheiro são as palavras-chave.
Aos 22 anos, Bárbara Barroso perdeu todas as suas poupanças, depois de investimentos arriscados. Doze anos depois, tinha atingido a liberdade financeira. Como é que isto foi possível? Investigou para saber que investimentos deveria fazer e, simultaneamente, tomou como missão melhorar a literacia financeira em Portugal.
Este último, um grande desafio, se pensarmos que, como a própria nos diz, “os últimos dados do Banco Central Europeu demonstram que, na Zona Euro, em termos de literacia financeira, Portugal está em último lugar”.
A especialista em finanças pessoais e fundadora do MoneyLab, um laboratório de literacia financeira, defende acerrimamente a ideia de que “podemos pôr o dinheiro a trabalhar a nosso favor. Não basta aforrar, temos de investir para criar riqueza. Se não o fizermos, estamos a ficar mais pobres a cada dia que passa”.
E é isso que pretende transmitir no seu mais recente livro – Ponha o Seu Dinheiro a Trabalhar para Si (Planeta), no qual dá a conhecer sete passos para aprender a investir dinheiro e a atingir a liberdade financeira.
O ponto de partida “é poupar para ter dinheiro para investir e, para isso, há um conjunto de ações e comportamentos a seguir. Não é preciso ter uma grande poupança para investir, mas nunca em tempo algum investir o que não se tem”, aconselha.
Vejamos, ponto por ponto, o método da nossa entrevistada.
Pensar como uma milionária
“É importante compreender a nossa identidade financeira, ter consciência do comportamento e dos sentimentos em relação ao dinheiro. São muitas as pessoas que, mesmo tendo muito dinheiro, têm mentalidade de pobre”, diz Bárbara Barroso.
E o que é isso de ter mentalidade de pobre? “Mais de metade das pessoas que ganha muito dinheiro em lotarias ou no Euromilhões volta à mesma situação ou fica pior… Porquê? Porque em vez de investir dinheiro, gasta-o a comprar passivos, ou seja, compra carros, roupa e todo um conjunto de passivos que não geram valor, apenas desvalorizam, quando deveria investir em ativos (coisas que nos dão rendimentos, como imóveis e ações)”, exemplifica a especialista em finanças pessoais.
Portanto, o primeiro passo implica “reprogramar a mente, não esperar que as coisas caiam do céu, não incorporar o medo dos outros e ultrapassar ideias que temos enraizadas que nos condicionam. Para a fundadora do MoneyLab, pensar como um milionário é criar o seu próprio caminho, pensar em grande, investir e abraçar o erro.
Da poupança ao investimento
De acordo com Bárbara Barroso, mudada a mentalidade, é altura de organizar as finanças. “Isso significa olhar para as poupanças, para onde podemos reduzir e cortar, perceber o que pesa mais nas contas”, realça.
É nesta fase que se faz um orçamento, um instrumento fundamental para se perceber para onde está a ir o dinheiro. Idealmente, dever-se-ia conseguir poupar 20% do salário, no mínimo, 10%, e não poupar o que sobra das contas. Para que isso aconteça, a especialista em finanças pessoais aconselha programar uma transferência automática mensal.
Um PPR (Plano Poupança Reforma) pode ser uma opção.
Planear as finanças
Chegou a altura de definir objetivos. Bárbara Barroso dá o exemplo do GPS: “Quando o ligamos, sabemos qual o ponto de partida e escrevemos o destino. Na nossa vida, temos de fazer o mesmo, ou seja, definir as metas que queremos atingir. A única forma de medirmos se estamos perto ou longe dos nossos objetivos é sabermos para onde queremos ir”.
A autora do livro Ponha o Seu Dinheiro a Trabalhar Para Si assegura que é necessário ser específico nos objetivos, ou seja, quer poupar para a reforma, para um fundo de emergência ou para pagar dívidas.
É também importante medir as metas, que têm de ser atingíveis, caso contrário a probabilidade de as abandonar é grande.
Compreender a linguagem dos investidores inteligentes
Fundamental também para Bárbara Barroso é olhar para “os segredos das pessoas financeiramente bem-sucedidas, para a maneira como olham para o dinheiro e quais as formas e metodologias a que recorrem. Há padrões do sucesso que devemos trazer para as nossas finanças”.
Um dos exemplos que a especialista em finanças pessoais dá no seu livro é que as pessoas com mente de rico não gastam o seu dinheiro de bolso para comprarem carros de luxo. Investem em ativos (ações, imóveis, empresas…) que geram rendimento e é este que paga os carros e outros luxos. Põem os seus ativos a pagar o seu estilo de vida e as despesas.
Definir a estratégia de investimento
Como escrevemos no início do artigo, dinheiro parado no banco equivale a dinheiro perdido, “portanto é preciso investir para o multiplicar”, sublinha a nossa entrevistada.
Mas atenção, continua, “as finanças são pessoais e personalizadas, e o que serve para uma pessoa pode não servir para outra. Não confie em quem lhe disser de caras onde deve investir. A sua situação financeira é diferente da de outras pessoas e há um conjunto de premissas a conhecer antes de qualquer tipo de aconselhamento. Por isso é que, quando se vai a um banco ou a uma sociedade gestora, é feito um teste de adequação de investidor para aferir o perfil de risco”.
“Com um investimento de 100€ vou a algum lado? Sim, se reinvestir em vez de ir jantar fora com o que ganhou. É preciso ter consistência e muita paciência. Como diz o investidor Warren Buffett, investir dinheiro é muito mais aborrecido do que se pensa”, explica Bárbara Barroso.
Criar uma carteira de investimento
Existem vários tipos de investimento de acordo com o dinheiro que se tem, volatilidade e risco, mas, como refere a especialista em finanças pessoais, “o primeiro patamar de poupança para qualquer pessoa é ter um fundo de emergência, que é o equivalente a seis meses a um ano do custo de vida mensal. Alguém que tenha 1000€ de despesa deveria ter no seu fundo de emergência entre seis e 12 mil euros”.
O fundo é importante para fazer face a períodos complicados, como problemas de saúde e desemprego. E deverá esse fundo de emergência ser investido?
“Sim, mas em instrumentos que cumpram três critérios: devem ser de baixo risco, ou seja, não deve haver a possibilidade de perder dinheiro; ter elevada liquidez, o significa que podem ser transformados em dinheiro em dois ou três dias; e, por fim, devem igualar ou superar a inflação. Os certificados de aforro podem ser uma boa opção”, responde Bárbara Barroso.
Depois de assegurado o fundo de emergência, pode-se diversificar os investimentos (ações, obrigações e dinheiro, imobiliário e commodities, que são as matérias-primas negociadas na bolsa).
Gestão inteligente do investimento
O último passo, sublinha Bárbara Barroso é “a gestão do património. Há pessoas que até podem conseguir ganhar dinheiro, mas depois não o sabem gerir e perdem-no e tão importante é atingir o patamar como manter-se lá, é uma gestão a longo prazo. É importante proteger o património alcançado com seguros”.
Comece a poupar com o método SMART
- Specific (específico) Poupar 100€ mensalmente.
- Measurable (mensurável) Todas as semanas, pôr de parte 25€.
- Achievable (alcançável) Basta cortar as despesas desnecessárias.
- Relevant (relevante) Adquirir um novo hábito de poupança.
- Timely (prazo) Fazê-lo durante um ano inteiro.