Adélia Coutinho: “Isto não é só um negócio. Não é só faturar. Criam-se amizades”
Depois de um jantar na Esquina do Avesso e no Fava Tonka, em que a Saber Viver se juntou à loja D’Adélia para celebrar uma noite especial, conversámos com Adélia Coutinho, proprietária dos espaços em São João da Madeira e no Porto sobre ser mulher empreendedora há 30 anos e a importância de estar ao lado das clientes.
São João da Madeira pode ser, tradicionalmente, casa de chapéus e calçado, mas foi o universo da moda infantil que inspirou Adélia Coutinho, proprietária da D’Adélia, a abrir a sua própria loja nesta cidade do distrito de Aveiro.
Tinha apenas 26 anos e uma filha pequena – a sua mais velha – nos braços, quando o decidiu fazer, dando os primeiros passos no seu já sólido e consistente percurso enquanto empreendedora.
Nesse espaço, vendia marcas “topo de gama” para criança, mas ditou o futuro que não se mantivesse assim até aos dias de hoje.
Entre as mudanças sociais e uma exigência cada vez maior que o espaço de roupa de mulher – no qual, entretanto, apostou – envolvia, acabou por colocar a totalidade da atenção na moda de senhora, deixando para trás a para os mais novos.
Foi, por isso, uma transição bastante natural, da qual não se arrepende. “Sem dúvida, enriqueci bastante, ao longo do tempo, com as clientes e as experiências”, revela-nos, poucos dias depois do jantar de celebração, no qual a Saber Viver esteve presente.
Mulher sem medos
Contudo, admite que os primeiros momentos enquanto empreendedora, há já mais de três décadas, foram difíceis, apenas por ser uma jovem mulher.
“Na altura, não era como agora. Hoje, qualquer mulher nova viaja, sai, vai à procura de novos horizontes. E, naquele tempo, não era assim tão fácil. Uma mulher de 26 anos, a andar sozinha e ir para as feiras… tive as minhas dificuldades”, recorda, terminando de modo perentório: “Nada que não se consiga com muita força de vontade e a nossa luta”.
Esta determinação e arrojo, distintivo de alguém muito à frente do seu tempo, transparecem constantemente quando conversamos com Adélia.
Mas se dúvidas restassem, a proprietária da loja D’Adélia confirma-o. “Sempre fui uma pessoa bastante decidida e independente. Sempre gostei de ter o meu próprio espaço e lutar pelas minhas próprias coisas”, nota, quando lhe perguntamos se sempre quis ser empreendedora.
D’Adélia ainda mais a norte
Tudo foi “fluindo naturalmente”, esclarece. Por isso, não é de estranhar que, a pedido das suas clientes, tenha acabado mesmo por dar vida a uma segunda morada no número 420 da Rua Pedro Homem de Melo, na Invicta.
“As minhas clientes lá de cima – de Guimarães, Lixa, Vila Verde e outras zonas – estavam sempre a dizer-me ‘ah, se a D’Adélia estivesse no Porto, era mais fácil para nós, do que vir a São João [da Madeira]’. Daí, nasceu o desejo e a conquista de abrir uma loja no Porto”, conta, acrescentando que, dessa forma, não só teria as suas habituais consumidoras a ir “mais à loja, como, ao mesmo tempo, conseguia ter nova clientela”.
Não só clientes, mas também amigas
Porém, esta “clientela” de que fala não se traduz apenas em euros na conta ao fim do mês. Adélia vê cada uma das mulheres que entram pelas suas lojas adentro também como amigas.
“[Nos jantares de celebração da marca, por exemplo], percebemos que isto não é só um negócio. Não é só faturar. Criam-se amizades. Criam-se raízes muito fortes”, sublinha.
E é natural que assim seja. “A D’Adélia existe para estar sempre ao lado da cliente, não só na venda, mas no acompanhamento, numa festa, em qualquer situação que preciso. Acho que isso é que é verdadeiramente gratificante”, declara.
Deste modo, não existem, de momento, planos de colocar mais pontos no mapa. “É muito importante a presença do dono na loja. A minha filha [Bárbara Marinho, responsável pela comunicação da loja] está mais no Porto, enquanto eu estou em São João da Madeira. Temos uma equipa excecional, mas a nossa presença também é importante, porque criamos um atendimento muito personalizado. Se deixarmos de estar presentes, não é a mesma coisa”, afirma. “O acompanhamento da cliente, o cafezinho ou o chazinho, os dois dedos de conversa,… acho que tudo faz parte”, termina.
Uma noite especial
Há alturas em que esse convívio trespassa as paredes da loja D’Adélia e encontra lugares como a Esquina do Avesso e o Fava Tonka para estreitar laços à mesa.
Exemplo disso foi o jantar nestes dois restaurantes, que juntou Adélia Coutinho, algumas clientes e rostos conhecidos de todos, como Raquel Strada e Mariana Machado, além da Saber Viver, de garfo na mão para experimentar as iguarias dos chefs Ricardo Dias e Nuno Castro.
Veja as fotos desta celebração, na galeria, em baixo.