Barbie: o símbolo feminista que rompeu preconceitos e deu voz às mulheres

Há 61 anos que vemos uma boneca a ser o que ela quiser. Nos últimos anos, colaborações surgiram, comunidades ganharam voz e a inclusão faz agora parte desta evolução. A Barbie é muito mais do que um brinquedo.

Por Jan. 20. 2021

Chama-se Barbara Millicent Robert, nasceu em 1959, e a sua criadora Ruth Handler tornou-a na boneca mais famosa do mundo, diminuindo o seu nome (inspirado na própria filha) para Barbie.

Ruth observava Barbara a brincar com bonecas feitas em papel durante horas e achou que podia dar vida a um brinquedo em plástico que pudesse representar aquilo que as mulheres são (ou podiam vir a ser). Em 1945, ela e o marido Elliot já tinham criado a Mattel, a empresa de brinquedos que viria a revelar-se num sucesso mundial, muito em parte devido a esta boneca loira.

A minha filosofia ao criar a Barbie era que, através desta boneca, as meninas pudessem ser o que elas quisessem. A Barbie sempre representou a ideia que a mulher tem sempre poder de escolha”, afirmou a fundadora da Mattel ao explicar o porquê de criar esta boneca.

A primeira Barbie surgiu a 9 de março de 1959 e suscitou muitas dúvidas: vestia um fato de banho preto e branco, usava uma maquilhagem pesada e representava, de facto, uma mulher. Não era um nenuco, um bebé ou uma menina. Era uma mulher. Mas apesar do ceticismo, a verdade é que foram vendidas 300 mil unidades só no primeiro ano. Depois, disto, o sucesso foi todos os anos alcançado.

A primeira Barbie (1959)

Quebrar tabus

Com a premissa de que as mulheres são aquilo que quiserem, a Barbie foi vestindo uma série de profissões tantas vezes ligadas ao sexo masculino. Astronauta, médica, bombeira, piloto, cientista e por aí fora, a boneca da Mattel foi desconstruindo preconceitos, tanto a nível género, como racial.

Em 1968 surgiu a amiga da Barbie, chamada Christie, de raça negra. Porém, oficialmente, a Barbie de raça negra e latina só foram criadas nos anos 80. Nesse mesmo ano, surgiram mais de 40 Barbies de diferentes nacionalidades, tons de pele, cabelos e roupas.

O resto é história, como se costuma dizer. Porém, é história que reinventou a forma como as jovens raparigas ao longo dos anos brincam com bonecas. A Barbie foi vestida por estilistas como Oscar de La Renta, Moschino, Vera Wang e Christian Dior, Andy Warhol chegou a pintá-la, e até chegou a desfilar na Semana da Moda de Nova Iorque para assinalar o seu 50.º aniversário.

O seu trajeto é riquíssimo, mas até nos últimos anos a evolução (e revolução) continuou a ser feita. Em 2016, e pela primeira vez, foram criadas Barbies com diferentes tipos de corpos: baixas, altas, curvilíneas, com ancas e pernas mais largas ou mais magras. Ao todo, estas bonecas tinham sete tons de pele, 22 cores de olhos e 24 penteados diferentes. O objetivo foi acabar com o estigma de que a boneca da Mattel não era representativa das mulheres.

E não ficou por aqui. Em 2019, a linha Fashionista ganhou novos modelos, incluindo a Barbie numa cadeira de rodas e outra com uma prótese. “Como marca, podemos elevar a conversa em torno das deficiências físicas, incluindo-as na nossa linha de bonecas, para mostrar uma visão multidimensional de beleza e moda”, escreveu a Mattel em comunicado.

Depois de terminada a relação com Ken, em 2014, também a comunidade LGBT+ se vê representada. Em 2017, a Barbie e a namorada aparecerem vestidas com a T-shirt “Love Wins”.

Recentemente, a influenciadora digital Aimee Song revelou que ela seria a namorada da Barbie. Afirmou ainda que na altura que criou estas peças de roupa, a Mattel concordou imediatamente com a mensagem que queria passar. “Ver a boneca nas tendências do Twitter de uma forma tão positiva e normalizada é uma reafirmação de todo o trabalho e progresso que fizemos para a comunidade LGBT+”, conta a influenciadora à Teen Vogue.

As profissões que assumiu já ultrapassam uma centena e entre animais de estimação, casas e carros cor-de-rosa, a Barbie continua a justificar o seu sucesso. As mulheres são o que quiserem ser.

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