Cindy Crawford é exatamente como a imaginamos: alta, de elegância quase incomparável e bem vestida, como seria de esperar. Com um power suit cor de rosa, camisa padronizada e sapatos do mesmo tom, a modelo chegou ao número 192ª da Avenida da Liberdade para cortar a fita vermelha do mais recente espaço da Omega.
É sua embaixadora desde 1995 e inaugurou a loja ao lado da atriz Cláudia Vieira, a embaixadora portuguesa da marca. Jornalistas, fotógrafos e curiosos reuniram-se à frente do espaço apenas para ver a modelo que fez furor no anos 90.
Cindy Crawford, um ícone em Lisboa
Dias antes, já as redes sociais anunciavam que Cindy Crawford estaria por Lisboa a visitar alguns dos lugares mais icónicos. Panteão, Castelo de São Jorge, Palácio da Pena, Torre de Belém ou Chiado foram algumas das zonas por onde a manequim passou, sendo que não deixou de elogiar a gastronomia portuguesa. “Cada refeição foi ridiculamente boa”, confessou ao grupo de jornalistas, fazendo ainda referência aos famosos pastéis de Belém.
Não é, de facto, todos os dias que isto acontece. Cindy Crawford fez parte do batalhão de modelos que marcaram o mundo da moda por variadíssimos motivos. Desfilou para as maiores casas de moda do mundo, como Versace, Chanel ou Christian Dior, e foi a primeira supermodelo a aceitar posar para a capa da revista masculina Playboy.
Foram muitos os momentos marcantes da sua vida e mesmo que quisesse escolher um só, não conseguia. “Não acho que consiga escolher um. Porque, sim, entrar no vídeo de George Michael com a Christy [Turlington], a Linda [Evangelista] e a Naomi [Campbell] foi incrível, mais o dia do meu casamento, ter os meus dois filhos…Como é que se pode escolher um?”
Hoje, com 53 anos, a modelo tem dois filhos, Kaia Gerber e Presley Gerber, de 17 e 19 anos, respetivamente, e é casada há 21 anos com Presley Gerber.
O elixir da juventude e o fenómeno Kaia
Qual será, então, o segredo de Cindy Crawford para se manter tão bem? “Costumava fazer piadas sobre isto, mas à medida que vou envelhecendo, já não é tão engraçado”, brinca.
“Sou uma sortuda, pois tenho os genes certos”, diz a modelo referindo-se à avó de 96 anos e à mãe, que continuam a ter uma vida repleta de proatividade. Porém, este não é o único fator que tem contribuído para o físico da modelo. Os cuidados relacionados com a pele, com o corpo e bem-estar começaram cedo. Admite ter começado a fazer exercício físico aos 20 anos e a ter cuidados especiais, como usar chapéu ou protetor solar, cada vez que ia à praia, pois se ficasse demasiado morena, dificultava o trabalho aos maquilhadores.
“É raro alguém começar a fazer exercício e a comer porcarias, certo? Facilmente, começa-se a fazer essa conexão. Eu não fumava. Bebo uma bebida ou outra mas não exagero e tento dormir o suficiente”, partilha a modelo.
A filha de 17 anos segue os mesmo passos da mãe e é hoje também modelo. Kaia Gerber já desfilou para marcas como Marc Jacobs, Alexander Wang, Fendi ou Moschino e faz sucesso também nas redes sociais, onde só no Instagram já acumula 4,2 milhões de seguidores.
“Acho que o me faz mais ter orgulho nela enquanto modelo é a forma como trabalha. Chega a tempo e chega preparada”, refere. “De uma forma estranha, ela trabalha ainda mais arduamente porque não quer que as pessoas pensem que ela só conseguiu por causa da mãe”, refere.
Em 2018, a jovem manequim fez uma colaboração com Karl Lagerfeld, o ex-diretor criativo da Chanel, que morreu em março, e lançou assim a sua primeira coleção de roupa.
Como vê Cindy Crawford o feminismo?
“Lembro-me de crescer e nunca sentir que era menos do que um rapaz. Assumi que era igual e, talvez seja sortuda, mas cresci na América, então não senti que tinha de provar a mim própria que era melhor do que os rapazes”, afirma.
À Saber Viver, Cindy Crawford explicou como é que a moda pode ajudar no caminho do empoderamento feminino.
De que forma acha que a moda pode empoderar as mulheres?
É auto-expressão, certo? É a forma como nos apresentamos ao mundo. Eu, por exemplo, tenho uma marca de cuidados de rosto. Sei que o tema skincare não cura o cancro, mas secalhar uma mulher que tenha mais confiança e se sinta melhor consigo, talvez consiga curá-lo. Quando as mulheres se sentem confortáveis – ou têm a pele bonita ou têm confiança no que têm vestido – isso, sim, é empoderador. Podem esquecer as suas desconfianças e focar-se no que realmente estão a fazer.
Acha que a moda é mais inclusiva hoje para as mulheres do que nos anos 90?
Sem dúvida! E é, principalmente, pela pressão que as mulheres fazem, do género ‘hey, eu também quero ser representada pela tua marca’. Posso não ter ‘aquele’ tamanho ou ter o tom de pele que pedem, mas vejo muitas marcas a tentarem ser mais inclusivas. Não acho que seja algo que aconteça da noite para o dia, mas há certas marcas que o estão a fazer melhor do que outras. Algumas sabemos que apenas tentam esta mudança porque há outras que estão a fazê-lo, mas depois há exemplos que realmente percebem o que está a acontecer.
Quanto ao facto de se considerar, ou não, feminista, Cindy Crawford assume: “Acho que não me considero feminista, sou só humana (…) As palavras que nos dividem nem sempre ajudam, mas às vezes temos de dar o próximo passo.”
Sabia que a modelo tinha estado por Lisboa? Conheça ainda quais peças que nunca passam de moda.