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Júlia Palha:

Júlia Palha: “É a nossa singularidade que nos torna diferentes e especiais”

Júlia Palha representa, escreve e, entre filmagens, encontra tempo para dar a cara por campanhas de publicidade com mensagens fortes e com as quais se identifica.

Por Jun. 3. 2019

A jovem e multifacetada atriz conta-nos como nasceu a paixão pela escrita, que outras atrizes tem como referência e a sua associação à nova campanha da Intimissimi #NoOneCanJudgeMe.

Dá ainda o seu ponto de vista face ao escrutínio de que tem sido alvo, em relação ao seu corpo, e deixa alguns conselhos para praticar o selflove.

Leia a entrevista e fique a conhecer melhor Júlia Palha.

Entrevista com a atriz Júlia Palha

Que tipo de personagens gosta mais de interpretar: cómicas, vilãs, femmes fatales ou mulheres reais? Porquê?

A verdadeira paixão de qualquer ator é, de facto, vestir diferentes papéis e só essa diversidade nos dá gozo e vontade de continuar nesta profissão, mas acho que uma femme fatale seria o desafio mais divertido. Gosto da ideia do jogo de sedução, do persuadir.

De que forma é que a moda e o guarda-roupa podem influenciar o desempenho de um ator? 

O guarda-roupa tanto pode acrescentar tudo a uma personagem, como nada. Mas a verdade é que estar vestido de uma maneira completamente diferente do nosso estilo ajuda-nos a acreditar mais na personagem.

Um exemplo são os filmes de época – digo isto porque vou agora fazer um com o maravilhoso Mário Barroso. Antigamente, até a postura das pessoas era diferente, o andar, a coluna sempre reta, o colocar dos braços… e vestir aquelas roupas dos anos 20, os espartilhos, as peças apertadas, facilita a construção de certos pormenores de personagem que sem o guarda-roupa não seria possível.

(…) devemos ter cuidado com a maneira como falamos dos outros, não sabemos como a pessoa se sente relativamente ao seu corpo e o impacto que um simples comentário pode ter na vida de alguém.

Que atrizes tem como modelo?

Tenho grandes referências aqui em Portugal, como a Rita Blanco e a Vitória Guerra, entre muitas outras que admiro. E tenho, claro, a minha crush internacional, a Julia Roberts.

Além de atriz, sabemos que tem uma grande paixão pela escrita. De onde surgiu este ‘namoro’ e como é que o alimenta no seu quotidiano?

Surgiu na escola, quando a professora nos pedia que escrevêssemos pequenos poemas. Quando dei por mim, tinha a facilidade de escrever poemas inteiros, com versos coerentes e rimas sólidas em pouquíssimos minutos.

Como tudo na vida, a escrita é algo que se treina; escrevo sobre tudo: sobre o amor, sobre mim, sobre um comboio, às vezes grandes narrativas, outras vezes pequenos excertos de poemas. O que alimenta a minha escrita? O que me rodeia.

Quais são os seus autores e livros preferidos?

Um dos livros que mais me marcou foi O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne, talvez por ter lido ainda muito nova. Hoje gosto mais de ler coisas soltas, poesia. Adoro, amo de paixão, a Rupi Kaur – o último que li dela foi o The Sun and Her Flowers.

Gostar de nós primeiro é a chave para saber gostar mais dos outros.

Viu-se recentemente envolvida num episódio em que o seu corpo foi posto ‘em causa’. Hoje, já um pouco distanciada, como é que olha para esse ‘incidente’?

A situação tomou proporções que eu não esperava. Como disse, escrevo sobre tudo o que me rodeia e a verdade é que eu já sofri com isso e sei que há muitas mulheres, jovens e até crianças que sofrem.

A única ideia que pretendia transmitir na altura é que devemos ter cuidado com a maneira como falamos dos outros, não sabemos como a pessoa se sente relativamente ao seu corpo e o impacto que um simples comentário pode ter na vida de alguém. Tudo o que não venha por bem mais vale ficar em casa.

Acha que as mulheres são demasiado avaliadas pelo aspeto físico? Que conselhos lhes dá para gostarem mais delas próprias?

Nem sempre pensei assim, mas cada vez mais reparo que vivemos num mundo em que todos se copiam, todos tentam ter a mesma imagem – a imagem socialmente aceite. E, começando a ver as coisas deste prisma, é muito importante ganhar consciência de que é a nossa singularidade que nos torna diferentes e especiais. Gostar de nós primeiro é a chave para saber gostar mais dos outros.

Ou será que somos nós que damos demasiada importância ao que dizem?

Há de tudo. Mas sim, vivemos numa sociedade com padrões tão excessivos que há cada vez mais vozes, de figuras públicas, de influenciadores e não só, a revoltarem-se e a inspirar os outros a não terem medo de serem diferentes, a aceitarem-se como são.

Conceitos como o da Intimissimi #NoOneCanJudgeMe representam precisamente isso. Devemos ouvir essas vozes e ignorar o que vem de mau, até porque quem perde o seu tempo a criticar os outros é porque claramente não está bem consigo mesmo.

Existe tal coisa como um soutien que é ao mesmo tempo confortável, garanta suporte e seja sexy?

Existe, sim. A Intimissimi acaba de lançar quatro novos soutiens com copas mais abrangentes e com a elegância da marca que tão bem conhecemos. Ser a cara da campanha dos novos soutiens e estar relacionada com uma marca que percebe as necessidades das mulheres, nomeadamente a forma como cada corpo se ajusta aos soutiens, é muito gratificante; não podia estar mais orgulhosa da Intimissimi por esta iniciativa.

Como define o seu estilo? 

Diria que sempre fui uma pessoa clássica e que agora tenho vindo a apostar no moderno.

Quais são as suas peças obrigatórias para o dia a dia?

Peças obrigatórias hoje em dia não sei bem, visto de tudo. Claro que há as clássicas como uma T-shirt branca, uns jeans, uns bons sapatos e adoro o brallete preto da Intimissimi. Agora, ando viciada em conjuntos, acho que dão muita pinta e são práticos porque não temos de estar a conjugar roupa de manhã.

Quais são os seus designers favoritos – nacionais e internacionais? Porquê?

Confesso que a nível internacional não acompanho tanto, só há muito pouco tempo comecei a interessar-me por moda (no que toca a vestir-me, claro!). A nível nacional, tenho os meus preferidos, que são o Luís Carvalho e o Gonçalo Peixoto, acho que ambos têm a mistura entre o clássico e moderno que eu tanto prezo.

Qual é a sua rotina de beleza? 

Tenho as minhas rotinas chave, que não falho um dia. Aplico sempre um creme hidratante no rosto e pescoço (de manhã e à noite) e faço máscaras, umas esfoliantes, outras para hidratar, de três em três dias. Quanto ao cabelo, uso sempre protetores de calor e óleos hidratantes depois do banho. Agora, uma vez por semana, antes de me deitar, aplico óleo de rícino misturado com óleo de coco da raiz às pontas, vou dormir e lavo no dia a seguir – faz crescer imenso o cabelo e é um boost de hidratação. Diariamente, utilizo a gama Blond Absolu, da Kérastase, uma linha específica para cabelos loiros.


Tem seguido o trabalho de Júlia Palha como atriz? Leia ainda a entrevista com Cindy Crawford, onde explica como a moda pode ser uma forma de empoderamento feminino.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 227, maio de 2019.
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