Made in Portugal: esta marca artesanal de cestas promove o melhor de Portugal
Existe desde 2015 e nem as próprias fundadoras esperavam ter tanto sucesso como têm hoje. Entre cestas, carteiras e clutches, há muito a conhecer sobre a história da marca.
A mãe Isabel e a filha Joana juntaram-se há cinco anos para criar aquela que viria a ser uma marca de sucesso. As Belinhas são uma verdadeira ode ao que de melhor se faz em Portugal, uma vez que todas as matérias primas utilizadas são 100% portuguesas e trabalham diretamente com artesãos do nosso País, muitos deles com mais de 70 anos.
Esta é uma arte que os jovens podem não aderir facilmente, e por isso torna-se difícil encontrar mão de obra, mas não é por isso que As Belinhas vão desistir. Pelo contrário. A marca mostra o seu sucesso todos os anos, sendo que em 2019, como Joana Almeida nos disse, foi “o ano”.
Conheça mais sobre esta história inspiradora.
Entrevista a Joana Almeida, fundadora d’As Belinhas
Por que é que decidiram lançar As Belinhas?
As Belinhas nasceram de uma brincadeira há cerca de cinco anos. Sempre fomos adeptas de construir os nossos próprios acessórios e, numa tarde de primavera, enquanto petiscávamos numa esplanada, perguntaram-nos porque é que não colocávamos à venda (no Facebook) as nossas cestas (personalizadas por nós), para ver qual a aceitação das pessoas.
E assim foi, nesse mesmo dia à noite, criámos uma página de Facebook e colocámos fotografias das duas únicas cestas que tínhamos, as nossas… Não queríamos acreditar!
Em 24 horas tínhamos vendido as duas e já tínhamos encomendas! Foi aí que detetámos uma lacuna neste nicho de mercado. Analisámos o potencial de entrarmos nele e percebemos que era imenso!
Cestas, clutches e chapéus há imensos à venda. Sejam pintados, com franjas ou com missangas, tudo se encontra hoje em dia, mas as nossas eram (são) diferentes.
Qualquer matéria prima utilizada por nós é totalmente portuguesa, potenciando assim, o artesanato e a indústria portuguesa. Além disso, os nossos artigos são totalmente personalizados com renda portuguesa (100% algodão) ou em crochet (tricotado por nós manualmente) e, por fim, as nossas alcofas são forradas no interior e desenhadas à mão, tornando cada uma diferente da outra.
Porquê este nome?
A mãe chama-se Isabel e desde sempre que é tratada por ‘Belinha’ por alguns membros da família. Sendo o negócio de mãe e filha e as duas tão ligadas uma à outra, ficámos ‘As Belinhas’ e toda agente nos conhece e trata assim.
Sabemos que dão primazia à produção nacional. Onde é feita e como escolhem os materiais?
Todos os nossos artigos são produzidos por artesãos portugueses de Norte a Sul de Portugal, e cada vez é mais difícil de os encontrar. A personalização dos artigos, que vai desde tricotar o crochet, coser a renda portuguesa no artigo, costurar um forro e desenhar o mesmo à mão, é totalmente feito por nós, no Concelho de Vila Franca de Xira.
Os materiais vão desde a folha de palma, onde As Belinhas se iniciaram, até à juta, à verga ou à folha de centeio, por exemplo. Estes artigos são depois personalizados com linha de algodão, renda portuguesa em algodão, pedraria… Tudo pensado e idealizado pela mãe Isabel.
Encontraram, ao longo dos anos, dificuldade em produzir dentro de Portugal?
Tendo em conta que a personalização é totalmente feita por nós, não sentimos grande dificuldade nessa parte. Contudo, na produção artesanal dos artigos, cestas e clutches, sentimos dificuldade na questão de 90% dos artesãos serem pessoas com mais idade, pois os mais jovens não querem aprender a técnica da empreita visto ser tão difícil e tão exigente e, muitas vezes, sem ser compensatória monetariamente.
Contudo, temos de deixar uma palavra de agradecimento a todos os artesãos que trabalham connosco, alguns acima da fasquia dos 70 anos e que fazem com que as nossas tradições se possam manter vivas.
Este é um negócio familiar. Pode ser complicado trabalhar em família ou consideram que é até mais fácil?
Para nós, é super fácil! Somos duas pessoas que se complementam a 99%! A mãe Isabel trabalha a tempo inteiro n’As Belinhas e é responsável pela parte criativa e de personalização. É a verdadeira alma d’As Belinhas.
A filha Joana, além de ser account manager numa empresa de Serviços de Informação, gere todas as redes sociais e também as encomendas. Ou seja, conseguimos realizar toda a cadeia de valor entre nós e sendo um negócio familiar que começou pequenino e hoje em dia é enorme, se não nos apoiarmos uma à outra o motor não andaria.
Em que é que se inspiram para criar novos modelos de carteiras?
A parte criativa deve-se à mãe Isabel que tem desde sempre uma veia criativa muito apurada, inspirando-se na Natureza, em simples sentimentos ou em conversas do dia a dia.
Uma vez que os cestos e as carteiras em juta são tendência já há pelo menos dois anos, sentiram uma maior procura? Acreditam, por isso, que a concorrência aumentou?
Felizmente, As Belinhas têm vindo a crescer anualmente. Mas o ano passado foi “o ano”. O ano em que faturámos e crescemos mais no mercado. O nosso nome é conhecido por todo o lado e todos identificam As Belinhas e não há nada como o passa a palavra.
A concorrência nunca nos preocupou muito, para sermos sinceras. Não há muitas marcas registadas que trabalhem nesta área. Somos poucas e cada uma de nós trabalha de forma diferente e com públicos-alvo diferentes.
Podemos dizer que há várias páginas de Facebook/Instagram que tentam entrar no mercado, não só do artesanato, mas a maioria acaba por “morrer” ao fim de um tempo. Dá trabalho manter uma empresa aberta, manter uma rede social atualizada, manter a reputação de uma marca, receber sempre feedback positivo e, acima de tudo, ter clientes desde o início até hoje que nos compram quatro ou cinco vezes por ano. Isso dá muita vontade de trabalhar!
Até agora, qual é o modelo que mais tem sucesso?
Temos imensos modelos, principalmente de cestas e clutches, que nos acompanham desde 2015, pois foram os modelos que marcaram o nascimento d’As Belinhas e que se vendem muito até hoje!
Dizem-nos que As Belinhas andam “até pelo mundo”. Em que mercados é que estão presentes?
Podemos dizer que já vendemos para todos os continentes! Contudo, internacionalmente, as maiores consumidoras são as nossas queridas portuguesas que se encontram emigradas em França, na Suíça, no Luxemburgo. Querem sentir o cheiro, manter as nossas tradições o mais próximo possível e são umas excelentes clientes.
Qual é o balanço que fazem destes anos de marca?
O balanço não poderia ser mais positivo, na nossa opinião. O negócio começou como uma mera brincadeira e atualmente é um negócio com muito poder no mercado do artesanato.
É uma marca conhecida nacionalmente, com bastante reputação e conhecida pela sua qualidade e perfecionismo. É isso que nos caracteriza e é isso que faz com que as clientes que compram uma vez voltem a comprar sempre mais e mais. Isto porque quando o artigo é recebido, é uma sensação única e uma explosão de alegria nas clientes.
Diariamente, recebemos mensagens a agradecer desde o embrulho a todos os pormenores da personalização do artigo e é isso que faz com que existam dias em que dormimos duas ou três horas. Contudo, acordamos sempre com um enorme sorriso na cara.
Onde é que gostavam que a vossa marca chegasse? Que planos têm?
Queremos que a nossa marca seja uma marca reconhecida nacional e internacionalmente, mas sem perder a essência do artesanato. Não queremos expandir a marca, como já nos propuseram, para algo industrial porque aí deixaria de ser As Belinhas. Aí passaríamos a ser mais uma marca de retalho em que nos diferenciamos pelo preço apenas. E não é isso que queremos.
Queremos diferenciarmo-nos pelos modelos distintos, pela qualidade e por trabalharmos com pessoas portuguesas, com matérias-primas portuguesas e em Portugal.
Queremos ser nós a falar diretamente com cada cliente, mesmo que isso nos obrigue a não dormir, mas gostamos de conhecer cada cliente, a história de cada uma delas, os seus gostos…. É um atendimento personalizado que o target de clientes que trabalhamos merece.
Por isso, queremos continuar a crescer, a evoluir e a aprender, mas sempre com os pés bem assentes na terra.