A revista Allure, a “bíblia da beleza”, declarou um manifesto anti-idade, anunciando, em meados de agosto, que iria abolir o termo antiaging (antienvelhecimento) dos seus artigos. Michelle Lee, diretora da publicação norte-americana, escreveu.
“Esta questão tão esperada é a celebração necessária de crescer na sua própria pele – com rugas e tudo o mais. Ninguém está a sugerir abandonar o retinol. Mas mudar a forma como pensamos em envelhecimento passa por mudar a forma como falamos sobre envelhecimento.” E continuou.
Manifesto anti-idade: a “não idade” está na moda
Esta reação não foi de todo um boicote da publicação feminina à indústria cosmética. Muito pelo contrário. Foi mais um despertar de consciências. E a capa da edição de setembro da revista Allure fê-lo de forma brilhante. A atriz britânica Helen Mirren dá a cara, literalmente, por esta geração. Uma forma de deixar bem claro (e à vista) que as mulheres ditas maduras (a fruta quando madura é mais saborosa) são lindas.
Mulheres reais, com uma idade real
A “meia-idade” está na moda. É um facto. De acordo com os dados do estudo Eurostat, a idade média da população portuguesa passou dos 35,5 anos para os 43,1 anos. O nosso país ocupa, com a Alemanha, o segundo lugar no que toca ao envelhecimento na Europa.
Com o aumento da esperança de vida, a geração baby boomer é a primeira a ficar “surpreendida” com a sua própria longevidade. Já não é a idade cronológica que determina o nosso tempo de vida. É, sim, o cuidado que temos com o nosso tempo. Estamos a trabalhar até mais tarde. Mas estamos, também, a alimentar-nos melhor, a fazer mais exercício, a viver mais experiências. A viver mais e mais tempo.
No universo da beleza, as campanhas de publicidade optam por mulheres não só reais, como de idade real. As atrizes Jane Fonda e Helen Mirren, com mais de 70 anos, pousam para a L’Oréal Paris. Kate Winslet, Penelope Cruz e Julia Roberts, com mais de 40, são o rosto da Lancôme. “Pensar que a indústria da beleza gira em torno das mulheres mais novas é uma tendência. Na realidade, o poder e alcance de compra está na faixa etária mais velha”, explicou ao The Telegraph Alex Babsky, maquilhador da Lancôme.
Pela inclusão da idade
O universo da moda segue esta “moda”. A edição de outubro da Vogue italiana, tem a atriz Lauren Hutton em três capas a celebrar o seu número timeless (intemporal).
Hutton, de 74 anos, fotografada por Steven Klein, é a mulher mais velha a aparecer numa capa da Vogue. Emanuele Farneti, diretor da publicação, afirma ao site WWD: “A pergunta a ser feita não é se a beleza madura está no auge na moda. A resposta é sim. Nem é a pergunta sobre se os millenials ou os baby boomers, que envelhecem bem e estão cheios de dinheiro para gastar e loucos para comprar, vão salvar a moda. Achamos que a questão gira em torno da diversidade inclusiva, o maior desafio dos dias de hoje. Isso está relacionado como o género, a étnia e a religião. E é o mesmo quando o assunto é idade – ninguém se sente excluído”.
Lauren Hutton, em entrevista ao WWD, concluiu: “Esta foi a capa em que me senti mais útil. (…) Esta é a capa que pode mudar a sociedade, porque mostra uma mulher vibrante, atraente, que se ri, e que, pela primeira vez, é uma mulher da minha idade.”
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Foto: Oysho Ageless
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