Moda

Manifesto anti-idade: está na moda ter mais de 40 anos. E assumi-lo

A beleza, tal como a moda, não tem de nos fazer sentir mais jovens. As mulheres é que têm de se sentir bem na sua pele. Está tudo nas nossas cabeças e não nas rugas do rosto. Manifesto anti-idade: vamos celebrar a “não idade”!

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Manifesto anti-idade: está na moda ter mais de 40 anos. E assumi-lo
Escrito por
Out. 17, 2017

A revista Allure, a “bíblia da beleza”, declarou um manifesto anti-idade, anunciando, em meados de agosto, que iria abolir o termo antiaging (antienvelhecimento) dos seus artigos. Michelle Lee, diretora da publicação norte-americana, escreveu.

“Esta questão tão esperada é a celebração necessária de crescer na sua própria pele – com rugas e tudo o mais. Ninguém está a sugerir abandonar o retinol. Mas mudar a forma como pensamos em envelhecimento passa por mudar a forma como falamos sobre envelhecimento.” E continuou.

“Repitam comigo: envelhecer é maravilhoso, porque significa que temos a oportunidade, todos os dias, de viver uma vida preenchida e feliz. E a linguagem importa. Quando falamos sobre uma mulher de 40 anos, as pessoas tendem a usar frases qualitativas, como ‘Ela está ótima para a idade´, ou ´Ela é bonita… para uma mulher mais velha’. Soa a elogio? Nem por isso.”

Manifesto anti-idade: a “não idade” está na moda

Esta reação não foi de todo um boicote da publicação feminina à indústria cosmética. Muito pelo contrário. Foi mais um despertar de consciências. E a capa da edição de setembro da revista Allure fê-lo de forma brilhante. A atriz britânica Helen Mirren dá a cara, literalmente, por esta geração. Uma forma de deixar bem claro (e à vista) que as mulheres ditas maduras (a fruta quando madura é mais saborosa) são lindas.

Mulheres reais, com uma idade real

A “meia-idade” está na moda. É um facto. De acordo com os dados do estudo Eurostat, a idade média da população portuguesa passou dos 35,5 anos para os 43,1 anos. O nosso país ocupa, com a Alemanha, o segundo lugar no que toca ao envelhecimento na Europa.

Com o aumento da esperança de vida, a geração baby boomer é a primeira a ficar “surpreendida” com a sua própria longevidade. Já não é a idade cronológica que determina o nosso tempo de vida. É, sim, o cuidado que temos com o nosso tempo. Estamos a trabalhar até mais tarde. Mas estamos, também, a alimentar-nos melhor, a fazer mais exercício, a viver mais experiências. A viver mais e mais tempo.

No universo da beleza, as campanhas de publicidade optam por mulheres não só reais, como de idade real. As atrizes Jane Fonda e Helen Mirren, com mais de 70 anos, pousam para a L’Oréal Paris. Kate WinsletPenelope Cruz e Julia Roberts, com mais de 40, são o rosto da Lancôme. “Pensar que a indústria da beleza gira em torno das mulheres mais novas é uma tendência. Na realidade, o poder e alcance de compra está na faixa etária mais velha”, explicou ao The Telegraph Alex Babsky, maquilhador da Lancôme.

Pela inclusão da idade

O universo da moda segue esta “moda”. A edição de outubro da Vogue italiana, tem a atriz Lauren Hutton em três capas a celebrar o seu número timeless (intemporal).

Sneak peek to our October issue ? È sempre oggi ? on Newsstands tomorrow October 5th? The legendary Lauren Hutton ?? in Valentino @maisonvalentino by Steven Klein @stevenkleinstudio styled by Patti Wilson @patti_wilson ? #TheTimelessIssue #TimelessVogueItalia ? Exclusively today on @WWD Editor in chief @efarneti Creative director @gb65 ✨✨ Casting @pg_dmcasting @samuel_ellis Models Lauren Hutton and Diego Villarreal @ddiegovillarreal @ Soul Artist Management Hair Ward @ward_hair @ The Wall Group. Hair pieces Helena Collection Wigs @helenawigs Make-up Kabuki @kabukinyc @ (www.kabukimagic.com) Manicure Yuko Tsuchihashi @yukotsuchihashi @ Susan Price NYC Set designer Stefan Beckman @stefanbeckman @ Exposure NY on set Viewfinders✨✨✨

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Hutton, de 74 anos, fotografada por Steven Klein, é a mulher mais velha a aparecer numa capa da Vogue. Emanuele Farneti, diretor da publicação, afirma ao site WWD: “A pergunta a ser feita não é se a beleza madura está no auge na moda. A resposta é sim. Nem é a pergunta sobre se os millenials ou os baby boomers, que envelhecem bem e estão cheios de dinheiro para gastar e loucos para comprar, vão salvar a moda. Achamos que a questão gira em torno da diversidade inclusiva, o maior desafio dos dias de hoje. Isso está relacionado como o género, a étnia e a religião. E é o mesmo quando o assunto é idade – ninguém se sente excluído”.
Lauren Hutton, em entrevista ao WWD, concluiu: “Esta foi a capa em que me senti mais útil. (…) Esta é a capa que pode mudar a sociedade, porque mostra uma mulher vibrante, atraente, que se ri, e que, pela primeira vez, é uma mulher da minha idade.”

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Foto: Oysho Ageless

 

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