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Obsidian: a nova marca intemporal de Cláudia Vieira e Gabriela Pinheiro

Obsidian: a nova marca intemporal de Cláudia Vieira e Gabriela Pinheiro

Pensada por mulheres para mulheres, Obsidian é a nova marca de roupa da atriz Cláudia Vieira e da stylist Gabriela Pinheiro. Amigas de longa data, apresentam agora este novo projeto cujas peças refletem não só a sustentabilidade, como o gosto pela intemporalidade e qualidade.

Por Out. 13. 2022

Após anos de amizade e trabalho em conjunto, uma vez que Gabriela Pinheiro é também a responsável por muitos dos looks icónicos de Cláudia Vieira, a stylist e a atriz juntaram-se e lançaram a sua própria marca de roupa. Denominada Obsidian, a primeira coleção cápsula foi desenhada para a mulher contemporânea que pensa no ambiente e vive a vida com equilíbrio.

Com a premissa de que “menos é mais do que suficiente”, com peças que se cruzam e que combinam entre si, Obsidian surgiu para consciencializar o público feminino sobre a importância da sustentabilidade. A marca foi pensada, desenhada e criada por fabricantes em Portugal, sempre com respeito pelo planeta.

Esta primeira coleção é composta por nove peças intemporais de alta qualidade e cores vibrantes, feitas com materiais nobres que não só dão um toque de elegância e confiança a quem as veste, como podem ser combinadas com futuros lançamentos da marca e peças que já tem no guarda-roupa.

A Saber Viver conversou com a atriz e a stylist para saber mais sobre este projeto, desde como surgiu, quais os desafios na sua criação e ainda os planos para o futuro.

Entrevista a Cláudia Vieira e Gabriela Pinheiro

Para além de parceiras profissionais, a Cláudia e a Gabriela são amigas há alguns anos. Como surgiu a ideia de criar esta marca?

Cláudia: Há bastante tempo que já falávamos que tínhamos vontade de ter algo nosso, de desenvolvermos alguma coisa, termos um projeto paralelo às nossas vidas profissionais e juntas. Fazia todo o sentido. E de tanto contato com as roupas, inevitavelmente foi o que nos uniu. Em 2019 decidimos que estava realmente na altura de avançarmos. Entretanto entramos numa pandemia e ao mesmo tempo também sentimos que tínhamos de ter uma terceira pessoa, porque nós as duas sozinhas não iríamos conseguir pôr isto em marcha. Com a nossa sócia, Raquel Vasconcelos, somos agora três mulheres. Com ideias diferentes, mas com um gosto em comum, que é o de acreditar em determinados projetos, como é o caso da nossa Obsidian.

De que forma conseguimos ver a identidade de ambas refletida nas peças?

Cláudia: Está presente na irreverência, no arriscar e no contraste. Por serem peças com padrão e com cores fortes contrastadas, e isso são características que nós temos.

Gabriela: Está presente na forma de vestir, no fit, na versatilidade, na preocupação com entrar em vários corpos, de se adaptar a várias mulheres que, no fundo, é o meu trabalho. A minha vida não é só vestir manequins, é vestir mulheres. A nossa personalidade espelha-se na roupa um pouco desta forma, de ter de olhar para nós mesmas e para os outros.

Nós queremos acompanhar as tendências, mas não ser demasiado tendência a ponto de passar de moda – Gabriela Pinheiro, stylist

Porquê o nome Obsidian?

Gabriela: A obsidiana, no fundo, transmite energia ligada à Natureza, vem da lava do vulcão que, quando arrefece, torna-se vidro. Portanto é intensa e frágil, o que representa um pouco aquilo que a mulher é na sua natureza. Nós somos muito intensas, muito frágeis, muito fortes, ou seja, nós não somos uma só coisa.

Qual a inspiração para a criação desta marca?

Gabriela: Nós temos vários momentos e a nossa coleção também é um bocadinho assim. Tem peças muito mais coloridas, tem peças menos coloridas, peças mais excêntricas, outras um bocadinho mais básicas. Nunca vamos demasiado à excentricidade, porque queremos sempre modelos que fiquem no nosso guarda-roupa durante muitos anos. Nós queremos acompanhar as tendências, mas não ser demasiado tendência a ponto de passar de moda. Queremos ter um bocadinho isso também como princípio de sustentabilidade e produzir peças que durem no tempo.

''Só faz sentido pôr esta marca no mercado como uma solução, uma proposta diferente, para que as clientes tenham outras hipóteses de consumo'' - Cláudia Vieira, atriz
© Pedro Ferreira

Quais os materiais usados nesta nova marca?

Cláudia: Plástico reciclado, ou seja, um tipo de plástico que se desfaz. Há essa consciência presente em todas as peças, que são produzidas em Portugal e em poucas quantidades. É importante ter essa preocupação e essa consciência do que é saber viver neste nosso mundo. A ideia é conjugar as peças com as coleções cápsula seguintes ou com peças que todas temos no armário, como uns jeans ou uma camisa branca. Por isso mesmo, vamos fazer pequenos vídeos com sugestões de styling, que é a especialidade da Gabriela.

Gabriela: Poliéster reciclado de garrafas também. Fomos sempre conhecendo novas matérias-primas. Por exemplo, a folha de ananás e certos materiais que não sabíamos que era possível usar para roupa. Aos poucos, nós temos de ir abandonando estes hábitos da fast fashion, então queremos ir contra isso, fazer com que a peça seja vista com mais respeito. E obviamente que quando falamos de matérias-primas recicladas, é preciso um cuidado especial. Cada uma vai acompanhada com um cartão de identificação, que explica exatamente de onde é que vem o tecido, como é que fica, como deve ser cuidada, para cada pessoa saber exatamente o que está a vestir.

Com a máxima “menos é mais do que suficiente”, o que pretendem mostrar às mulheres portuguesas?

Cláudia: Queremos mostrar às nossas clientes as várias formas de vestir as nossas peças. A coleção é uma cápsula com um número de peças também ele pequeno. Tivemos que abdicar de ideias que tínhamos e reduzir a coleção até esse nível. São nove modelos diferentes que pretendemos conjugar com as novas cápsulas que vamos entretanto lançando. Estas vão sendo feitas à medida do que conseguimos, respeitando a premissa da sustentabilidade. E como as nossas peças são intemporais, podem ser usadas nos dias de hoje, como daqui a 10 ou 20 anos.

''Queremos desafiar a mulher a ser bold, a não ter medo da ousadia, mesmo que por dentro seja um dia em que se sente frágil'' - Gabriela Pinheiro, stylist

Quais os principais desafios em criar uma marca amiga do planeta?

Ambas: Muitos (risos).

Cláudia: Nós não queremos ser causadoras de mais desperdício, foi tudo pensado nesse sentido.

Gabriela: Tivemos de esperar até por algumas matérias-primas, que alterar feitios e botões, porque queríamos uns que fossem forrados com o nosso tecido, mas o interior teria de ser de plástico e não queríamos usar plástico de maneira nenhuma.

Porquê lançar este projeto agora? O que acha que a marca traz de diferente para o mercado português?

Cláudia: Sentimos que dentro das ofertas que o mercado vai tendo (e tem muitas), não é que haja uma necessidade de mais uma marca, mas sim mais uma marca de roupa que a base e princípio é a sustentabilidade. Nós tentamos ser o mais sustentáveis possíveis, mesmo que isso faça com que os nossos timings não sejam exatamente os desejados. Só faz sentido pôr esta marca no mercado como uma solução, uma proposta diferente, para que as clientes tenham outras hipóteses de consumo.

Uma vez que somos, de facto, o que vestimos, quem é a mulher Obsidian?

Cláudia: É uma mulher frágil, mas muito versátil, irreverente e intensa. É uma mulher que gosta dela própria, que gosta de se sentir elegante e dinâmica.

Gabriela: Queremos desafiar a mulher a ser bold, a não ter medo da ousadia, mesmo que por dentro seja um dia em que se sente frágil. Nós acreditamos no empoderamento feminino, com a sustentabilidade como base. Portanto a mulher Obsidian é uma mulher que se preocupa com o ambiente e com ela própria.

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Esta coleção foi desenhada para mulheres que não têm medo de ser elas próprias. Que conselhos dá às nossas leitoras para cultivarem o amor-próprio?

Cláudia: Um dos maiores conselhos que eu posso dar a qualquer pessoa é ter um bocadinho de autoconhecimento, algo que as pessoas se esquecem. Olhar para si própria, ter respeito para consigo e para com os outros e, acima de tudo, ter um equilíbrio. Não se esqueça de se cuidar, de se sentir bem consigo própria, na sua pele. Que se conheça e que respeite o sítio, a casa onde vive, que é o planeta. Isso é fundamental.

Gabriela: A obsidiana é uma pedra que tem o poder de puxar a positividade e afastar a negatividade. No fundo, é um bocadinho o conselho que nós damos. Não termos medo de nos cuidarmos, mesmo que tenhamos acabado de ser mães, por exemplo. Temos que nos conhecer, de nos tratar e temos de ter vaidade naquilo que somos.

Vamos dando pequenos passos muito conscientes com a limitação que o ambiente exige. E essa é a nossa premissa – Cláudia Vieira, atriz

Têm alguma peça preferida da coleção?

Cláudia: Temos nove peças, todas elas especiais. Temos um trench coat e uma camisa branca absolutamente maravilhosas.

Gabriela: Todas. [risos] Temos um fato rosa que é a minha paixão.

Sei que ainda vamos ouvir falar muito da Obsidian. Que planos têm para o futuro da marca?

Cláudia: O grande objetivo ao lançarmos esta marca é pôr as mulheres mais elegantes, mais bonitas, mais conscientes. Mas sem dúvida nenhuma que o objetivo inicial é perceber como é que a Obsidian é recebida.

Para já é uma marca de roupa feminina, que é o que nos faz sentido. Mas não temos limites, como é óbvio, e não sabemos como é que a Obsidian vai estar daqui a um ano e estamos completamente abertas a novos desafios, como moda infantil, moda masculina, acessórios, tudo isso. Mas agora estamos muito, muito, focadas no momento. Vamos ver como acontece a receção desta primeira cápsula, já a pensarmos na cápsula seguinte (que está em produção). Vamos dando pequenos passos muito conscientes com a limitação que o ambiente exige. E essa é a nossa premissa. Ou seja, queremos voar alto, mas ao mesmo tempo com baby steps.

Gabriela: Isto é algo que a Cláudia me ensinou e acho que inspirou muitas pessoas. Viver o momento presente e fazer dele uma coisa especial. E cada vez mais temos de tentar fazer isso na nossa vida. Cada dia, um dia especial e único. E, portanto, nós estamos muito mais focadas realmente em fazer isso bem do que dar os voos muito longos e rápidos.