Podemos assumir de uma vez por todas o nosso amor pelas ‘cuecas da avó’?
Tanto Carrie Bradshaw, de O Sexo e a Cidade, como Bridget Jones as assumiram. Na verdade, as ditas ‘cuecas da avó’ nunca deviam ter saído de cena. Podemos acabar de vez com a ditadura da roupa interior sexy e deixarmo-nos empoderar pelo conforto?
Todas crescemos a ouvir que sexy é sinónimo de decotes pronunciados, pernas à mostra ou uma lingerie de renda e cuecas fio dental. Mas que preço pagamos por acreditarmos que tudo se resume só a isto? Mais: essa é a noção de sexy para quem? Para os homens?
Sim, umas incríveis cuecas de seda pretas, com renda bordada podem ser a escolha perfeita para as noites especiais, se elas nos fizerem sentir bonitas e confiantes. Mas não estaremos altamente condicionadas por uma visão machista do que achamos que nos faz bonitas?
Nunca apaguei da memória uma cena de Carrie Bradshaw, da mítica série O Sexo e a Cidade, a levantar-se da cama depois de uma noite passada com uma das suas paixonetas (ou seria com o Big?) com umas enormes cuecas brancas.
Também Bridget Jones, em O Diário de Bridget Jones, protagoniza uma cena memorável com umas ‘cuecas de gola alta’.
Duas personagens de ficção com as quais provavelmente todas nos identificamos a determinada altura da vida. Para elas, conforto rima bem com confiança e faz jus a uma mulher genuína. Porque não assumir isso, de uma vez por todas?
A pressão de ser sexy é tudo menos sexy
A pressão para que uma mulher se deva vestir de forma sexy para os outros é enorme. Parece uma ditadura. E talvez nós próprias também estejamos, inconscientemente, a contribuir para que esta realidade perdure.
Leandra Medine foi uma das minhas maiores inspirações para abrir horizontes nesta matéria. A fundadora do Man Repeller, um blogue de moda que criou aos 22 anos, ajudou a passar a mensagem de que o anti-sexy é cool. Tal como o nome do blogue indica, ela é fiel ao seu estilo, independentemente de este “repelir os homens”, por não ser o que se convencionou de sexy.
A questão não é banir o fio dental, o estilo asa delta ou qualquer outro modelo de tanga mais ou menos confortável. Mas antes escolher ou não usá-las à luz do que é a nossa vontade e bem-estar. E assumir, sem pudor, o amor pelas nossas cuecas mais confortáveis.
O poder do conforto
Chamam-lhe ‘cuecas da avó’, ‘cuecas de gola alta’, de cós subido, largas… o nome é indiferente, o importante é o que podem significar. A confiança é, muito provavelmente, o principal ingrediente para nos sentirmos sexy. Por isso, não é descabido falar de conforto para nos sentirmos confiantes, certo?
Para comemorar os seus 40 anos, a sloggi põe em perspetiva a noção de conforto e faz-nos refletir sobre a ditadura dos padrões estéticos que ainda persistem sobre as mulheres.
Como? Com o lançamento de um rap e um videoclip que homenageiam as chamadas ‘cuecas da avó’ – brancas e de cós subido, um dos seus modelos mais icónicos (o primeiro lançado pela marca).
A letra da música, uma adaptação do famoso rap dos anos 90 Baby Got Back (de Sir Mix a Lot), fala da necessidade de quebrar com estes padrões de beleza, de forma divertida. Numa tradução livre, seria algo como: “estou farta de revistas a dizer que o fio dental ainda está na moda. Elas estão erradas (…) Miúda, para de resistir!”
O videoclip é protagonizado por uma avó super cool e divertida, que de convencional não tem nada. Ela e a sua ‘crew’ feminina de mulheres reais (e diferentes corpos) mostram o orgulho que têm em usar cuecas confortáveis, de forma genuína, sem medo de não se sentirem femininas e sexy o suficiente.
A marca relança, assim, o seu modelo Basic, as cuecas brancas de cós alto, modernizando-o. Agora estão disponíveis com a parte de trás franzida e em branco e preto.
Toda a campanha acaba por ter uma mensagem empoderadora.
Podemos todas orgulhosamente admitir o bem e a confiança que umas confortáveis ‘cuecas da avó’ trazem à nossa vida – sejam só para dormir, para usar no dia a dia, para os dias do período ou qualquer outro momento?