Bem-vinda ao futuro. Estas são as tendências de moda aliadas à tecnologia que aí vêm
As marcas estão a inovar-se a cada dia que passa e, devido às exigências atuais, a tecnologia entra também nas tendências futuras. Desde o uso de inteligência artificial, a parcerias com videojogos, é isto que está a chegar à moda.
Estamos em constante atualização no mundo digital e áreas como a moda e a beleza não podem ficar de fora. No mundo dos têxteis, há novidades a chegar que podem causar estranheza, mas que talvez façam sentido.
Prepare-se para conhecer o presente e o futuro da moda.
Tendências de moda e tecnologia a chegar
E-sports, o nicho em ascensão
O diretor de tecnologia da H&M, Alan Boehme, esteve na conferência Web Summit, em Lisboa, no passado mês de novembro para falar do futuro da moda.
Como era de esperar, apontou a fusão do digital com o mundo real como o futuro do sector. A possibilidade de experimentar roupas virtuais numa representação digital exata do nosso corpo é um dos potenciais da realidade virtual para as marcas, fenómeno que, juntamente com as vendas online, pode expandir ainda mais as compras sem sair de casa.
Os jogos online são outro mercado apetecível. As gerações Z e millennials são grandes adeptas dos chamados e-sports, competições desportivas virtuais com jogadores profissionais e campeonatos internacionais. Neste mundo paralelo, jogos como o Fortnite ou o Counter-Strike:Global Offensive movem milhões, sobretudo na China, EUA, Japão e Coreia.
Enquanto as transferências do Benfica enchem as folhas dos jornais, a Puma faz acordos milionários para vestir digitalmente equipas do Campeonato League of Legends. Ou seja, o futuro já entrou na cozinha e está a abrir o nosso frigorífico. E só não está a usar os nossos chinelos porque ainda são dos arcaicos, em lã.
Em 2019, a Louis Vuitton já tinha desenhado uma coleção cápsula para o League of Legends com roupa digital e física, e novas marcas estão a surgir só com este target. Muitos destes jogadores compram estas marcas no mundo real, um cruzamento que apresenta grande potencial de consumo em duas frentes.
Blockchain e casacos que produzem oxigénio
A blockchain é outra inovação que pode vir a ter muitas aplicações novas além das criptomoedas. De forma simples, podemos dizer que é uma base de dados partilhada e autenticada por todos, o que a torna teoricamente mais segura e independente de entidades externas.
Surgiu como forma de validar pagamentos digitais com criptomoedas, mas também pode ser usada para outros fins, como localizar objetos, uma vez que todas as movimentações na rede ficam registadas de forma indelével.
Uma das lojas H&M em Berlim, a Mitte Garden lançou um serviço de aluguer de roupa que usa esta característica para localizar a roupa, a Spin Fashion, através de um código de barras. Cada peça custa entre 5€ e 9€ por dia, e a plataforma permite partilhar o look com os outros utilizadores.
A mesma tecnologia está a ser usada pelas marcas de luxo para lutar contra as falsificações. O grupo de moda italiano OTB uniu-se a um consórcio formado pela LVMH, Prada e Cartier e montaram a Aura, uma plataforma onde os consumidores podem aceder ao BI digital dos produtos numa base de dados sem qualquer hipótese de modificação.
Mais futurista e incrível (e ambientalmente responsável) só mesmo o casaco CO2AT que é capaz de produzir oxigénio e melhorar o ambiente. Foi desenvolvido pela paquistanesa Azgard em parceria com o laboratório inglês Post Carbon Lab e transforma dióxido de carbono em oxigénio graças a um sistema de pigmentação com microrganismos fotossintéticos que fazem com que o tecido do capuz se comporte como uma planta.
“Enquanto as marcas estão a pensar na próxima coleção, nós estamos a pensar em coleções de e para o futuro. Na verdade, em como o vestuário pode ser pensado daqui a 50 anos. Foi nesse sentido que produzimos algo que poderia fazer parte da coleção de 2043 de todas as marcas. Estávamos cansados de pensar em como poderíamos mudar o ‘futuro da moda’ para melhor e decidimos fazer algo a esse respeito”, afirma o CEO Ahmed Shaikh no site da marca.
A tecnologia aliada à busca de materiais mais sustentáveis na produção de roupa e calçado é sem dúvida uma das grandes tendências da década
Tecidos sem defeito
No Web Summit, António Rocha, CEO da Smartex, mostrou ao mundo sensores que detetam defeitos em tecidos, uma invenção que pode poupar muito dinheiro à indústria têxtil e ter grande benefício ambiental devido à redução de desperdício.
O sistema, que recebeu o Prémio Pitch na conferência tecnológica de Lisboa, recorre a inteligência artificial e já está a ser aplicado em duas fábricas de Barcelos.
Sapatos tecnológicos
A tecnologia aliada à busca de materiais mais sustentáveis na produção de roupa e calçado é sem dúvida uma das grandes tendências da década e assim deverá continuar.
O norte de Portugal é um dos locais mais férteis em novidades. Depois do Cactus Leather da Desserto®, do rPET (plástico PET reciclado) e do algodão orgânico, a marca portuguesa Treec, dos irmãos Filipe e Rui Silva, de São João da Madeira, está agora a criar sapatos com materiais reciclados como a cortiça, a borra do café e o plástico.